Para uma criança crescer e se desenvolver de maneira saudável, é fundamental a presença da família. Mas os familiares não são os únicos a auxiliar nessa formação. Em alguns casos, inclusive, a família não está presente. Quando isso acontece, a sociedade em geral desempenha um papel muito importante ao lado do Estado.
Crianças acolhidas ou em situação de acolhimento provisório (que são aquelas que estão momentaneamente afastadas do convívio com os pais ou responsáveis), não estão à deriva ou sem tutela. Pelo contrário, nesses casos, a sociedade acaba tendo um papel imprescindível na criação das crianças.
“Ela precisa ter oportunidades iguais a qualquer outra criança. De aprender na escola, conviver em igrejas, brincar em parques e praças e conviver com pessoas diferentes cotidianamente”, explica Renata Bermudez, consultora familiar e colunista do IDe+.
Todas as crianças convivem em sociedade, e nos espaços públicos é onde mais consegue-se ver a presença delas com as demais. Segundo Renata, ali ela aprende a respeitar o outro, lidar com as diferenças de opiniões, resolver conflitos sem mediadores e decidir suas questões.
“Tem que se pensar que é na infância que a criança vai desenvolvendo as habilidades necessárias para viver em sociedade depois. O ideal é que, quanto mais ambientes diferentes essa criança percorre, mais arcabouços ela vai ter. Isso permite a ela criar um banco de memórias para saber agir em diferentes situações”, completa a consultora.
Sendo assim, enquanto sociedade, é preciso enxergar essa socialização como uma maneira de crescimento e desenvolvimento infantil. Envolver a criança em diferentes atividades também pode ser uma excelente maneira de construir um ser humano mais compreensível e com habilidades distintas.
Mesmo com as crianças em situação de vulnerabilidade social, a responsabilidade social deve estar presente. Quando a pessoa trabalha em centros de referência para cuidado infantil, ela é preparada e sabe como agir. No entanto, para os indivíduos que não atuam na área, fica mais difícil saber como agir.
“Todo mundo que quer fazer voluntariado nas casas lares, ou quer adotar crianças, precisa ter consciência que isso não pode ser feito levianamente. Você não pode desaparecer, porque se você fizer isso, vai abandonar uma criança que já sofreu com isso. Ela vai se sentir abandonada novamente”, complementa Renata.
Ao mesmo tempo, isso não significa ser permissivo e aceitar todas as vontades e desejos da criança. A consultora destaca que enquanto sociedade, deve-se dar regras porque são elas que criam o ambiente de segurança para a criança.
“Ela aprende até onde pode ir. E para quem já perdeu muitas referências, os limites são novas referências de amor, carinho e presença na vida delas. Portanto, o afeto pode ser um novo desfecho para a vida dela”.
Outra forma da sociedade auxiliar na formação da criança é reduzindo preconceitos. No caso da adoção, por exemplo, é necessário desmistificar a questão genética apontada por muitos como um ponto contrário à adoção.
“Estudos comportamentais mostram que o ambiente é muito mais determinante do que a genética na formação infantil. Se a família abraça essa criança, cuida com amor e carinho, inserindo ela na comunidade que também a aceita, ela vai crescer e conviver com o que todos lhe ensinarem”.
Como sociedade, não se consegue sentar e conversar com a criança. Mas, ao inseri-la no convívio da comunidade, já começa a oportunidade de interação para a sua formação futura.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.