Os nomes carregam muitos significados, como uma missão ou uma homenagem a alguém importante. Essas escolhas cabem aos pais ou responsáveis pela nova vida que chega. Porém, quando as pessoas crescem e seguem, literalmente, novas vidas, esse significado pode passar por uma transformação. É o caso dos religiosos, que abraçam uma missão e fazem seus votos a Deus.
A prática de escolher um novo nome ao ingressar na vida religiosa, de acordo com a Congregação, pode ser uma regra ou uma escolha. Essa mudança, considerada um marco do início de um novo caminho, tem raízes tanto históricas quanto simbólicas. A tradição está associada à ideia de renascimento espiritual e à renúncia do mundo material em prol da vida dedicada a Deus e à Sua obra.
O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 916, ajuda a compreender a mudança e o simbolismo envolvido:
“Nas situações onde um homem ou mulher decide fazer parte de uma congregação religiosa, essa pessoa vive algo mais íntimo ao Senhor, com uma vida totalmente dedicada a Deus. Na vida consagrada, os fiéis propõem‑se, sob a moção do Espírito Santo, seguir Cristo mais de perto, entregar‑se a Deus amado acima de todas as coisas e, procurando a perfeição da caridade ao serviço do Reino, ser na Igreja sinal e anúncio da glória do mundo que há de vir.”
O Concílio Vaticano II, no século XX, estabeleceu mudanças significativas para toda a Igreja. Realizado entre 1962 e 1965, promoveu uma série de reformas em prol de uma maior adaptação aos tempos modernos e uma renovação espiritual e pastoral.
Um dos novos entendimentos foi a revisão das práticas e costumes da vida religiosa. Antes do Concílio, a adoção de um novo nome era praticamente uma obrigação para os religiosos, uma forma de marcar simbolicamente sua nova vida dedicada a Deus. No entanto, com as reformas conciliares, a prática tornou-se opcional em muitas congregações religiosas.
Isso reflete uma compreensão mais contemporânea da vida religiosa, que enfatiza a importância da liberdade pessoal e da individualidade dentro dos votos de pobreza, castidade e obediência. Embora muitos religiosos ainda escolham adotar um novo nome como parte de sua consagração, a ação é feita mais com base nos sentimentos e forma de ver e entender a vida e a missão.
Para a Igreja Católica, a vocação religiosa é o chamado de Deus para uma vida de serviço e dedicação à sua obra, vivida de acordo com os votos. A escolha de um novo nome pode ser vista como um símbolo dessa entrega total a Deus e ao serviço da comunidade religiosa à qual se somam.
Com as Irmãs Carmelitas, por exemplo, o nome de consagração é escolhido com a ajuda das superioras do Carmelo e revelado à comunidade na cerimônia de entrega do Santo Hábito, no momento que a irmã faz os votos. É sempre Maria e o acréscimo de um nome Santo, como Maria Isabel e Maria Rita. Já na Ordem das Clarissas Contemplativas, a mudança de nome cabe ao sentimento e à vontade de cada uma, mas a maioria costuma também adotar um novo.
Uma observação importante é que a alteração acontece apenas de forma simbólica. No registro civil, o nome de Batismo permanece como fora escolhido.
Ao serem escolhidos, os Papas também costumam optar por novos nomes. São João Paulo II era Karol Józef Wojtyła, o Papa Bento XVI tinha Joseph Aloisius Ratzinger como nome de Batismo e Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco. Mas nem sempre foi essa a tradição.
Leia e entenda por que os Papas mudam de nome ao serem eleitos.
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