A liturgia e a tradição papal reúnem símbolos que lembram a missão do Sucessor de Pedro. Entre os itens mais conhecidos estão o Anel do Pescador, a cruz peitoral e, historicamente, a tiara papal. Cada um tem um sentido, funções práticas ou cerimoniais.
O Anel do Pescador (em latim Anulus piscatoris, em italiano Anello del Pescatore) é a joia mais característica do pontificado. O anel traz gravado, em relevo, a figura de São Pedro como pescador. A imagem remete ao episódio evangélico do chamado dos primeiros apóstolos e tradicionalmente era usado como selo para autenticar documentos papais. A cerimônia de entrega do anel ao novo pontífice faz parte dos ritos de início do pontificado.
Na história, muitos Papas usaram um anel de ouro maciço com o relevo de São Pedro. Em alguns pontificados, o anel recebeu materiais diferentes. Papa Francisco, por exemplo, utilizou um anel em prata dourada. O desenho básico, São Pedro, às vezes acompanhado das chaves, é o elemento iconográfico constante.
Finalidade e uso atual: além de seu significado simbólico (que liga o Papa a São Pedro e ao serviço pastoral), o anel tinha até a era moderna a função prática de selo. Hoje o valor é sobretudo simbólico e litúrgico, pois o anel marca a identidade do pontificado e recorda a missão de confirmar os irmãos na fé.

Imagem: reprodução Vatican News
O anel é “nulificado” ou destruído após a morte do Papa. A Constituição apostólica Universi Dominici Gregis determina que, durante a vacância da Sé Apostólica (sede vacante), o Colégio de Cardeais providencie a destruição do anel do Pescador e do lacre de chumbo usado nos documentos apostólicos, para evitar usos indevidos e selos falsos enquanto a Sé estiver vaga. Na prática, o camerlengo preside o ato de anulamento (ou destruição/nulificação) do anel na presença dos cardeais.
Houve variações práticas — por exemplo, no caso da renúncia de Bento XVI e em outras circunstâncias recentes houve adaptações —, mas a norma que prevê a anulação está consagrada no documento Universi Dominici Gregis.
A cruz peitoral é o crucifixo que o Papa e os bispos usam sobre o peito, pendente por uma corrente ou cordão. Historicamente é um sinal visível da fé (recorda o centro do cristianismo, a Paixão e Ressurreição) e, liturgicamente, faz parte das insígnias pontificais e episcopais. Lembra publicamente que o ministério se realiza “por Cristo e com Cristo”.

Cruz peitoral de prata doada pelo Círculo de São Pedro a Leão XIV no dia de sua eleição./Imagem: reprodução Vatican News
As cruzes peitorais papais variam muito segundo o estilo de cada pontífice: podem ser de ouro, prata, conter pedras preciosas ou relicários (algumas cruzes papais recentes contêm pequenas relíquias), e seu desenho é escolhido conforme a tradição e o gosto do Papa. O importante é que se trata de um objeto pessoal de devoção e de exercício pastoral.
A cruz peitoral é sobretudo um sinal de fé e de ministério visível e próximo ao coração, e em alguns casos, também assume valor devocional ao conter relíquias de santos ou referências à espiritualidade do Papa.
A tiara papal (também chamada triregnum ou coroa papal de três coroas) foi durante séculos o elemento mais reconhecível da insígnia papal. Foi usada pela última vez em uma coroação por Paulo VI, em 1963; depois disso, o Papa Paulo VI fez um gesto simbólico ao colocar a tiara sobre o altar em 1964, doando-a em seguida com finalidade caritativa, e decidiu não mais usá-la como sinal pessoal de governo.

Tiara papal que deixou de ser usada a partir do Papa Paulo VI./Foto: reprodução Santa Sé
Desde então, os papas posteriores adotaram a inauguração (e não a coroação) como forma de entrada em pontificado e o uso da tiara deixou de ser prática corrente. A decisão de Paulo VI marcou a passagem para um estilo mais simples e pastoral do pontificado.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.