As redes sociais têm ocupado um espaço cada vez maior na vida das pessoas. Tudo o que se vive é postado, compartilhado, comentado, o que abre caminho não só para reações positivas, como também para julgamentos e intrigas.
O comportamento nas redes sociais é questionado e analisado por vários setores da sociedade, inclusive pela Igreja Católica, que no mês de maio lançou o documento “Rumo à Presença Plena”, por meio do Dicastério para a Comunicação. Dicastério é o nome para os departamentos do governo da Igreja.
O documento tem como objetivo criar uma reflexão pastoral sobre a participação dos cristãos nas redes sociais. Especialistas, professores, jovens profissionais e líderes, leigos, clérigos e religiosos fizeram parte da sua elaboração.
O documento traz 82 pontos para reflexão, em mais de 20 páginas. Para ler na íntegra, clique aqui.
O texto inicia com uma reflexão sobre o modo que nós, indivíduos e comunidade eclesial, devemos viver no mundo digital com amor ao próximo, genuinamente presentes e atentos uns aos outros, já que as redes sociais tiveram um impacto profundo nas nossas comunidades de fé, bem como nas nossas jornadas espirituais individuais.
O IDe+ destacou alguns pontos do documento. Confira a seguir:
O guia cristão chama a atenção para as muitas pessoas que são feridas pela divisão e pelo ódio no que chama de “rodovias digitais” e diz que não podemos ignorar isso.
“Não podemos ser apenas viandantes silenciosos. A fim de humanizar os ambientes digitais, não devemos esquecer quem é ‘deixado para trás’. Só podemos ver o que acontece se olharmos do ponto de vista do homem ferido na parábola do Bom Samaritano. Como na parábola, onde somos informados a respeito do que o homem ferido viu, a perspectiva dos marginalizados e feridos digitalmente ajuda-nos a compreender melhor o mundo de hoje, cada vez mais complexo”.
Além do mais, são lembrados a polarização e o extremismo dos dias atuais, dentro de um ambiente de relações pessoais cada vez mais individualistas, nas quais o sujeito se recolhe em uma bolha com filtros. As redes sociais acabam se tornando, na reflexão sugerida, um caminho que leva muitos à indiferença, à polarização e ao extremismo.
“Quando os indivíduos não se tratam uns aos outras como seres humanos, mas como meras expressões de um certo ponto de vista que não compartilham, testemunhamos outra expressão da ‘cultura do descarte’, que prolifera a ‘globalização’ – e a normalização – ‘da indiferença’. Retirar-se no isolamento dos próprios interesses não pode ser o caminho para restabelecer a esperança. Pelo contrário, o caminho a percorrer é o cultivo de uma ‘cultura do encontro’, que promova a amizade e a paz entre pessoas diferentes”.
Como orienta o documento, reconhecer o nosso “próximo digital” implica reconhecer que a vida de cada pessoa nos diz respeito, até mesmo nos meios digitais. E cita o Papa Francisco, na Laudato Si’, quando afirma que “os meios de comunicação atuais permitem-nos comunicar e partilhar nossos conhecimentos e afetos, mas às vezes também nos impedem de entrar em contato direto com a angústia, a trepidação, a alegria do outro e com a complexidade da sua experiência pessoal”. E o texto segue propondo justamente essa reflexão:
“Ser próximo nas redes sociais significa estar presente nas histórias dos outros, especialmente de quem sofre. Em síntese, defender melhores ambientes digitais não significa desviar o foco dos problemas concretos experimentados por muitas pessoas – por exemplo, fome, pobreza, migração forçada, guerra, doença e solidão. Pelo contrário, significa defender uma visão integral da vida humana que, atualmente, abrange o mundo digital. Com efeito, as redes sociais podem ser um modo de chamar mais atenção para tais realidades e construir a solidariedade entre aqueles que estão próximos e distantes”.
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