Mortes por alergia alimentar: quais cuidados devemos ter?

Mortes por alergia alimentar: quais cuidados devemos ter?

A morte precoce de uma jovem de 24 anos, ocorrida no início deste ano, trouxe um alerta sobre as alergias alimentares. Jess Prinsloo, de Wiltshire, na Inglaterra, morreu depois de usar uma colher com resquícios de leite para misturar um chá. Ela tinha alergia à proteína do leite da vaca (APLV) desde os nove meses de idade e foi vítima de uma crise aguda. No episódio, os antialérgicos não foram suficientes e a moça morreu um dia após sua internação.

A situação trouxe à tona a discussão e reflexão sobre o que fazer em casos de choque anafilático e quais os cuidados necessários para quem tem alergia alimentar identificada. Antes de tudo, é preciso ter consciência que a alergia alimentar ocorre quando nosso sistema imunológico classifica determinado alimento como um agressor ao nosso organismo. Por isso, quando ingerido, há uma reação alérgica.

A médica pediatra Raquel Caleffi destaca que pesquisas apontam que cinco em cada 100 crianças têm alergias alimentares e, em adultos, o registro é de 3% a 4%.

“É um número alto de crianças que podem ter alergias. E é um risco porque muitos não apresentam sintomas ou os pais não os observam quando acontecem”, destaca.

 

Intolerância x Alergia

Há diferenças entre alergia alimentar e intolerância alimentar. As manifestações da primeira ocorrem, em sua maioria, minutos depois da ingestão de algum alimento ou contato com as propriedades do alimento. Elas podem ter graus moderados, graves e até fatais, como já citado. Essas manifestações podem ser:

  • Cutâneas (na pele e mucosa).
  • Respiratórias.
  • Gastrointestinais.
  • Cardiorrespiratórias.

Já as intolerâncias referem-se a uma resposta do organismo para a ingestão de determinados alimentos, dificultando o processo digestivo. Podem surgir a qualquer momento, sendo mais frequentes conforme envelhecemos. Ou seja, é possível ter passado grande parte da vida sem nenhuma intolerância e, com o passar dos anos e estímulos, desenvolvê-la. Como uma das etapas necessárias para digerir os alimentos é a absorção dos nutrientes, quando o organismo tem incapacidade ou dificuldade de absorver esses nutrientes há o desconforto que pode gerar diversos sintomas, como:

  • Cólicas.
  • Enxaquecas.
  • Tontura.
  • Náuseas.
  • Diarreia.
  • Prisão de ventre.
  • Fadiga.

 

Tratamento para alergias

Para quem possui alergia alimentar identificada, o tratamento mais eficiente é, de fato, prevenir o surgimento da reação alérgica. Mas, caso o contato com o alérgeno ocorra, a orientação da pediatra é o socorro rápido, que inclui a aplicação imediata de adrenalina através de um autoinjetor, cuja ação é bastante rápida.

“Vale lembrar que, normalmente, nos casos de alergias identificadas, os pacientes recebem planos de ações médicas com diretrizes em caso de contato com o alérgeno. Ou seja, eles aprendem como agir imediatamente. Além disso, o antialérgico deve estar sempre junto do indivíduo, para casos de necessidade”, completa a pediatra.

 

Cuidado e atenção com os alimentos

As alergias ou intolerância mais comuns são do leite de vaca, ovo, amendoim e frutos de casca rija (“frutos secos”), peixe, marisco, trigo, soja, glúten e sésamo.

Desse modo, como recomendação preventiva, a sugestão é que o indivíduo com alergia alimentar identificada, bem como seus amigos e familiares, esteja atento sempre aos ingredientes presentes em determinado produto ou prato, já que, por vezes, a presença do alérgeno não é evidente e, mesmo em uma porção pequena, pode causar reação.

É ainda preciso lembrar que pode ocorrer a ‘contaminação cruzada’ – quando há contato com outros alimentos que possuem o alérgeno – é tão perigosa quanto a ingestão direta dele e, por isso, deve ser combatida com cuidados constantes.

Para evitar esse tipo de ocorrência, a pediatra recomenda sempre:

  • A lavagem constante das mãos durante a manipulação dos alimentos;
  • O indivíduo portador da alergia não deve compartilhar utensílios na hora da refeição;
  • O contato direto ou indireto com alimentos potencialmente alérgenos devem ser evitados sempre, sem exceções;
  • Descartar: dividir utensílios durante a preparação ou distribuição das refeições, utilizar as mesmas bancadas ou suportes para manipulação dos alimentos, bem como a reutilização de óleo ou água para o preparo alimentar.

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