O que acontece com quem é sonâmbulo?

O que acontece com quem é sonâmbulo?

Algumas pessoas andam, falam, gesticulam e podem até tomar atitudes inesperadas e perigosas quando estão dormindo. Esse tipo de comportamento involuntário é chamado de sonambulismo.

Na verdade, trata-se de um transtorno do sono, também conhecido como parassonia, bastante comum em crianças e adolescentes. Seu auge ocorre entre os 8 e 12 anos. Tende a desaparecer ainda na adolescência e são raros os casos que permanecem até a vida adulta. Geralmente, some após os 16 anos de idade.

As causas do transtorno estão ligadas a fatores genéticos e de imaturidade na consolidação do sono, como explica o neurologista Renato Serquiz, especialista em transtornos do sono e neurofisiologia clínica.

“Quando existem casos na família do paciente, aumenta muito a chance de ocorrência do sonambulismo”, acrescenta o médico.

Imaturidade do cérebro

Sonâmbulos têm uma imaturidade no sono, nos mecanismos neurológicos de consolidação entre as fases do dormir. O sonambulismo ocorre em uma fase chamada ‘sono de ondas lentas’, que é uma parte do sono não REM.

“Normalmente, uma pessoa adulta tem fases alternantes entre sono REM e não REM. E o que acontece é que nessas crianças e adolescentes existe uma imaturidade, ainda não se desenvolveu totalmente a região do cérebro que faz essa alternância entre os ciclos de sono”, explica Renato Serquiz.

Então, quando a pessoa chega na fase do sono de ondas lentas – que normalmente ocorre duas horas depois do adormecer, em média – ele passa a ter esses despertares, muita vezes acompanhados de movimentos automáticos, como sentar na cama, andar ou emitir alguma palavra, um som.

Os episódios duram, em média, de 5 a 10 minutos e podem chegar até 30 minutos. Mas a grande maioria demora pouco tempo e o indivíduo volta a dormir. Na verdade, o neurologista informa que o indivíduo está dormindo, mas tem elementos do acordar ou da vigília dentro do sono.

“Ele mescla elementos do sono com elementos da vigília. Ele tem atividades motoras, com se fossem movimentos automáticos e não vai lembrar de nada do que aconteceu nos minutos que duram o sonambulismo” diz Renato Serquiz, complementando que o transtorno costuma desaparecer na medida em que o cérebro vai amadurecendo as áreas que fazem a alternância de ciclos do sono.

Causas espirituais?

Algumas pessoas acreditam que andar ou falar dormindo está ligado a perturbações espirituais ou até mesmo por não rezar antes de deitar – aliás, um conselho sempre passado pelos pais católicos aos filhos. 

O neurologista Renato Serquiz, que é católico, diz não haver na literatura médica nenhuma relação direta entre um problema espiritual e a ocorrência do transtorno do sono.

“Pelo menos eu desconheço. O sonambulismo está mais ligado à questão do emocional, do estresse, quando o paciente costuma dormir fora do ambiente em que está acostumado, às mudanças de rotina, mas não à questão de perturbação espiritual”, afirma o médico.

Tratamento

Em relação ao tratamento, normalmente o papel do médico é mais de tranquilizar a família que traz o paciente. É feita uma anamnese, ou seja, um relato detalhado do caso, de como o evento aconteceu, em que momento do sono, como foi, quanto tempo durou.

“Quando a gente identifica que tem todos os sinais de um quadro de sonambulismo, em crianças que não tenham nenhum outro transtorno mais sério, a gente faz o papel mais de tranquilizar a família, explicar o que é o sonambulismo e que ele tende a desaparecer com o tempo”, comenta o médico.

Há medicamentos usados como tratamento temporário que diminuem os episódios. Normalmente, o tratamento é descontinuado após um tempo e o uso dos remédios é dispensado.

Um mito quanto ao transtorno é de que não se deve acordar um sonâmbulo. Não há problemas quanto a isso, mas a pessoa pode despertar confusa, sem entender o que está acontecendo e ficar assustada. O mais indicado é levá-la de volta para a cama cuidadosamente, com calma e permitir que continue dormindo.

Cuidados com o ambiente

O neurologista destaca a importância de manter o máximo de cuidado com o ambiente em que a pessoa dorme porque, durante o sonambulismo, ele pode se levantar e se machucar, tropeçar, segurar algum objeto cortante, abrir portas, sair do ambiente e não conseguir voltar.

A recomendação é tirar tudo que possa causar algum acidente, como móveis, objetos de decoração, tapetes escorregadios. Tudo pela segurança do sonâmbulo.

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Comentários

  • Maria Aparecida Mendonça Ferreira de Sousa
    Excelente. Muito interessante todo o conteúdo.

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