Você sabe ficar em silêncio? Para a maioria das pessoas, silenciar e ficar em meio ao silêncio são verdadeiras missões impossíveis. Grande parte delas entende o silenciar como o ato de não emitir som. Mas o silêncio tem um sentido muito mais amplo e tem a ver também com o relacionamento com Deus, como explica o diácono Paulo Pacheco, que é supervisor do Aconselhamento Espiritual da Obra Evangelizar É Preciso.
“A exemplo de Jesus Cristo, que se recolhia para estar em contato com o Pai, estamos falando do silenciar no sentido de esvaziar-se, permitir por meio desse ato sermos preenchidos com Deus em nosso coração”, contextualiza.
Podcasts, TV, trânsito, redes sociais, conversas a todo momento. As pessoas estão tão acostumadas com os ruídos, em estar com a mente sempre agitada e cheia de informações e pensamentos desordenados, que muitas vezes o silenciar pode mesmo assustar. Uma explicação é que é exatamente nesse exercício que o indivíduo se confronta com os “monstros” que povoam o viver e a mente. Aquelas ideias, lembranças ou pensamentos que, na maioria das vezes, parece mais confortável evitar e deixar quietas “nos seus lugares de esconderijo”.
Porém, esse é um grave erro, como explica o diácono, uma vez que só se consegue vencer aquilo que se conhece. Por meio do silêncio como prática, é possível evidenciar a purificação dos sentidos e se esvaziar para permitir que Deus ocupe os espaços.
“Conseguir fazer o silêncio contemplativo é permitir que Deus preencha todas essas inquietações com Seu Amor e mostre os caminhos que devemos seguir. Muitos Santos praticaram e ensinaram métodos de contemplação para promover esse encontro com Deus. São exercícios que permitem ‘escutar’ o que Ele quer nos dizer e vencer nossas misérias humanas”, explica Paulo.
Do ponto de vista espiritual, que precisa ser diferenciado de possíveis questões relacionadas à saúde mental e transtornos, “quando se vive mais o ‘mundo’ que o espírito, ou seja, quando se distancia da comunhão e intimidade com Deus, somos preenchidos com o que esse mesmo mundo tem a oferecer”, acrescenta. Como está em São João 3,6, “o que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito”.
Embora Deus esteja sempre de braços abertos para os Seus filhos, é por meio do livre-arbítrio e suas escolhas que o distanciamento do Pai pode acontecer. Contudo, a melhor maneira de lidar com essa ausência é buscar sempre a intimidade com o Senhor, a partir de uma vida Sacramental, da Santa Missa, da oração diária, da caridade, da reconciliação, da comunhão na Eucaristia e, em meio a tudo isso, no silenciar para permitir que a vida seja conduzida pelo Espírito Santo.
Uma dica importante é observar o exemplo de Nossa Senhora e dos Santos e como eles agiam em relação ao silêncio. “Maria, contudo, observava silenciosa todos os acontecimentos, e refletia sobre eles em seu coração” (Lucas 2,19).
“O nosso coração é a morada de Deus. Quando não sabemos como lidar em determinadas situações, devemos fazer como Nossa Mãe Santíssima: levar ao coração e permitir que Deus venha nos guiar”, aconselha Paulo Pacheco.
São muitos os Santos que usavam o silêncio como uma prática para promover a comunhão com Deus. Alguns exemplos são São José, que é conhecido como “o Santo do silêncio” e se comunicava com Deus por meio dos sonhos; Santa Tereza D’Avila e Santo Ignácio de Loyola, dois místicos que desenvolveram métodos de contemplação e meditação; e Cardeal Robert Sarah, autor do Livro “O Poder do Silêncio”.
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