Você já ouviu falar em Metaverso? O termo indica um mundo virtual, em que é possível simular a realidade offline. Isso significa, em outras palavras, que é possível criar um mesmo lugar real, mas no mundo online, com aspectos e elementos característicos dessa realidade. Existem várias plataformas do metaverso: algumas bastante conhecidas são Decentraland, The Sandbox e Axie Infinity.
Apesar de parecer algo de um futuro distante, é algo que já está acontecendo. Muitas empresas, por exemplo, já adotaram o metaverso como ambiente de trabalho, e a possibilidade de vivenciar experiências únicas e impossíveis antes está se tornando realidade. E como a Igreja Católica encara esse novo mundo?
Recentemente, uma empresa anunciou que disponibilizaria uma galeria com um imenso acervo de peças católicas de maneira digital, além da entrada do Vaticano no metaverso para que pessoas possam ter acesso a esses materiais. O próprio Vaticano não negou ou confirmou a possibilidade, porque o assunto é delicado e divide opiniões.
Isso porque, ao mesmo tempo que democratiza o acesso a conteúdos católicos, o metaverso ainda é desconhecido e não pode ser considerado um espaço de venda de relíquias, por exemplo.
O compartilhamento e a vida em comunidade aproximando pessoas com pensamentos em comuns é uma característica do metaverso. Portanto, é possível pensar como um espaço de troca e compartilhamento da fé e da religião católica, como esta criança de 10 anos que evangeliza pelo Minecraft.
Exemplo disso é que um católico brasileiro, que mora nos Estados Unidos, poderia frequentar a Santa Missa em português dentro do espaço virtual. A experiência no metaverso, portanto, possibilitaria o contato de fé em diferentes lugares e com diferentes pessoas. Seria possível aumentar as possibilidades de viver na Igreja e melhorar a integração entre os indivíduos.
Essa realidade aproxima o fiel e consegue promover a evangelização de maneira eficiente e para cada vez mais pessoas, no sentido real do “Ide e evangelizar!”.
Da mesma maneira, ao pensar pela perspectiva de jovens, a evangelização via metaverso pode alcançar muitos que estão distantes da Igreja, afinal de contas, as gerações mais novas estão muito mais adaptadas a essa forma de participação e convívio social que as demais.
Ao mesmo tempo, é possível no metaverso ser ou parecer algo que não se é na verdade. A prática da caridade, do bem, da oração e da fé, por exemplo, podem ser apenas armadilhas de pessoas anônimas e que podem praticar o mal.
Outro ponto negativo é que a paróquia virtual, por exemplo, não permite a vida real em comunidade, afastando-nos uns dos outros e da própria fraternidade. Como no mundo virtual ninguém precisa expor suas fragilidades e ter compaixão de verdade, as pessoas acabam afastadas do próprio sentido da irmandade.
Também não é possível ter a comunhão, os momentos de reflexão da liturgia e os espaços para participação ativa, tal como estabelecido no Concílio Vaticano II:
“É por isso que a Igreja se esforça empenhadamente para que os fiéis cristãos não assistam a este mistério da fé como espectadores estranhos ou mudos, mas que, compreendendo-o bem nos seus ritos e preces, participem consciente, ativa e piedosamente na ação sagrada, sejam instruídos pela Palavra de Deus, se alimentem à mesa do Corpo do Senhor, dêem graças a Deus; oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas, também, em união com ele, aprendam a se oferecer a si mesmos e, por Cristo mediador, dia a dia sejam consumados na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos” (Sacrosanctum concilium, SC, 48).
É difícil ainda saber se o metaverso irá ou não alcançar resultados eficientes. O doutor em computação e docente universitário Carlos Eduardo Andrade Iatskiu explica que já existem elementos do metaverso no dia a dia, mas que a realidade offline ainda prevalece muito.
“A tecnologia avança rapidamente, só que não alcança todos os indivíduos ainda. Para que o metaverso realmente saia da teoria, é necessário um ecossistema das tecnologias, softwares e plataformas, que farão sentido para toda a comunidade. Antes disso, será realmente apenas um projeto distante”, confirma.
O professor também explica que a inteligência artificial (tecnologia que dá vida ao metaverso) segue em estudos frequentes, evoluindo a cada momento. Porém, ainda há muito espaço para evolução. “O futuro da Inteligência Artificial abre espaço para muitas inovações em todos os campos, inclusive no catolicismo. Só que todas elas ainda dependem de novas tecnologias e de diversas pesquisas sobre o tema. Essa realidade pode ser imediata, como também pode demorar muito para ser concluída”, finaliza.
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