Outubro é considerado o Mês do Rosário porque, desde o século XVI, a Igreja dedica esse tempo à oração mariana em memória da vitória cristã na Batalha de Lepanto, atribuída à intercessão de Nossa Senhora do Rosário. A devoção, porém, é muito mais antiga e tem origem na tradição de oferecer rosas espirituais à Virgem Maria.
Essa história, segundo a Tradição, tem sua origem ainda antes do cristianismo. Gregos e romanos coroavam com rosas as imagens de seus deuses como símbolo de oferenda e amor. A palavra rosarium, em latim, significa “coroa de rosas”.
Com o tempo, os primeiros cristãos ressignificaram esse gesto. Conta a tradição que, quando mulheres cristãs eram conduzidas ao martírio no Coliseu Romano, usavam coroas de rosas na cabeça, como sinal de alegria e entrega total a Deus.
À noite, os fiéis recolhiam as flores e, ao rezar por suas almas, ofereciam uma oração a cada rosa, formando assim uma “coroa espiritual”, o que séculos depois inspiraria o nome do Rosário.
Nos primeiros séculos da Igreja, muitos cristãos tinham o costume de recitar os 150 salmos de Davi como forma de oração. Mas, como poucos sabiam ler, a devoção foi adaptada: em vez dos salmos, passaram a rezar 150 Ave-Marias, divididas em quinze dezenas. Essa prática ficou conhecida como “o saltério da Virgem Maria” e deu origem à forma mais simples e popular do Rosário.
A substituição não diminuiu o valor da oração. Na verdade, aproximou o povo da contemplação dos mistérios da vida de Cristo por meio de Maria. Com o tempo, essa oração passou a ser enriquecida com os mistérios gozosos, dolorosos, gloriosos e luminosos, e cada dezena se tornou uma meditação do Evangelho.
A tradição dominicana afirma que, em 1208, a Virgem Maria apareceu a São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores, enquanto ele pregava contra a heresia albigense no sul da França. De acordo com essa tradição, Nossa Senhora entregou a ele um rosário, ensinou a recitá-lo e pediu que o divulgasse como arma espiritual de conversão e paz.
São Domingos atendeu ao pedido e, com o rosário nas mãos, levou essa oração por onde passou. Muitos que estavam afastados da fé retornaram à Igreja.
Ainda que esse episódio pertença à tradição devocional e não a documentos oficiais do Magistério, o fato é que os dominicanos tiveram papel decisivo na difusão dessa prática em todo o mundo católico.
Alguns séculos depois, em 7 de outubro de 1571, a história do Rosário ganhou um novo capítulo. Naquele dia, durante a batalha naval de Lepanto, as forças cristãs enfrentavam o exército otomano, que ameaçava a Europa. Papa São Pio V, dominicano, pediu a todos os fiéis que rezassem o Rosário pela vitória da cristandade.
O Pontífice interrompeu uma reunião em Roma, movido por inspiração, e anunciou que sabia que a frota cristã havia triunfado. A notícia foi confirmada dias depois pelos mensageiros. Em gratidão, Pio V instituiu a festa de Nossa Senhora das Vitórias, celebrada em 7 de outubro.
No ano seguinte, Papa Gregório XIII mudou o nome para Nossa Senhora do Rosário e fixou a data no mesmo dia, em memória da vitória alcançada pela intercessão de Maria.
Mais tarde, Papa Leão XIII, conhecido como “o Papa do Rosário”, publicou várias encíclicas, entre elas a Octobri mense, que incentivava os fiéis a rezarem o Rosário diariamente durante o mês de outubro.
Por causa dessa tradição, outubro passou a ser um tempo especial de oração mariana e contemplação dos mistérios da fé.
Cada dezena é como uma rosa espiritual oferecida à Mãe de Deus. Por isso, o Rosário é chamado de “coroa de rosas”. E cada rosa simboliza uma oração, um ato de amor e confiança colocado nas mãos de Maria, que leva ao coração de seu Filho.
São João Paulo II definiu o Rosário como “oração contemplativa, centrada em Cristo, com Maria e por Maria”. Para São Pio de Pietrelcina, “o Rosário é a arma para os tempos de hoje”.
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