Provavelmente você já ouviu ou disse a seguinte frase: “me diga com quem andas e direi quem tu és é”. Tem até quem lembre que “está na Bíblia”! O teólogo e supervisor de orientação espiritual da Obra Evangelizar É Preciso, Paulo Pacheco, comenta que a expressão é uma das mais conhecidas no país quando o desejo é alertar as pessoas próximas (como familiares e amigos) em relação às companhias.
“Fala-se quando o desejo é evitar estar em companhias de pessoas que possuem uma moral duvidosa e que podem influenciar em atos contrários ao que entendemos como certo ou errado”.
Um estudo feito por Amber Gaffney, psicóloga da Universidade Estadual Humboldt, dos Estados Unidos, demonstrou que sem que se tenha consciência, o cérebro costuma absorver dicas e costumes das pessoas ao seu redor. Assim, a identidade de cada indivíduo acaba sendo impactada diretamente pelas companhias e comportamentos das pessoas mais próximas.
A pesquisadora apontou, em entrevista para a BBC, que a forma como os amigos fazem as suas escolhas pode ter impacto tanto positivo quanto negativo nas decisões do indivíduo.
“Qualquer coisa que nossos amigos façam nos influencia de maneiras que estamos conscientes ou não. A presença deles pode decidir se agimos com base nessas informações de saúde ou as ignoramos.”
A expressão, comumente associada à Bíblia, na realidade não está lá. No entanto, o seu significado aparece em diferentes ensinamentos de Jesus. O teólogo aponta alguns deles:
“Não se deixem enganar: as más companhias corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15,33).
“O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído” (Provérbios 13, 20).
“Não se associe com quem vive de mau humor, nem ande em companhia de quem facilmente se ira; do contrário você acabará imitando essa conduta e cairá em armadilha mortal” (Provérbios 22, 24-25).
As três frases demonstram um significado muito parecido com a expressão desse texto. Isso porque, como explica Paulo, a relação entre amizades e a própria essência do ser humano é muito próxima. Afinal de contas, o ser humano é um ser adaptável ao meio.
“Inclusive, essa é uma das grandes características que nos difere de outros seres viventes na terra. Mas essa adaptação necessita ser muito bem discernida para não se cair em outra frase popular, digamos que mais ‘popularesca’: quem anda com porcos, farelo come”, completa o teólogo.
Sendo assim, é possível ressaltar que há relação entre o convívio e as escolhas individuais. “A amizade é um tesouro que Deus coloca em nossas vidas, são pessoas que têm esse dom de encantar as nossas vidas, trazendo segurança e alegria”.
Como demonstrado no conteúdo bíblico, as companhias podem influenciar de maneira significativa como o indivíduo se comporta e age em seu dia a dia. Quanto mais andar ao lado de pessoas que têm os mesmos princípios, mais influências positivas terá.
Ao mesmo tempo, quanto mais longe de Deus as companhias lhe encaminharem, mais você poderá se distanciar. Dessa maneira, quando pensar em companhias, o ideal é complementar as forças.
“A amizade é um elo que criamos em nossas vidas que dão sabor e cor em nossa caminhada aqui na terra. Naturalmente tendemos a ter / escolher como amigos, pessoas que se afinam ao nosso pensar”.
Da mesma forma como as amizades podem influenciar negativamente ou positivamente, elas também podem ser negligenciadas. Em alguns casos, por exemplo, a pessoa tende a se afastar daquilo que lhe parece estranho. Só que, nesses casos, há possibilidade de se afastar de algo que pode ser uma fonte rica de aprendizado e conhecimento.
Paulo Pacheco faz uma analogia com a vida e escolhas de Jesus: o Homem que era muito inteligente, sensível e profundo conhecedor da psique humana nasceu em um estábulo, foi criado de forma simples, em uma cidade pequena e pobre, com pais de origem judaica e cumpridores das leis de sua época.
“Diante de Sua Missão, reuniu um grupo de doze homens para ensinar e caminhar com Ele durante três anos. E quem eram esses homens? Eram homens simples e humildes. Ou seja, a escolha de Jesus não se baseou em apenas um grupo de pessoas que Ele escolheu, eram pessoas que se alinhavam com seu pensamento, até porque até aquele instante Ele era conhecido como ‘O Filho do Carpinteiro'”.
Os pescadores Pedro, André, João, Tiago Maior, Tomé, Bartolomeu e Felipe, conviveram com Mateus (cobrador de impostos), Simão (guerreiro), Judas Iscariotes (tesoureiro), Judas Tadeu e Tiago Menor (que não tem menção da profissão). Ao lado de Jesus, compartilharam experiências e histórias que são exemplos até os dias de hoje.
“Que possamos a exemplo de Jesus, não escolher amigos por interesses pessoais, por pensarem igual, por serem bonitos, inteligentes, não, o verdadeiro amigo se constrói no coração e quando estamos unidos a Cristo, Ele próprio coloca as pessoas que nos farão crescer como seres humanos”.
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