Maçonaria e Catolicismo: a preocupação de Bento XVI

Maçonaria e Catolicismo: a preocupação de Bento XVI

Ainda quando era Cardeal Joseph Ratzinger, o Papa Emérito Bento XVIque faleceu no dia 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos – expressou sua preocupação com a maçonaria, a qual considerava “o maior perigo externo para a Igreja”. Em conversa com o jornalista Robert Moynihan, editor-chefe do jornal católico Inside the Vatican, pouco tempo antes de se tornar Papa. Ainda antes, em 1983, ele escreveu sobre o história da maçonaria e a sua relação com o catolicismo, assunto que sempre rende dúvidas de fiéis, e fez a declaração para a Congregação para a Doutrina da Fé, da qual era prefeito

Católicos podem ser da Maçonaria? Como declarou o então, não é possível.

“Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão” [6].

 

Leia o que o Bento XVI escreveu sobre a maçonaria

(texto na íntegra)

Igreja Católica e Maçonaria

A maçonaria tem uma origem difícil de ser comprovada. Alguns afirmam remontar ao tempo anterior ao dilúvio de um tal Jabal, construtor contratado por Caim e Enoch. Jabal ensinou uma arte secreta para trabalhar com lâminas de ouro. Esses conhecimentos chegaram a Abraão, por meio de quem seriam transmitidos aos egípcios. Estes os transmitiram aos Judeus, que alcançaram o seu apogeu na construção do templo de Salomão. Depois da destruição do templo, o conhecimento teria passado para os cristãos. Os depositários desses segredos seriam os “quatro santos coroados” e Santo Albano na Inglaterra, o qual com a ajuda do rei Athelstan os teria codificado.

A maioria dos estudiosos não aceita essa primeira origem, ela é considerada um tanto fantasiosa. Admite-se que a origem remota da maçonaria moderna (franco-maçonaria = pedreiros livres) desenvolveu-se a partir das organizações medievais que agrupavam arquitetos, mestres- de- obras e pedreiros, os quais, por construírem castelos e igrejas eram considerados espiritualmente nobres.

Tinham como meta construir a liberdade e a tolerância e o aperfeiçoamento da humanidade. Professavam a existência de um Principio Criador, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo.

A maçonaria, conforme é conhecida até os nossos dias, foi criada em 24 de junho de 1717, como a fundação da Grande Loja da Inglaterra. Surgiu da iniciativa dos pastores protestantes ingleses James Anderson e J. T. Desaguliers. No ano de 1723, Anderson elabora a primeira Constituição maçônica. A partir de então a maçonaria adotou uma forma de organização política que deveria conservar daí por diante.

Durante o século XVIII surgiram lojas na Europa e na América. Com o tempo os maçons tornaram-se anticlericais, sendo por isso, excomungados pela Igreja Católica (1738). Após a cisão que resultou na fundação do Grande Oriente, na França, em 1773, a maçonaria alcançou o apogeu, tendo importante papel nos acontecimentos da Revolução Francesa.

A maçonaria tem como principio professar as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros é cristã, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo poderá ser o Alcorão, o Tora, o livro de Maomé, os Vedas etc., de acordo com a religião de seus membros.

Em 24 de abril de 1738, o papa Clemente XII escreve a encíclica IN EMINENTI, em que condenou abertamente pela primeira vez a maçonaria. A partir dessa palavra oficial da Igreja foi proibido aos católicos pertencer á maçonaria.

Nos séculos seguintes inúmeros papas confirmaram essa mesma posição por meio de diferentes documentos:

  • Benedicto XIV, Providas, 18 de maio de1751.
  • Pio VII, Ecclesiam a Jesu Chisto, 13 de setembro de 1821.
  • LeãoXII, Quo Graviora, 13 de março de 1825.
  • Pio VIII, Traditi Humilitati, 24 de maio de 1829.
  • Gregório XVI, Mirari Vos, encíclica, 15 de agosto de 1832.
  • Pio IX, Qui Pluribus, encíclica, 9 de novembro de 1846.
  • Leão XIII, Humanum Genus, encíclica, 20 de abril de 1884.
  • Leão XIII, Dall Alto Dell Apostólico, Seggio, encíclica, de 15 de outubro de 1890.

