A rotina agitada, o pouco tempo disponível e a pressa para executar pequenas tarefas do dia a dia fazem com que muitos pais e responsáveis reproduzam e imponham esse ritmo para as crianças. O que não pode ser esquecido é que elas vivem em outro compasso de desenvolvimento e ignorar ou passar por cima desse movimento pode não ser benéfico para elas e até criar dificuldades futuras nas suas habilidades. Cada fase da infância possui marcas e características específicas. Adultos orientadores e apoiadores não podemos ignorar, desestimular ou deixar de dar o suporte necessário a nenhum avanço, mesmo que pequeno. E o que elas podem fazer sozinhas de acordo com a idade? Conversamos com uma especialista para entender.
Para a pedagoga Silvana Moccelin existem bases ou caminhos norteadores em cada fase do desenvolvimento infantil, chamado de periodização. “Ele aponta a estimativa, por exemplo, de quantos meses de vida ela precisa sentar, engatinhar, caminhar ou falar, assim como outras coisas que a criança precisa ir desenvolvendo ao longo da infância. Mas, é importante destacar que se trata de uma base, pois sabemos que isso pode variar conforme o estímulo recebido em seu ambiente de convívio. Há uma periodização guia, mas cada criança é única e pode variar seu desenvolvimento se ela estiver em um ambiente que favoreça isso”, pondera.
Todo esse processo de estímulo é essencial para incentivar a autonomia infantil, que permite à criança tomar decisões sozinhas e executar pequenas tarefas. Esse é um caminho necessário na infância e que traz benefícios para a vida toda.
“A partir do momento que passamos pequenas funções que permitem que a criança tenha mais independência e responsabilidade, como cuidar dos seus pertences, por exemplo, ela começará a fazer outras escolhas como nas brincadeiras com os colegas, no seu convívio na sala de aula, com os seus amigos”, aponta a pedagoga.
Esse é um processo que atua no aumento da habilidade de comunicação, da resolução de problemas, de criatividade, que impulsiona a coragem, a persistência, a paciência e a inteligência emocional, ou seja, aspectos valiosos para a formação de um adulto saudável, estimulado e conhecedor de si.
Se você – pai, mãe, tio, sobrinha ou primo – que está lendo este conteúdo está se perguntando como ajudar ou atuar nesse processo de estímulo à autonomia infantil, como identificar quando a criança está pronta para determinada tarefa e, também, curioso para conhecer aquilo que as crianças podem ou não fazer sozinhas, saiba que os caminhos são simples e essenciais.
Conforme a pedagoga, a família, professores e amigos têm papel importante nessa fase. “Vamos pensar na roupa ou calçado que estamos usando hoje: ela é fruto da nossa escolha, da nossa personalidade que foi se formando ao longo da vida. Na infância, esse é um processo sutil, belo e que deve ser encorajado. Assim, envolver a criança em pequenas decisões da rotina, pedir ajuda em algumas tarefas, perguntar a opinião sobre algo e dar tempo para que façam sozinhas é um passo a passo importante. Não temos como controlar tudo sempre, por isso, com a idade avançando, algumas coisas já podem passar a ser escolha e responsabilidade delas. Isso é muito rico não só para sua independência e responsabilidade, mas também para o desenvolvimento e criatividade”, avalia.
É preciso atenção constante para lembrar que a autonomia das crianças deve ser estimulada aos poucos, respeitando o desenvolvimento motor e cognitivo de cada idade. Existem atribuições que podem ser usadas como base, conforme a faixa etária como, por exemplo:
É interessante que pais, familiares e amigos façam um monitoramento constante dessa abertura e aptidão às tarefas, monitorando pequenas ações como termômetro.
“Alguns comandos simples, como: ‘vem cá’ ou ‘olha lá’, são importantes para a criança e podem ser feitos para buscar estimular o desenvolvimento. Se para esses comandos citados, por exemplo, a criança responder sem precisar chamar gesticulando ou apontando, outros comandos já podem ser dados. Quando ela compreender que pode e deve fazer pequenas coisas, ela terá maior controle do próprio corpo e entendimento daquilo que está sendo solicitado. Assim, vamos aumentando gradativamente a complexidade”, detalha a pedagoga.
Além disso, um alerta é importante: dar independência não significa que a criança deva fazer tudo sozinha. Ela está aprendendo a realização de tarefas, por isso, o acompanhamento de adultos ainda é necessário e primordial.
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