O seu entendimento passa pela origem da palavra. “Virtude” vem do latim “virtus”, que significa um conjunto de qualidades próprias do ser humano. De fato, se recorrermos à Bíblia, o homem foi feito para fazer o bem, como disse o próprio Deus: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gênesis 1,26).
Portanto, somos imagem e semelhança de Deus. Nascemos para cultivar e praticar a virtude, que é a força de realizar o bem, sobretudo com alegria e perseverança, mesmo que signifique sacrifícios. A virtude, então, deve ser compreendida como a própria vontade de sempre fazer o bem.
Quanto às suas origens, sabe-se que as virtudes podem ser naturais ou sobrenaturais. Ou, em outras palavras, elas podem ser humanas e teologais. As primeiras dizem respeito a nossa convivência em sociedade, com amigos, colegas e familiares. Já as segundas tratam exclusivamente da nossa relação com Deus.
Podemos entender também essa diferença sob outro aspecto. Humanas são as que dialogam com a natureza do ser humano, adquiridas ao longo da vida e importantes para nos proteger e blindar do mundo, como bem disse São Paulo: “Não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” (Romanos 7,19).
Já as virtudes teologais são os dons de Deus. Não são adquiridas, mas sim plantadas em nós, como graças que aperfeiçoam a nossa natureza. Elas se estabelecem e nos tornam capazes de realizar a vocação de comunhão pessoal que temos com Deus.
Quando recebemos o Sacramento do Batismo, por exemplo, é derramada em nós a graça santificante, que nos torna capazes de nos relacionar com a Santíssima Trindade e nos orienta na maneira cristã de agir. A partir daí, o Espírito Santo se torna presente em nós, fundamentando as virtudes teologais, quais sejam:
“Agora, pois, permanecem estas três: a fé, a esperança e a caridade, porém a maior destas é a caridade” (1 Coríntios 13,13).
A fé é a adesão a uma verdade, não pela existência de uma evidência, mas pelo testemunho. Deus é o seu maior exemplo. Por mais que não haja uma evidência da verdade de Deus, cremos nele por causa do testemunho que dado por Jesus Cristo.
É cultivando a fé que nós acreditamos no Deus Criador, que é o Pai, no Deus Salvador, que é Jesus Cristo e no Deus Santificador, que é o Espírito Santo. É cultivando a fé que somos capazes de compreender que o Altíssimo é uno e trino e que tudo isso nos foi revelado pela Bíblia.
É por meio da fé que cremos que Deus é a verdade.
A esperança é a virtude que nos ajuda a querer tempos melhores na nossa vida terrena. E não somente: ela também nos ajuda a saber esperar por eles. Além disso, é a esperança que nos dá a certeza de que conquistaremos a vida eterna, quando finalmente encontraremos a felicidade plena.
Baseada na “certeza” da fé, essa virtude nos dispõe a esperar com confiança na realização definitiva da obra de Deus, ou seja, no encontro pessoal com o seu amor.
É a esperança que permite uma reflexão sobre tudo o que está acontecendo, a busca por identificar falhas e também por soluções. Sozinhos, não somos nada, mas, com Deus, tudo podemos. A esperança nos leva a tentar vencer qualquer obstáculo.
A maior de todas as virtudes, conforme a escritura sagrada, é a caridade, pois ela designa a própria essência de Deus.
A caridade, portanto, é o amor: a virtude perfeita. O amor permanece, porque Deus é amor e, se estamos diante d’Ele, também somos amor.
Senão vejamos: o Senhor se doa sem reservas a nós, seres humanos, e nós podemos acolhê-lo totalmente e participar plenamente da sua intimidade, não podendo haver maior perfeição numa relação. O que justifica ser o amor, a caridade, a virtude teologal mais importante. E mais uma vez, a Bíblia tem razão.
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