Nossa Senhora dos Navegantes: um porto seguro onde chegar

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Frágeis embarcações cruzavam o Mar Mediterrâneo no final da Idade Média, levando os cruzados que iam combater na Terra Santa. Além dos inimigos, esses homens enfrentavam perigos naturais graves, como ondas gigantes e tempestades que podiam levá-los ao naufrágio. Os recursos e equipamentos de navegação eram muito precários e eles não sabiam se retornariam com vida.

Eles, então, colocavam as suas vidas nas mãos de Nossa Senhora para que ela os guiasse por seus caminhos até o porto seguro para onde deveriam rumar.

Durante a viagem, era comum que os marinheiros se orientassem pelo sol durante o dia, e pelas estrelas durante a noite. Neste momento, suas almas se voltavam para a Virgem Maria, “Stella Maris” ou “Estrela do Mar”, Senhora dos Navegantes, que os orientava nas “noites escuras” das viagens.

Assim nasceu a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, que acompanharia, ao longo dos anos, marinheiros portugueses e também espanhóis, quando se lançavam aos mares para conquistar novos mundos, protegendo-os contra os perigos do mar e os socorrendo nas tempestades.

À época, toda expedição era precedida de uma missa, na qual os marinheiros pediam amparo e proteção. Muitos navios também carregavam na proa uma efígie de Nossa Senhora como garantia de boa sorte em sua jornada.

Nossa Senhora dos Navegantes: um porto seguro onde chegar

A devoção no Brasil e no mundo

No Brasil, a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes chegou com os portugueses e virou uma tradição não só entre os marinheiros, mas também entre os pescadores e habitantes das cidades litorâneas do Brasil.

Sua imagem é representada por Maria em pé dentro de um barco segurando o Menino Jesus no colo.

Muitas são as comunidades paroquiais e cidades que têm Nossa Senhora dos Navegantes como padroeira no País. Santos (SP), Cananéia (SP), Penedo (AL), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS) são alguns dos municípios que prestam, no dia de hoje, homenagens especiais à Nossa Senhora dos Navegantes. Também em Santa Catarina várias cidades mantêm a devoção, com Igrejas ou capelas dedicadas à devoção.

Em cada um desses lugares, pescadores seguem fazendo orações a Nossa Senhora dos Navegantes antes de irem para o mar buscar seu sustento. Por conta disso, a grande maioria das Igrejas e Capelas dedicadas a
Nossa Senhora dos Navegantes estão situadas no litoral do Brasil.

Na capital gaúcha, durante a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, inúmeras embarcações desfilam pelo Rio Guaíba lançando flores nas águas. A festa da padroeira de Porto Alegre simboliza a fé dos devotos que estão espalhados pelo Rio Grande do Sul e por todos os cantos do País, que se reúnem para homenagear a santa. A procissão atrai milhares de fiéis para as ruas porto-alegrenses.

Em 2017, o Padre Reginaldo Manzotti encerrou a 142ª Festa de Nossa Senhora dos Navegantes na capital, com a realização de missa campal no largo do Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes e um momento de evangelização pela música.

Ainda hoje, em Portugal, Nossa Senhora dos Navegantes é festejada. Em Cascais, a população reúne-se na Baía de Cascais para uma mostra gastronômica e artesanal e queima de fogos de artifício. Ao final, realiza-se uma procissão pelas ruas, com barcos saindo até meio da Baía, onde acontece a benção do mar e da vila.

Padre Reginaldo Manzotti na 142ª Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre/RS (Foto: Felipe Gusso)

Jesus, o porto seguro

A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes nos recorda o quanto podemos confiar na Virgem Maria como nossa intercessora, como uma estrela luminosa que sempre nos guiará até Nosso Senhor Jesus Cristo

Quantas vezes nos sentimos, diante das intempéries da vida, como barcos frágeis, perdidos em uma tempestade? Como diz a letra da canção “A tempestade vai passar”, interpretada pelo Padre Reginaldo Manzotti: “Nesse bravo mar da vida, ventos vêm me atormentar. Nesta rocha firme e forte que é meu Deus, não temerei, nele posso confiar”.

Também nós, não somente pescadores e marinheiros, atravessamos mares bravos em barcos inseguros. Também nós, portanto, quando precisamos de uma estrela-guia, de uma luz que nos leve até Deus, podemos chamar por Nossa Senhora dos Navegantes.

Maria é o mapa que nos conduz, no escuro da noite, e nos leva para a luz de Deus.

Felipe Gusso

São Bernardo de Claraval, monge e Doutor da Igreja, nos traz a seguinte reflexão sobre Nossa Senhora:

“Nos perigos, nas angústias, em todos os momentos de dúvida, pensa em Maria, invoca Maria. Que este nome sagrado não se afaste do teu coração e não falte jamais nos teus lábios. Seguindo esta Estrela, não te desviarás. Se a invocares com humildade, não desesperarás. Se pensares em Maria, não errarás. Se ela estiver contigo, não cairás. Se te proteger, nada temerás. Com ela, como guia, não te fatigarás. Se te for propícia, chegarás à meta, firme e seguro. Quem quer que sejas, sacudido pelo vendaval das tempestades deste mundo, sentindo a terra como um mar devorador, não afastes os olhos do fulgor desta Estrela. Quando soprar o vento tempestuoso e traiçoeiro da tentação, quando te sentires batido contra os escolhos perigosos da tribulação, olha para a Estrela e invoca Maria. Se te açoitarem as ondas da soberba, da inveja, da maledicência, olha para a Estrela, invoca Maria. Quando sentires a ira, a avareza, a carne e a tristeza tentarem fazer soçobrar a barquinha frágil de tua alma, olha para a Estrela, invoca Maria…”

Qualquer que seja a tempestade, pensar na Virgem Maria é sempre caminhar para a bonança em Deus.

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