A história mostra como lugares altos foram vistos como espaços de encontro entre o céu e a terra, onde o ser humano se eleva para ouvir a voz de Deus. Montanhas como o Tepeyac, o Monte Saint-Michel e Montserrat são símbolos de fé e contemplação.
Na Bíblia, alguns montes se destacam de modo especial e entre eles está o Monte Sinai, que tem 2.285 metros de altitude, local de um dos momentos mais marcantes da história da salvação.
O Monte Sinai, também chamado Monte Horeb em alguns textos bíblicos, é uma das montanhas mais sagradas. Foi ali que Moisés recebeu de Deus os Dez Mandamentos, que selou a aliança entre o Senhor e o povo de Israel.
O livro do Êxodo narra que, após libertar o povo da escravidão no Egito, Deus escolheu o Sinai como o lugar para revelar Sua Lei divina, não como imposição, mas como expressão de amor e caminho de liberdade.
“Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor tinha descido sobre ele no meio de chamas; o fumo que subia do monte era como a fumaça de uma fornalha; e toda a montanha tremia com violência” (Êxodo 19,18).
Moisés lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites em diálogo com o Altíssimo. Ao descer, trazia nas mãos as tábuas da Lei e, no rosto, o brilho da presença de Deus. O Sinai é o monte da revelação e da escuta, onde a Palavra de Deus se transforma em aliança.
Na visão cristã, o Monte Sinai antecipa o mistério da Nova Aliança. O Antigo Testamento apresenta o Sinai como o lugar onde Deus escreve sua Lei em pedra. O Novo Testamento mostra Cristo escrevendo-a nos corações. A Carta aos Hebreus recorda essa passagem entre a antiga e a nova aliança:
“Vós vos aproximastes do monte Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste” (Hb 12,22).
Assim como Moisés subiu ao Sinai para ouvir a voz de Deus, Jesus sobe ao monte das Bem-Aventuranças para proclamar a Boa-Nova. A mensagem do Sinai não desaparece. Na verdade, ela se cumpre. A Lei dada a Moisés alcança sua plenitude em Cristo, que transforma a obediência em amor e a norma em caminho de santidade.
Na tradição católica, o Sinai é também símbolo da vocação missionária do povo de Deus: assim como Israel recebeu ali sua missão de ser “luz para as nações”, a Igreja é chamada a levar a Palavra ao mundo inteiro.
Cerca de 750 degraus abaixo do pico do Monte Sinai, há uma plataforma que a tradição identifica como o lugar onde Aarão e os setenta anciãos de Israel aguardaram, enquanto Moisés subia para receber as Tábuas da Lei (cf. Êxodo 24,13-14). Foi ali que o povo testemunhou a presença divina no alto da montanha, envolta por nuvens, fogo e trovões. Os degraus, hoje parte da trilha dos peregrinos, recordam o caminho da obediência e da espera, símbolos da fé que confia mesmo sem ver.
Próximo desse ponto há uma pequena gruta conhecida como o “Retiro de Elias”. Conforme relato bíblico, o profeta Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites pelo deserto até o Horeb, o monte de Deus, e ali se refugiou numa caverna, onde ouviu a voz do Senhor m, não no vento, nem no terremoto, nem no fogo, mas no murmúrio de uma brisa leve (cf. 1Rs 19,8-12). Monges e peregrinos a visitam como lugar de oração e contemplação.
A noroeste do cume principal ergue-se o Monte Safsafa (ou Monte Safsaf), associado à presença de eremitas bizantinos que, entre os séculos IV e VII, viveram em austeridade e oração na região do Sinai. Entre eles, estavam São Gregório do Sinai e São João Clímaco, autor da obra espiritual A Escada do Paraíso, que comparava o caminho da santidade a uma subida de trinta degraus rumo à união com Deus.
Monte Safsafa
Aos pés do Sinai está a planície de Ar-Ra‘ah (também grafada Er-Raha), um amplo vale desértico onde, segundo a tradição, os israelitas acamparam durante a revelação e onde Moisés ergueu o primeiro tabernáculo (cf. Êxodo 33,7-11). Essa planície é o ponto de partida das peregrinações que conduzem os fiéis até o cume. Nela, celebram-se liturgias ao amanhecer, para relembrar o momento em que o povo de Deus contemplou o Sinai envolto na presença do Senhor.
Mosteiro de Santa Catarina aos pés do Monte Sinai
O que aconteceu e como é o Monte das Oliveiras, citado na Bíblia
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