Curar doenças antes que elas se manifestem. Encurtar distâncias com um simples toque. Criar pontes digitais entre povos e culturas. As maravilhas da ciência e da tecnologia despertam fascínio e também questionamentos. Para a Igreja, o verdadeiro progresso não está naquilo que o ser humano constrói, mas no modo como isso constrói o próprio ser humano.
No Dia da Ciência e Tecnologia, celebrado em 16 de outubro, a reflexão é ainda mais presente. Segundo as palavras do Papa Francisco:
“Pensemos nos inúmeros avanços nos campos da medicina, engenharia e comunicações. E enquanto reconhecemos os benefícios da ciência e da tecnologia, vemos neles uma prova da criatividade do ser humano e da nobreza de sua vocação para participar responsavelmente da ação criativa de Deus.”
(Papa Francisco, Minerva Dialogues, 27 de março de 2023 – Vatican News)
Desde os primeiros séculos, a Igreja reconhece que fé e razão caminham juntas, como duas luzes que se complementam. Os avanços científicos, quando guiados pela ética, expressam o mesmo dom que Deus concedeu à humanidade: o poder de compreender e cuidar da criação.
Papa Francisco recordava que a ciência e a tecnologia revelam a grandeza do homem, mas também sua responsabilidade. O progresso “só é verdadeiro quando melhora a qualidade de vida integral das pessoas” e promove “igualdade, solidariedade e inclusão”.
No encontro com especialistas e líderes da área tecnológica em 2023, Papa Francisco foi enfático quanto ao valor fundamental que deve ser reconhecido e promovido, que é o da dignidade da pessoa humana. É esse o critério-chave na avaliação das tecnologias emergentes.
Para a Igreja, as invenções científicas e as inovações digitais só são eticamente positivas se ajudarem a manifestar e a ampliar a dignidade humana em todos os níveis da vida. A tecnologia deve, portanto, ser centrada na humanidade e orientada para o bem, não para a exclusão ou o poder.
Papa Francisco também costumava alertar sobre os riscos das desigualdades tecnológicas. É preciso observar se os dados têm servido para aumentar as desigualdades no mundo, não apenas em termos de riqueza, mas também no acesso à influência social e política.
Assim, o desafio não é apenas criar novas ferramentas, mas formar consciências capazes de usá-las com sabedoria.
Em sua reflexão que foi amplamente divulgada, Papa Francisco reconhecia que o desenvolvimento da inteligência artificial e da aprendizagem de máquina tem potencial benéfico para a humanidade, desde que acompanhado de responsabilidade moral. Na oportunidade, também destacou a importância de regulações internacionais justas, que garantam o uso da tecnologia a serviço do bem comum, e não de interesses isolados.
A Igreja apoia os esforços científicos que promovem a vida, a saúde e o bem-estar social. A Santa Sé já fez um apelo para que governantes de todo o mundo discutam regras para a inteligência artificial. O discernimento, a prudência e o diálogo são caminhos indispensáveis para que o avanço técnico esteja a serviço da fraternidade.
Para a Igreja, não existe oposição entre ciência e fé, mas complementaridade.
A ciência busca compreender como as coisas acontecem. A fé ajuda a descobrir por que elas existem e para quem devem servir.
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