“Viva a Mãe de Deus e nossa/ sem pecado concebida!/
Viva a Virgem Imaculada,/ a Senhora Aparecida!”.
Em outubro de 1717, a população de Guaratinguetá, em São Paulo, se organizava para receber o governante da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, que viajava para Vila Rica. Para que houvesse comida suficiente para a festa, pescadores se dirigiram com suas redes para o Rio Paraíba do Sul. Três deles – Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves –, sabendo que não era um bom mês para a pesca, fizeram uma oração para Nossa Senhora antes de lançar a rede.
Os peixes não vieram, mas, em seu lugar, estava na rede recolhida uma imagem cor de canela de Nossa Senhora, na qual faltava a cabeça. João Alves, muito emocionado, lançou a sua rede mais uma vez, e surpreendentemente, lá estava presa a cabeça, que encaixava perfeitamente no corpo antes recolhido. Neste dia, a padroeira do Brasil recebeu seu primeiro manto: as mãos calejadas de um pescador, homem do povo. Também ali efetuou sua primeira manifestação de proteção; as redes, daquele momento em diante, voltaram lotadas de peixes para os festejos.
Foi também entre pessoas do povo que a padroeira permaneceu por quinze anos, em um altar improvisado dentro de um casebre. A imagem ficou hospedada na casa de Filipe Pedroso e ali todos se reuniam para rezar e pedir a intercessão de Nossa Senhora junto a Jesus. Sua devoção se espalhou e vinham pessoas de todo País visitá-la.
Poucos sabem que a devoção a Nossa Senhora Aparecida passou também pela família real brasileira. O próprio Dom Pedro I, em 1822, foi até ela e fez suas preces, prometendo declarar Nossa Senhora Aparecida a protetora do Brasil.
Em 1843 e em 1865, Dom Pedro II também esteve na capela. Já a Princesa Isabel esteve, por duas vezes, perante a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Documentos registram pelo menos duas visitas suas à santa.
Foi a princesa que presenteou a Mãe de Deus, em 1868, com um manto com belos bordados, representando os então vinte e um estados brasileiros. Em 1884, ela também lhe entregou a sua primeira coroa feita de ouro com 24 quilates e cravejada de diamantes. Com ela, foi realizada a Coroação de Nossa Senhora Aparecida, em 1904. A coroa é o símbolo da realeza de Maria, Mãe do Redentor da Humanidade.
Os ornamentos e os bordados no manto de Nossa Senhora Aparecida sempre trouxeram consigo forte simbologia. Nele está a bandeira do Vaticano unida à do Brasil, entrelaçando a Igreja Brasileira e o Papa.
Fotografia Religiosa/Edna Vieira
Em nada, entretanto, o dourado e a riqueza dos brocados muda na essência da sua devoção. A aparição de Nossa Senhora em 1717, na pequena Guaratinguetá, nos lembra que a Mãe de Deus segue se comunicando diretamente com a alma, com a fé e com a esperança do povo, principalmente os mais humildes.
Devemos sempre nos lembrar do conhecido milagre das correntes que se romperam das mãos do negro escravizado fugitivo Zacarias, que, capturado e acorrentado por correntes, ao passar pela capela de Nossa Senhora Aparecida, ajoelhou-se para rezar perante a Mãe. Também é conhecida a passagem em que a própria Princesa Isabel, caminhando para a capela onde ficava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, encontrou um negro escravizado chamado José, em prantos, porque peregrinou até Aparecida e rezou diante dela pedindo a liberdade, mas suas correntes não se romperam. A princesa, comovida, pediu a alforria de José.
A identificação popular com a mãe de Jesus, naquela imagem retirada do fundo do rio em um momento de grande necessidade de pessoas humildes, certamente contribuiu para o crescimento da devoção. Como nos lembra o Padre Júlio J. Brustoloni em seu livro História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida – a imagem, o santuário e as romarias (Ed. Santuário):
“Nos humildes e pobres pescadores e na imagem enegrecida e machucada, o povo brasileiro viu-se identificado, como se tudo isto fosse cópia de sua própria vida e existência”.
Fotografia Religiosa/Renata Gabrielle
Três anos atrás, em um texto que escreveu para o portal católico Aleteia, o Padre Reginaldo Manzotti nos contou sobre a intercessão de Nossa Senhora Aparecida pela sua própria vida, após uma oração da sua mãe:
“Faço questão de celebrar e exaltar, pois sou fruto e testemunha viva do poder intercessor de Nossa Senhora Aparecida. Sou o milagre vivo de uma oração de minha mãe que, ao me ver nascer sufocado pelo cordão umbilical, após ter sido batizado às pressas, fui consagrado a Nossa Senhora Aparecida. Em minha alma trago eterna gratidão: nos lábios, os louvores e no meu segundo nome, a marca daquela que intercedeu a Jesus e salvou minha vida: meu nome de batismo é Reginaldo Aparecido Manzotti.
Não há um momento da minha vida que eu não consiga enxergar Nossa Senhora me protegendo e amparando. E não consigo compreender como em alguns momentos alguém pode duvidar da intercessão de Nossa Senhora. Nós temos uma Mãe, não somos órfãos e se uma mãe aqui da terra tira da boca para dar a seus filhos, imaginem Nossa Senhora que é toda santa, pura, imaculada e repleta de amor. (…).
Diante da minha gratidão e devoção por Nossa Senhora e com tantos testemunhos de fé, em 2013, Deus me deu a Graça de homenagear nossa Mãe com uma composição. A música “PROTEJA-ME OH! MÃE”. É uma oração em forma de música, para que todos possam clamar por Nossa Senhora e ao mesmo tempo agradecer a sua proteção”.
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