Perto do Panteão, em uma rua tranquila de Roma, na Itália, uma pequena alfaiataria carrega um legado de mais de dois séculos: vestir o Papa, os Cardeais e outros membros do Clero. Trata-se da Alfaiataria Gammarelli, conhecida mundialmente como a família de “alfaiates do Papa”. Essa casa, fundada em 1798, permanece nas mãos do mesmo grupo familiar até hoje.
Giovanni Antonio Gammarelli foi quem iniciou o trabalho durante o pontificado do Papa Pio VI. Após sua morte, passou ao seu filho Filippo e dele ao seu neto, Annibale, que em 1874 levou a alfaiataria à Via Santa Clara no Palácio da Pontifícia Academia Eclesiástica, onde continua até hoje. A responsabilidade de confeccionar as vestes papais tem passado de geração em geração, que mantém a excelência e o cuidado característicos de suas criações, com a garantia que o conhecimento e as técnicas sejam preservados e aprimorados ao longo do tempo.
Hoje, a alfaiataria é comandada por Lorenzo Gammarelli, descendente direto de Annibale, com seus primos Max e Stefano, que continuam a tradição familiar. Discreto, Lorenzo é muito respeitado por sua habilidade e pelo profundo compromisso com o ofício.
A responsabilidade de vestir o Papa é um processo que envolve muito respeito pela tradição e pela simbologia das vestes litúrgicas. Quando um novo Papa é eleito, a Gammarelli é encarregada de preparar três batinas papais de diferentes tamanhos. Essa precaução é necessária porque, até o momento da eleição, ninguém sabe exatamente quem será o novo Pontífice e quais serão suas medidas. As batinas são confeccionadas com materiais de alta qualidade, como lã, seda e algodão.
Além das batinas, a Gammarelli confecciona as mitras, faixas, capas e outros elementos litúrgicos que compõem o traje do Papa. Cada peça é feita à mão, seguindo técnicas tradicionais que foram passadas de geração em geração. Essa dedicação ao ofício fez com que a Gammarelli se tornasse um símbolo de excelência e uma guardiã das tradições litúrgicas da Igreja Católica.
Há várias curiosidades em torno da Alfaiataria Gammarelli. Uma delas é que, durante o conclave, a alfaiataria fecha suas portas para o público e dedica-se exclusivamente à confecção das vestes papais. Outra é que as batinas dos papas são sempre brancas, uma tradição iniciada por Pio V, que era dominicano e manteve o hábito branco de sua ordem religiosa.
Além disso, as vestes papais confeccionadas pela Gammarelli são inteiramente feitas manualmente, com técnicas que raramente mudam ao longo dos séculos. A alfaiataria também produz vestes para cardeais, bispos e outros clérigos, e é responsável por grande parte da indumentária usada nas cerimônias mais importantes do Vaticano.
Mesmo com todo esse prestígio, a loja, que se localiza na Via di Santa Chiara, em Roma, é pequena e simples, o que reflete a dedicação à qualidade e ao trabalho artesanal, sem se deixar levar pelo glamour que poderia acompanhar sua reputação.
Essa é uma das profissões mais antigas do mundo. Esses profissionais são especialistas em criar, costurar ou reformar roupas artesanalmente. Diferente dos estilistas, são direcionados para a moda masculina: criam ternos, calças, paletós e outras peças exclusivas do vestuário masculino.
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