Por Padre Tiago Felipe Polonha, da Arquidiocese de Curitiba
Creed é a nova franquia que deriva da famosa franquia do Rocky. Conta a história de Adonis Creed, filho de Apollo Creed. Assim como o pai Apollo, Adonis sonha em ser um campeão de boxe e é treinado pelo famoso Rocky Balboa. Nesse terceiro filme da franquia, Adonis já é um campeão e inicia o filme na sua última luta, ao anunciar sua aposentadoria.
Casado com Bianca, cantora que também abandonou os palcos após grande sucesso, e com uma vida de muito luxo e fama, agora Adonis é dono de uma academia, onde treina outros jovens que aspiram o sucesso como boxeadores. E tudo caminha muito bem até que Adonis reencontra seu amigo Damian Anderson, ex-presidiário que após dezoito anos está solto e sonha ser o novo campeão do boxe. Ao longo do filme, vamos conhecendo um pouco da relação de Damian e Adonis, que cresceram quase como irmãos num internato.
A grande temática que o filme nos propõe é o medo que Adonis tem de enfrentar seus erros do passado para poder seguir em frente. Várias vezes, ao longo do filme, Bianca o questiona, dando a impressão de que ele achou no boxe um refúgio para fugir do confronto com seus sentimentos. Agora, porém, aposentado dos ringues, esse confronto se torna necessário, principalmente pela presença de Damian.
Da mesma forma que Adonis, nós também muitas vezes tentamos fugir de nosso passado, de situações que não são muito agradáveis. Mas não tem como fugirmos de quem realmente somos. O Evangelho de João nos fala do encontro de Jesus com uma mulher samaritana no poço de Jacó, onde Jesus oferece a Água Viva para que ela nunca mais tenha sede. O primeiro passo de Jesus, quando a mulher pede “dá-me dessa água”, é confrontar o seu passado: “vai chamar seu marido!”. Esse confronto com o passado é necessário para curar as feridas e erros da vida dessa mulher.
Também em Creed III, Adonis tenta fugir desse confronto, pois a culpa e a vergonha o impedem de dar esse passo importante na vida. Mas enquanto ele foge, não consegue encontrar a verdadeira felicidade. Surgem confrontos com a esposa, com a filha, com a mãe. Surgem feridas maiores ainda. E nós? Quantas vezes ficamos carregando espinhos em nossas vidas que nos machucam, por termos medo de olharmos para nosso passado e de nos reconciliarmos com Deus e conosco mesmo?
A igreja nos oferece, principalmente nesse tempo favorável de Quaresma, a graça de nos reconciliarmos com Deus. A confissão nada mais é do que uma conversa com Deus nosso Pai, que acolhe nossa fraqueza e nos carrega no colo para livrar daquilo que nos faz mal. Tenhamos coragem de olhar para nossa vida, reconhecermos nossos erros e buscar a reconciliação com Deus. Erros passados não podem ser motivo de vergonha para nós, mas alimento para crescermos e sermos melhores. Assim como Adonis Creed no filme, que também criemos a coragem de nos levantar e lutar. E ao levantar, que a gente descubra o Deus amoroso que sempre esteve à nossa espera.
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