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Apesar de isoladas por paredes e portões que as distanciam das cidades e das pessoas, numa reclusão voluntária, as 19 irmãs carmelitas do Carmelo Nossa Senhora da Assunção e São José, em Curitiba, capital do Paraná, não estão à margem do mundo. Por meio de aplicativos como o WhatsApp, elas se conectam com familiares e prestadores de serviços para garantir o bom funcionamento da ordem e a sua vocação.
Quem conta os detalhes é a Irmã Vânia. Segundo ela, a internet está à disposição das carmelitas há alguns anos e, desde 2018, o aplicativo de troca de mensagens WhatsApp passou a ser disponibilizado para uso. Mas tudo de acordo com o regramento do Carmelo.
“São celulares coletivos, para uso de todas, pelo qual, de modo controlado, elas podem dar e obter notícias de familiares”, conta a religiosa.
Logo que o aplicativo foi instalado nos telefones da ordem, porém, as irmãs hesitaram em utilizá-lo. Afinal, como lembra Irmã Vânia, os contatos com o mundo exterior são limitados, restritos à realização de exames e procedimentos médicos que não possam acontecer dentro do próprio espaço. Além desses momentos, há contato para o exercício da cidadania. Sim, por se tratar de uma obrigação no Brasil, as carmelitas cumprem, a cada dois anos, o seu dever de votar.
“Só com o tempo elas perceberam que poderia ser bem útil. Não somente para o diálogo com a família, mas também para entrar em contato com prestadores de serviços e divulgar as ações da Ordem. Enviamos a mensagem, seguimos com a nossa rotina de orações, e depois verificamos a resposta. Ou seja: não atrapalha em nada o nosso dia a dia”, detalha Irmã Vânia.
A prática de orações no Carmelo Nossa Senhora da Assunção e São José segue intensa. O dia das carmelitas começa às 4h40 e cada badalar do sino indica o chamado para um novo momento de oração, seja ele rezado ou cantado em coro. Cerca de duas horas diárias também são dedicadas à contemplação, uma oração individual e silenciosa que acontece ainda no período da manhã.
O restante do tempo das irmãs é comprometido com afazeres da própria ordem e para a produção de bens que geram rendas extras para a realização das atividades evangelizadoras do Carmelo.
“Seguimos firmes na clausura, dedicadas à oração para nos aproximar ainda mais de Deus. A tecnologia chegou para facilitar a rotina da ordem, mas não para mudá-la. Temos um regramento, que é respeitado. O WhatsApp está à nossa disposição, mas nós estamos à disposição de Deus e isso não vai mudar”, resume a religiosa.
Foi no ano 1954, quando do Jubileu de Nossa Senhora, pelo primeiro centenário do Dogma da Imaculada Conceição, que surgiu a ideia de um Carmelo em Curitiba.
Em 11 de fevereiro de 1960, o Arcebispo Dom Manoel celebrou uma Santa Missa para a fundação do Carmelo na capital paranaense. Foram anos de trabalho e privações, com a divisão da obra em duas etapas. Enquanto construía-se a ordem, a comunidade edificava-se com o crescimento pessoal de cada irmã, assim como a quantidade de integrantes também aumentava. Em 15 de outubro de 1976, o Carmelo ficou finalmente pronto.
A Ordem dos Carmelitas surgiu no final do século XI, na região do Monte Carmelo, onde hoje fica o Estado de Israel. Há no local, desde 1892, o Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Carmelo. A palavra carmelo significa jardim.
De acordo com o site do Carmelo Nossa Senhora da Assunção e São José, “ser carmelita é ser um coração orante, que diariamente eleva a Deus um sacrifício de louvor… No Carmelo, a oração é a obra principal, a ocupação primordial, o fim ao qual tudo converge durante o dia, o centro ao qual tudo gravita. No Castelo interior, diz-nos Santa Teresa: ‘Todas que trazemos este hábito sagrado do Carmelo somos chamadas à oração e contemplação porque este foi o nosso princípio’. O Carmelo é escola de oração.”
O dia de Nossa Senhora do Carmo (ou Nossa Senhora do Monte Carmelo) é celebrado em 16 de julho.
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