“Moisés, mande que os israelitas lhe tragam o melhor azeite para o candelabro, a fim de que ele possa ser aceso todas as tardes. Arão e os seus filhos colocarão o candelabro na Tenda da Minha Presença, do lado de fora da cortina que está à frente da Arca da Aliança. O azeite ficará ali queimando na minha presença, desde a tarde até de manhã. Essa ordem deverá ser obedecida para sempre pelos israelitas e seus descendentes”. (Êxodo 27,21-22)
Como esse trecho bíblico demonstra, desde o início da história do povo de Deus o fogo sempre teve significado profundo. E não é para menos, pois ele sempre foi fonte de calor e luz, além de ser muito útil.
Também era muito comum utilizar as lamparinas em chamas para reverenciar alguém que se quisesse homenagear. No caso do culto a Deus, mais do que uma homenagem, as lamparinas acesas se tornaram símbolo de uma alma piedosa, que louva e adora o seu Senhor. Foi o próprio Deus que ordenou que se tomasse o devido cuidado para que as chamas não se apagassem em sua presença (cf. Levítico 24, 1-4).
Ainda hoje, os judeus preservam em sua herança cultural o uso do candelabro de sete braços (Menorá), que era conhecido com o Candelabro da Aliança (cf. Êxodo 25,31-40). Ele traz grande riqueza de significados, como os dias da criação, a Árvore da Vida, os corpos celestes etc.
Os cristãos preservaram esses costumes, que ganharam um significado ainda mais profundo: o fogo, que outrora era sinal da presença de Deus, para nós agora é o próprio Jesus, o Deus que é e está realmente presente entre nós.
Todo ano isso nos é recordado durante a Vigília Pascal, que popularmente chamamos de “Missa do Sábado de Aleluia”. Durante esta Celebração se acende o Círio Pascal, que é aquela grande vela que entra em procissão enquanto se acendem as luzes da Igreja. No Círio, são colocados cinco cravos, que representam as 5 chagas de Jesus, que já não são mais chagas que causam morte, mas são chagas de luz e de vida.
O Círio permanecerá aceso ao lado do Ambão da Palavra durante todo tempo pascal até a tarde do Domingo de Pentecostes. Depois disso ele fica ao lado da pia batismal e será aceso durante os rituais de Batismo, de Exéquias, da Crisma e na Primeira Comunhão (ou Primeira Eucaristia). Sempre que renovamos as nossas promessas batismais ele é lembrado, pois é Jesus que nos batiza com o Espírito Santo. “Eu os batizo com água (…) mas aquele que virá depois de mim os batizará com o Espírito Santo e o fogo”. (Mateus 3,11)
Vale a pena recordar que as lamparinas acesas e a luz sempre estiveram presentes na pregação de Jesus, como vemos nas Parábolas das Virgens (cf Mateus 25: 1,2), na Dracma perdida (cf Lucas 15, 8-10), a Luz do Corpo (Lucas 11, 33-36) e entre outras citações bíblicas. Elas estão em perfeita sintonia com toda tradição cristã e com a pregação dos apóstolos.
As lamparinas e as velas têm o mesmo significado. Com o tempo, foi-se percebendo que era muito mais prático usar velas do que as lamparinas de óleo, pois causavam menos sujeira e não derramavam.
Jesus, como uma vela, se sacrificou no fogo de sua Paixão por nós. Ele, por excelência, é a vela que se consumiu em chamas de amor diante de Deus. Por isso uma vela acesa significa o ardor de uma alma que se dá amorosamente a Deus. A chama acesa da vela também representa a oração de um coração que mantém a fé viva. Mas também representa a fé de toda a Igreja, da qual todos nós fazemos parte.
Quando uma vela é abençoada por um sacerdote, ela se torna um sacramental, ou seja, seu uso passa a ser para as coisas sagradas. De preferência, devem ser acesas no oratório, no altar da casa, numa gruta ou em qualquer lugar que se possa fazer referência a Deus.
Como dito, uma vela representa a oração e a prece do coração. Quando acendemos uma vela por um fiel defunto significa que ali está representada a nossa intercessão, o nosso amor, e todos os pedidos que fazemos a Deus pela alma daquela pessoa, principalmente para que ela encontre a Luz Eterna, que é o próprio Deus. O mesmo significado vale para uma pessoa enferma ou por alguém que precisa muito da graça de Deus.
Católicos fazem votos e promessas para Deus de diversos tipos. O importante é não confundir com qualquer tipo de superstição, simpatia, magia ou similares. Quando acendemos uma vela diante de um santo ou uma santa, representa a nossa prece para que ele ou ela interceda por nós junto de Jesus. Claro que os santos e santas de Deus vão interceder independentemente de fazermos ou não promessas, mas é interessante notar que o ato de acender a vela ajuda nossa mente e nosso coração a focar na oração e é um ato concreto de esperança que depositamos nos milagres de Deus.
Acendemos velas em todos os momentos litúrgicos, pois são os momentos de manifestação da oração da Igreja. São em momentos como a própria Missa, durante uma Adoração Eucarística, nas novenas, em velórios, procissões, na nossa oração pessoal ou na oração em família, enquanto recitamos o terço, quando a capelinha chega na nossa casa, por exemplo. De forma especial, durante o tempo do Advento acendemos a cada domingo uma vela da Coroa do Advento (ou Escada do Advento), que representa nossa espera na manifestação do Cristo e no seu retorno que será no fim dos tempos.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.