Por Padre Tiago Felipe Polonha, da Arquidiocese de Curitiba
Mês de julho tivemos um momento impressionante nos nossos cinemas, o dia chamado de “Barbienheimer”. Lançados no mesmo dia, a dupla de filmes Barbie e Oppenheimer chamaram a atenção do público e estão batendo todos os recordes de bilheteria. Enquanto um filme usa do lúdico e da comédia para mexer com a nostalgia das pessoas, o outro é um drama profundo sobre um dos momentos mais duros da nossa história recente: a explosão da bomba atômica.
Oppenheimer conta a história do físico Julius Robert Oppenheimer, conhecido como o pai da bomba atômica. Ele foi diretor do laboratório nacional de Los Alamos, coordenador do projeto Manhattan. O filme biográfico é dirigido pelo cineasta Christopher Nolan e já se esperava que seria um grande sucesso. Mas é um filme que supera todas as expectativas e vai muito além da grande explosão que todos esperam.
Baseado em fatos reais, Oppenheimer é um filme com muitos diálogos densos, que nos levam a refletir sobre temas importantes como julgamento e arrependimento. De fato, a grande questão que o filme coloca como ponto principal para a criação da bomba atômica é: precisamos criá-la antes que nossos inimigos o façam; precisamos experimentá-la antes que nossos inimigos a utilizem para nos destruir. Toda a motivação dos físicos em criar essa arma tão potente é prevenir um mal maior. Aí surge o grande questionamento sobre a maldade no mundo. Robert Oppenheimer não tem noção do alcance que a bomba atômica pode ter. Em diálogo com o físico Albert Einstein, ele demonstra preocupação que a bomba possa causar uma reação em cadeia e destruir todo o planeta. Ainda assim, financiado pelo governo, continuam a fabricação da arma.
Como já era de esperar, ao concluir a fabricação, Oppenheimer é condecorado como herói, que evitou que os inimigos os atacassem. Todavia, pouco tempo depois, o mesmo Oppenheimer começa a se questionar sobre o grande mal que fez. Ao ver o alcance da bomba e o número de vítimas que continuava crescendo mesmo após a explosão, ele toma consciência de todo o mal que criou e se arrepende amargamente. E aquele que era tido como herói passa a ser visto como vilão.
Num dos melhores diálogos do filme, Oppenheimer diz para Einstein:
“Quando vim até você com os cálculos, pensamos que poderíamos criar uma reação em cadeia que destruiria o mundo inteiro. Acho que iniciamos isso”.
Esse diálogo me fez refletir muito sobre o mal no mundo. Como uma reação em cadeia, o mal sempre vai gerar mais mal. Ninguém conseguirá salvar o mundo utilizando da maldade. Jesus, no sermão da montanha diz “Bem aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5,5). Num mundo cheio de maldade, divisão e egoísmo, essa palavra de Jesus parece uma fantasia, mas quanto mais praticamos as bem-aventuranças, mais descobrimos o Reino de Deus e seu poder. Tenhamos a certeza que mesmo que pareça que o mal é maior, Deus é fiel na sua promessa que “o poder do inferno nunca vai vencer” (Mt 16,18).
Oppenheimer
Christopher Nolan, 2023
Drama/Suspense – 3h
Disponível nos cinemas
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