Por que o Anel do Pescador de Francisco é diferente dos de outros Papas

Por que o Anel do Pescador de Francisco é diferente dos de outros Papas Foto: reprodução

Muito mais que um acessório litúrgico, o Anel do Pescador é um dos símbolos importantes do pontificado. Desde o século XIII, representa a autoridade espiritual do sucessor de Pedro e carrega, em sua imagem e função, uma ligação direta com a missão confiada por Cristo ao apóstolo: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.

Como em muitos outros aspectos de seu pontificado, Papa Francisco teve uma escolha diferente sobre seu anel. Simples, simbólico e repleto de significado, o anel do primeiro papa jesuíta reafirmou sua proposta de humildade e serviço.

Conhecido em latim como “Anulus Piscatoris”, teve sua origem consolidada no século XIII, durante o Pontificado de Clemente IV. A imagem de São Pedro pescando — inspirada na profissão original do apóstolo — é gravada no anel, junto do nome do papa vigente. Faz referência ao Evangelho de São Mateus, em que Jesus chama São Pedro de “pescador de homens”. Para cada pontífice, é confeccionado um anel sob medida.

Durante séculos, o anel era utilizado como selo oficial dos documentos pontifícios, pressionado sobre lacre de cera vermelha. Com o tempo, seu uso se tornou mais simbólico, mas continuou como um sinal de respeito: tradicionalmente, os fiéis beijam o anel ao cumprimentar o papa.

Apesar disso, conforme relatado em reportagem de Vida Nueva (publicação católica espanhola) em 2019, Francisco preferia que seu anel não fosse beijado, porque isso podia ser interpretado como um gesto de submissão. Para ele, o anel era um sinal de serviço a Deus e não de autoridade. No dia a dia, o pontífice não costumava usar o Anel do Pescador, mas um anel em prata. O símbolo do pontificado era usado em ocasiões particulares.

Foto: reprodução CNS/Reuters

Ritual e ruptura: o gesto após a morte do papa

Quando um papa morre, o Anel do Pescador é destruído pelo camerlengo diante do Colégio dos Cardeais. O gesto simboliza o fim do poder daquele pontífice e impede que novos documentos sejam selados em seu nome. Um novo anel será fundido e gravado para o sucessor, iniciando um novo ciclo.

No caso de Bento XVI, cuja renúncia foi inédita na Igreja, o anel de ouro maciço foi “anulado”, ou seja, raspado para que ficasse inutilizável, conforme informou o Vaticano.

Ao ser eleito em 2013, Papa Francisco não quis anel de ouro. Ele escolheu um anel de prata dourada, moldado a partir de um modelo antigo pertencente ao falecido monsenhor Pasquale Macchi, secretário pessoal do Papa Paulo VI (1897-1978). O desenho tem o estilo de anéis usados por papas anteriores.

A decisão se alinha ao estilo de vida que Papa Francisco manteve desde o início de seu pontificado — mais próximo dos pobres, com simplicidade evangélica e uma forte mensagem de desapego material

A autoridade do papa não vem do luxo, mas da fidelidade ao Evangelho. Ao reformular até mesmo os símbolos mais tradicionais da Igreja, ele convida o mundo a refletir sobre o verdadeiro poder do serviço.

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