O rosto angelical impressiona. Sereno, simpático e determinado a evangelizar, o homem que tem 51 anos está acostumado a ouvir comentários sobre aparentar muito menos. “Eu não me acho mais tão jovem, mas realmente há uma evolução mais tranquila pro meu lado nessa parte. Talvez porque Deus queira que eu tenha mais força”, comenta. E força não pode faltar, afinal ele lida com muitas pessoas todos os dias, gosta de futebol e torce pelo Fluminense, cultiva o dia a dia em família com a esposa e o filho, é advogado e professor, e ainda dedica sua vida a fortalecer a fé, especialmente de jovens, público com o qual anda bastante preocupado ultimamente.
A sua vida é bastante diferente da maioria das pessoas, pois além de todos esses pontos, desde pequeno Pedro também lida com outros fenômenos: os espirituais. Móveis que tremiam, vultos e seres que ele precisou aprender a distinguir se eram pessoas, anjos ou até mesmo santos. Se eram avisos ou perturbações. E ainda: o que fazer com o que lhe acontecia? Essa tarefa é árdua, mas ele abraçou com sabedoria, muito estudo e amor.
Pedro Siqueira reza o terço com grandes grupos e viaja o mundo para espalhar a fé de uma maneira que toca profundamente quem tem a experiência ao seu lado. Autor de livros de sucesso, como “Todo mundo tem um anjo da guarda”, também está nas redes sociais e participou recentemente do programa Noite de Louvor, da TV Evangelizar, quando recebeu a equipe do IDe+ para a entrevista, com toda simplicidade e tranquilidade características.
Pedro Siqueira Foi caótico, eu não lembro muito dessa época, mais basicamente do medo de sair no corredor e aquelas criaturas estarem me esperando ali. Eu acho que o problema de administrar era muito mais dos meus pais, que na época eram católicos, mas ‘não praticavam’. Aquela situação acabou forçando-os no caminho de busca espiritual. Acho que foi esse o grande mérito da situação, até porque eles eram muito jovens.
Pedro Siqueira Desde muito pequeno eu gostava muito de ler. Lia tudo que tinha na biblioteca. Lembro muito que gostava de um livro do Padre Robert Degrandis chamado Orando por Milagres e eu gostava de vê-lo, ele me impressionava, era um homem imponente. E também o Dom Cipriano Chagas, no Rio de Janeiro, e o Padre Jonas Abib, em São Paulo, tanto que quando que quando eu tinha 18 anos levei minha mãe até lá e a gente conversou com Padre Jonas nesse dia. Eu gostava de ir aos retiros da Renovação Carismática na época, a relação era muito forte, e foi um grupo desses que a acolheu e onde ela ficou muitos anos. Nesse grupo, uma senhora explicou a ela que isso existe, que acontece. Ela foi se acalmando e as coisas se encaixaram. Os primeiros anos foram mais turbulentos e depois começou realmente a acalmar os fenômenos mais assustadores.
Pedro Siqueira Eu não sei. Acho que Deus quis me usar, queria que eu servisse de alguma forma. Dizem, brincando, que Deus escolhe esses que precisam de uma rédea mais curta, senão eles escapam, então Ele dá as coisas mais difíceis para caminharem com Ele, que diz ‘vem cá’.
Pedro Siqueira É uma espécie de telepatia. Eu ouço na mente e quando eu chego a ouvir a voz do meu anjo é uma coisa realmente muito grave. É raro ele falar, mas às vezes eu escuto aquela voz que assusta, é uma voz de trovão. Ele já me avisou de muitas coisas, mas uma vez eu teimei com ele na rua. Era um caminho que sempre fazia, mas ele insistia que eu devia mudar de rota. Eu passei do ponto, ele me deu uma bronca e disse que mais na frente eu veria por quê. Então voltei e depois estava acontecendo um assalto em uma farmácia, onde eu passaria, e tinham baleado uma pessoa. Eu ia passar exatamente nesse momento. Ele tem essas coisas, mas geralmente é uma conversa mais mental, de telepatia. Ele sempre esteve comigo. O pior que pode acontecer é aparecer e não falar nada até por dias. Isso já aconteceu. Não sei o que ele quer significar com isso, talvez um deserto de Deus. Sumir ou eu tentar chamá-lo e ele não responder nunca se passou.
Pedro Siqueira Eu me fortaleço pela oração e pelo jejum, e por pessoas que estão sempre rezando por mim porque a gente está muito exposto. É um combate diário, difícil, ali na linha de frente tomando tiro todo dia, todo tempo. Do mesmo jeito que existem anjos bons, existem os que não te querem ali, que não querem que você prossiga. Eles me ameaçam, às vezes durante o Terço e dentro da Igreja, em qualquer lugar. Tenho visto coisas feias dentro da igreja.
Pedro Siqueira Eu acho que eles estão tão afastados, dispersos. Essa coisa mística que se perde às vezes. Eu me lembro que na década de 80, 90, era tão pujante a coisa do jovem na igreja. Dos anos 2000 para agora eu sinto uma pobreza nessa parte. Em todos os lugares que eu vou, essa parte dos jovens está muito sensível. Para aproximá-los, eles têm que ter o coração pelo menos aberto, ir à igreja e viver a experiência sem preconceito. Antes isso não existia assim. A gente chamava e ele podia até não gostar, mas ia lá ver, queria sentir, queria saber o que é. Hoje nem isso. O grande desafio é motivá-los a comparecer.
Pedro Siqueira Até que temos conseguido, graças a Deus. É curioso porque muita gente acha que o terço é a oração ‘das velhinhas’. Você lança a semente, mas alguém tem que ir lá depois regar, cuidar. Quando a coisa é mais mística eles se aproximam mais.
Pedro Siqueira Isso é como um Padre dizia: é a isca do anzol. Então eu acho que eu sou a isca. A pessoa vai com uma curiosidade, mas chegando lá talvez ela seja conquistada. Na última peregrinação que fiz com um grupo, uma mãe falou que a filha tinha 18 anos e estava afastada, mas queria que ela tivesse um momento de oração comigo. Ela foi três dias em Fátima (Portugal) e eu falei que apenas a deixasse participar. A menina ficou encantada e ela teve uma conexão com Deus. Ela se abriu e teve a experiência, foi premiada.
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