Por Padre Tiago Felipe Polonha, da Arquidiocese de Curitiba
Nesta semana da Oitava da Páscoa, vamos conversar sobre uma das minhas animações favoritas do cinema: Kung Fu Panda! Acabou de ser lançada no cinema, na semana passada, enquanto celebrávamos o Tríduo Pascal. É a quarta parte dessa franquia de comédia e aventura, que acompanha a jornada do panda Po descobrindo-se um guerreiro, um mestre e um líder espiritual do Kung Fu.
O primeiro filme foi lançado em 2008. Nele, além de conhecer Po, esse panda desajeitado que trabalha no restaurante de seu pai, conhecemos também o treinador mestre Shifu e os Cinco Furiosos – Tigresa, Macaco, Garça, Louva-a-Deus e Víbora. Eles compõem um grupo de mestres do Kung Fu que se preparam para que um deles se torne o Grande Dragão Guerreiro e receba o Pergaminho do Dragão, o segredo do poder ilimitado dessa arte marcial. De fato, há muito tempo a Vila da Paz esperava que algum mestre do Kung Fu pudesse receber esse artefato e se tornar o mais poderoso de todos.
No dia da cerimônia em que o grão-mestre Oogway vai escolher qual dos Cinco Furiosos se tornaria o Grande Dragão Guerreiro, por obra do destino, a escolha acaba caindo sobre Po, que estava num carrinho vendendo macarrão aos espectadores. Acontece que Po era extremamente desajeitado e sem potencial para as artes marciais. Porém, apaixonado pelo Kung Fu. A revolta dos Cinco Furiosos e do mestre Shifu é grande e eles tentam fazer de tudo para convencer Oogway que havia escolhido a pessoa errada.
Ainda assim, Po é acolhido entre os guerreiros e inicia seu treinamento. Acompanhamos, acima de tudo, a perseverança de Po e a aceitação dessa missão. Mesmo sem jeito nenhum, nosso panda não desiste de seu treinamento e sabe que, se foi escolhido, precisa ser digno de receber o Pergaminho do Dragão. Aos poucos, Po vai aprendendo tudo sobre a arte marcial. Mas, ao final de tudo, descobre que não existe um grande segredo para ser o Dragão Guerreiro. É a sua perseverança e dedicação que o tornam mais capacitado e somente sendo ele mesmo consegue oferecer a sua melhor versão.
No segundo filme, lançado em 2011, ainda numa jornada de autoconhecimento, o grande objetivo de Po, agora reconhecido como Dragão Guerreiro, é alcançar a paz interior. Porém, imagens de seu passado começam a retornar em seus pensamentos. Aos poucos ele vai entendendo que é o único panda do Vale da Paz porque toda sua família foi exterminada quando ele ainda era bebê. Como alcançar a paz interior vendo seu vale ser ameaçado e sabendo de todas as feridas que carregava em seu coração?
Seguindo essa história, Kung Fu Panda 3 conta a trajetória de Po para se reconectar com sua família, ao descobrir um vale secreto onde vivem outros pandas que sobreviveram ao extermínio. É assim, junto a sua família, que Po vai perceber sua verdadeira essência, para conseguir enfim se tornar o maior mestre do Kung Fu e o verdadeiro Dragão Guerreiro.
Por fim, nessa última semana, acaba de ser lançado Kung Fu Panda 4, quando Po se torna o líder espiritual de todo Vale e precisa escolher seu sucessor como Dragão Guerreiro, descobrindo o valor da amizade, do arrependimento e do perdão.
Apesar de ser extremamente engraçada, a história desse panda Po nos ensina valiosas lições que podemos usar também no nosso caminho espiritual. Enquanto os Cinco Furiosos e o mestre Shifu discutiam com Oogway sobre ter errado na escolha do Dragão Guerreiro, a tartaruga insistia que não existiam erros e tudo acontecia por uma razão. Ao longo dos outros filmes, vamos descobrindo o coração puro e perseverante do panda e tudo vai se tornando claro para a gente do porquê aconteceu como aconteceu.
A nossa caminhada de fé também é assim. Temos um Deus tão misericordioso, que conhece nosso coração e consegue ver além. Muitas vezes, não entendemos porque Deus nos chama, assim como Po não entendia porque era o escolhido. Mas se perseverarmos e formos obedientes ao Deus que nos chamou, Ele pode realizar em nós grandes obras.
Assim como o grande segredo do poder do Dragão Guerreiro sempre foi ser você mesmo, para nós, o grande segredo da nossa vida é apenas ter um coração aberto para acolher a vontade de Deus. Não existe uma fórmula mágica para a nossa Salvação. Ela foi oferecida gratuitamente por Deus.
Nesse tempo em que vivemos nossa Páscoa, essa deve ser a nossa certeza: temos um Deus que nos ama gratuitamente e que só espera de nós um coração disponível. Sem ideais impossíveis, sem invenções, apenas a confiança no Amor de Deus. É esse Deus Ressuscitado que nos guia e nos convida a sermos testemunhas de sua Ressurreição. Mesmo desajeitados, mesmo que nos pareça não possuirmos nenhum dom, tenhamos a certeza que Deus nos conhece e confia em nós. Confiemos também Nele.
Apesar de sermos pecadores e muitas vezes errarmos, sempre temos a chance de voltar ao abraço do Pai e recomeçar nosso caminho.
Deus os abençoe!
Kung Fu Panda – série de filmes
John Stevenson, Mark Osborne, Alessandro Carloni, Jennifer Yuh Nelson, Mike Mitchell
Animação/Comédia
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