Lesões por esforços repetitivos: fisioterapeuta dá dicas para criar local de trabalho seguro e prevenir

Lesões por esforços repetitivos: fisioterapeuta dá dicas para criar local de trabalho seguro e prevenir

Celebrado em julho, o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho chama atenção para um problema que perdura o ano todo: a incapacitação de milhares de trabalhadores por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), antigamente conhecidos como Lesões por Esforços Repetitivos (LER).

Segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT), em 2019, quase 39 mil trabalhadores foram afastados do trabalho devido a esse tipo de adoecimento. E entre 2007 a 2016, o levantamento Saúde Brasil 2018, produzido pelo Ministério da Saúde, apontou o crescimento de 184% de trabalhadores atingidos pela doença, principalmente em mulheres de 40 a 45 anos.

A fisioterapeuta Ana Fraga, professora do curso de Fisioterapia da Estácio, assegura que é possível prevenir os sintomas e explica o quadro clínico.

“As LER não são consideradas uma doença, são afecções do sistema músculo esquelético que apresentam sinais clínicos que variam sua intensidade, o que nos deixa aptos a melhorar nossas condições de trabalho para que elas não se desenvolvam ou até mesmo para que possamos nos prevenir e evitar que ocorram”, esclarece.

Ela explica que o termo DORT foi criado para substituir LER, pois a maioria dos trabalhadores com esses sintomas clínicos não apresenta evidência de lesão em qualquer estrutura. Além do esforço repetitivo, existem também outros tipos de sobrecarga no trabalho que podem ser prejudiciais como excesso de força, vibração excessiva de algum objeto de trabalho e as posturas inadequadas para a execução das tarefas.

“Existem alguns distúrbios mais comuns como tendinites, que podem se desenvolver em vários locais, entre eles ombro, cotovelo e punho; as lombalgias, que são dores na região lombar; e as mialgias que são dores musculares em diversas regiões do corpo”, enumera a fisioterapeuta.

De acordo com a Ana Fraga, nem toda pessoa que sente dor está com LER ou DORT, pois existem muitas patologias que geram sintomas como dormência, inchaço, cansaço, pontadas, agulhadas, e compreendem outros tipos de distúrbios. Daí a necessidade de procurar um especialista (reumatologista) a fim de obter o diagnóstico correto e traçar uma estratégia de tratamento adequada.

“Quando a pessoa é encaminhada para a fisioterapia, o profissional dessa área não tem apenas a função de tratar a LER/DORT quando já instalada, mas de informar e orientar o trabalhador a exercer suas tarefas da forma correta e segura e a manter uma postura adequada nas tarefas domiciliares ou no trabalho”, diz a profissional.

Como criar um ambiente de trabalho seguro

A professora do curso de Fisioterapia da Estácio afirma que é necessário conhecer a rotina do trabalhador, saber o tipo de atividade, o tempo que leva para realizá-la, as horas de descanso, o controle do local (como iluminação, temperatura, equipamento) para estabelecer um ambiente de trabalho seguro.

“As LER ou DORT podem ser evitadas, proporcionando um ambiente de trabalho adequado, com horários de descanso flexíveis, equipamentos adequados ergonomicamente e promoção de ginásticas laborais. A necessidade da melhora da condição de vida é um benefício para todos: empregador e empregado. Um profissional bem treinado e orientado jamais irá desenvolver esses sintomas”, adverte.

Ana Fraga salienta que normalmente as pessoas que desenvolvem LER/DORT costumam ter picos de seus sintomas ao final do dia ou em horários de mais intensidade no trabalho. Esses sintomas também podem ser exacerbados quando são realizados determinados movimentos e por isso é necessário observar o momento desses picos e quando os sintomas estão mais intensos.

“Sobretudo, devemos ter conhecimento do nosso corpo e perceber os sinais de alerta para qualquer tipo de patologia. Além disso, devemos nos conscientizar que a prevenção ainda é o melhor remédio e que, com isso, conseguimos evitar que determinadas patologias se instalem e venham a desenvolver maiores prejuízos em nosso organismo”.

A fisioterapeuta ainda sugere algumas boas práticas como pausar as tarefas e fazer alongamentos nos períodos que não prejudiquem sua produção; trocar de tarefas ao longo do dia, evitando assim os esforços repetitivos; fazer pausas de 15 a 20 minutos a cada três horas, a fim de poupar os músculos e tendões e ingerir líquidos para que todas as estruturas corporais sejam bem hidratadas, o que diminui o risco de lesões.

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