“Números” é um dos livros da Bíblia. Pelo nome, é natural imaginar que o livro seja uma longa lista de contas e estatísticas. De fato, há muitos dados por ali — mas o conteúdo vai muito além. Trata-se de uma das narrativas mais intensas do Antigo Testamento: a peregrinação do povo de Israel pelo deserto em direção à Terra Prometida.
É um livro de histórias e leis, combinados: destaca censos, organização social, rebeliões e milagres como elementos que moldam a comunidade de Deus e ensinam a viver com ordem e graça mesmo em meio às provas. O tema central é a caminhada espiritual: não se trata de onde estamos, mas de onde buscamos estar com Deus.
O título “Números” vem da tradução grega da Bíblia (Septuaginta), que chamou o livro de Arithmoi — uma referência aos dois grandes censos do povo hebreu realizados no início (Nm 1) e no final (Nm 26) da jornada pelo deserto. Esses registros contavam os homens em idade militar e organizavam as tribos para a marcha e a batalha.
Na tradução latina da Bíblia (Vulgata), o nome foi mantido como Numeri, e assim chegou às versões em português. Porém, o nome original hebraico do livro é בְּמִדְבַּר (Bemidbar), que significa “No deserto” — e esse nome diz muito sobre seu conteúdo e mensagem central.
O livro de Números narra cerca de 40 anos da história do povo de Deus, desde a saída do Sinai até a chegada às portas de Canaã. É um caminho cheio de desafios, rebeliões, quedas, milagres e recomeços.
Durante a caminhada, o povo reclama, murmura, se rebela. Contudo, também aprende, cresce e experimenta a fidelidade de Deus. O deserto se torna um lugar de purificação, amadurecimento e intimidade com o Senhor.
No livro, são citados: o envio dos 12 espiões a Canaã (Nm 13–14); as serpentes abrasadoras e a serpente de bronze (Nm 21,4-9); a bênção de Balaão (Nm 22–24); as águas de Meribá, onde Moisés fere a rocha (Nm 20), por exemplo.
Essas histórias são retomadas no Novo Testamento. Jesus, por exemplo, faz referência à serpente de bronze em João 3,14 e a compara à sua própria elevação na cruz. O deserto é esse lugar de provações e também de experiências únicas com Deus. É nele que aprendemos a confiar, a depender, a obedecer — mesmo quando tudo parece árido.
Como está no Youcat, Catecismo Jovem da Igreja Católica (n. 9): “a fé é como uma travessia pelo deserto. Pode haver momentos de dúvida e desânimo, mas o importante é continuar caminhando”.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.