A encíclica HUMANUM GENUS, escrita por Leão XIII, é um das mais fortes e extensas no que diz respeito a indicar os erros da maçonaria e sua incompatibilidade com a doutrina cristã. O papa ensina, nessa encíclica, que a Igreja católica e a maçonaria são como dois reinos em guerra.

Entre os pontos principais apresentados por Leão XIII sobre os erros da maçonaria, destacam-se:

  • A finalidade da maçonaria é destruir toda ordem religiosa e política do mundo inspirada pelos ensinamentos cristãos e substituí-las por uma nova ordem de acordo com suas ideias.
  • Suas ideias procedem de um mero “naturalismo”. A doutrina fundamental do naturalismo é a crença de que a natureza e a razão humana devem guiar tudo.
  • A maçonaria apresenta -se como religião natural do homem. Por isso afirma ter sua origem no começo da história da humanidade.
  • O conceito de DEUS é diferente daquele apresentado na Bíblia e na doutrina católica. Para a maçonaria, DEUS é um conceito filosófico e natural. DEUS passa a ser a imagem do homem. Por isso, não existe uma clara distinção entre o espírito imortal do homem e DEUS.
  • A maçonaria nega a possibilidade de DEUS ter ensinado algo.
  • Não aceita ser entendida pela inteligência humana.
  • A maçonaria estimula o sincretismo religioso, isto é, a mistura das mais diferentes crenças.
  • A maçonaria compara a Igreja católica a uma seita.

Em 1917, no antigo CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO (lei oficial da igreja), a maçonaria foi comparada explicitamente:

CÂNON 2.335: Pessoas que entram em associações da seita maçônica, ou outra do mesmo tipo que conspire contra a Igreja e a autoridade civil legítima, recebem excomunhão simplesmente reservada á Sé Apostólica.

Em 17 de fevereiro de 1981, a Sagrada Congregação para a doutrina da fé divulgou uma orientação para os católicos sobre a maçonaria, em que reafirma a posição tradicional da Igreja.
O Código de Direito Canônico atual, publicado em 1983, não fala de modo explícito da maçonaria, somente dá uma orientação geral contra esse tipo de associação:

CÂNON 1.374: Quem der nome a uma associação, que maquine contra a igreja, seja punido com justa pena; quem promover ou dirigir tal associação seja punido com interdito.

Por não falar da maçonaria, alguns católicos, pensaram que esse cânon não se aplicasse a ela. Surgiu um impasse: teria acabado a proibição para os católicos participarem das lojas maçônicas? Para esclarecer essa dúvida, em 26 de novembro de 1983, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Declaração sobre as Associações maçônicas,

QUAESITUM EST:

“Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a respeito da maçonaria pelo fato de que no novo Código de Direito Canônico ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior.
Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério redacional seguido também quanto ás outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.

Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem ás associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão. Não compete ás autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas com juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de fevereiro de 1981″( cf. AAS 73,1981,pp. 240-241).

O Sumo Pontífice João Paulo II, durante audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação.

Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de novembro de 1983.
Joseph Card. Ratzinger.
PREFEITO
Fr. Jérôme Hamer, O.P.
SECRETÁRIO.

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Comentários

  • Gostei muito e estou aprendendo bastante
  • Tatyana Casarino
    Acredito que o ateísmo, as ideologias políticas, o naturalismo, o sobrenaturalismo e o relativismo moral (a ideia de que vale tudo pela "felicidade" e de que não é possível defender uma moralidade única) são muito mais perigosos como inimigos externos para a Igreja do que qualquer associação. Os inimigos invisíveis são mais perigosos. O relativismo moral e o ateísmo têm tirado muito mais fiéis que qualquer associação. Dica de livro sobre os inimigos do sistema orgânico da Igreja: O que significa o Santuário de Schoenstatt?
  • eliane
    pessoas catolica podem se casar com alguem que e maconico

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