Como era Jesus quando criança? Essa pergunta é muito comum e desperta curiosidades. Em outubro, quando celebramos o Dia das Crianças no Brasil, convidamos a refletir sobre a infância do Senhor e a importância dessa fase. Embora os Evangelhos canônicos não tragam muitos detalhes sobre o período, encontramos em Mateus e Lucas relatos que nos mostram momentos carregados de significado, como o nascimento, a circuncisão, a apresentação no templo e a perda e reencontro de Jesus com seus pais no templo, aos 12 anos.
Segundo o Padre Everson Luiz Kloster, missionário xaveriano, “os Evangelhos focam nos acontecimentos extraordinários da vida adulta de Jesus”, mas não deixam de mostrar a importância da primeira infância. “Mateus e Lucas dedicam os primeiros dois capítulos de seus evangelhos para tratar do tema, ressaltando que Jesus viveu como qualquer criança de sua época”, explica. Esses relatos são fundamentais para compreender como a humanidade de Cristo se manifestou desde os seus primeiros anos.
Como acrescenta Padre Everson, os evangelistas não se preocuparam tanto com esse período da vida de Jesus, “pois quando escrevem estão fazendo Teologia e não Jornalismo. Isso não significa que não se possa falar a respeito da infância. Mateus e Lucas dedicam os primeiros dois capítulos para tratar do tema da infância”. O extraordinário na vida de Jesus se manifesta quando Ele começa seu ministério público, ou seja, depois dos 30 anos de vida.
A infância de Jesus, como vemos nos evangelhos, está profundamente conectada às tradições e profecias do Antigo Testamento. O nascimento em Belém e o crescimento em Nazaré já estavam previstos e evidenciam como Jesus, desde pequeno, cumpriu o que estava nas Escrituras. Os evangelistas conectam constantemente os eventos da infância de Jesus com passagens do Antigo Testamento, como explica o Sacerdote. Além disso, o envolvimento de Maria é fundamental para compreender essa fase. “Somente Maria poderia relatar eventos como a anunciação e o reencontro de Jesus no templo, pois ela guardava todos esses momentos em seu coração”.
Existem semelhanças nos escritos de Mateus e Lucas: Maria concebe sem ajuda de um varão (Mt 1,20.23.25 Lc 1,34); a concepção é feita por obra do Espírito Santo (Mt 1,18.20 e Lc 1,35); José descende de David (Mt 1,16-20 e Lc 1, 27.32). E mais: o nascimento de Jesus foi em Belém (Mt 2,1 e Lc 2,4-6); Jesus cresceu em Nazaré (Mt 2,23 e Lc 2,39). O Anjo anuncia que Jesus é o Salvador (Mt 1,21 e Lc 2,11). Também é nos relatos da infância de Jesus que ficamos sabendo o nome de seu pai adotivo: José.
Inspirados pelos relatos evangélicos, podemos refletir sobre a importância da família na formação e crescimento das crianças. A vida em Nazaré, ao lado de Maria e José, mostra que a família foi o primeiro ambiente em que Jesus aprendeu sobre a vida e a fé. O exemplo de obediência e amor que seus pais demonstraram ao seguir as leis de Moisés é uma referência para as famílias de todas as gerações. A infância de Jesus foi um tempo de preparação para a missão que Ele cumpriria na vida adulta.
Em alguma medida, assim como com o exemplo do Senhor, o que se aprende na infância não é também essa preparação para o futuro e para o que iremos ofertar ao “mundo”?
Ao meditar sobre esses eventos por meio da oração do terço, o povo cristão contempla a presença de Maria em momentos importantes da infância de Jesus. “A circuncisão e a apresentação no templo destacam a obediência de José e Maria, mesmo Ela sendo concebida sem pecado”, reforça o texto escrito pelo Padre Gerson Schmidt, que também é jornalista e mestre em Comunicação.
Esses exemplos mostram que, mesmo Jesus sendo Deus que se fez humano, sua vida familiar seguiu as tradições e leis de seu tempo.
A história da infância de Jesus nos ensina que, assim como Ele, todas as crianças devem ser acolhidas e educadas com amor e cuidado.
“Ao olhar para a infância do menino Jesus, vemos Deus que se faz homem, que assume a fragilidade humana, e que quis se fazer família. Deus precisou de uma família para entrar no nosso mundo e o próprio Deus foi educado por Maria e José”, explica Padre Everson.
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