Gabriela Karen da Silva é a irmã mais nova dos três filhos. Quando tinha 12 anos, foi presenteada pela irmã mais velha com uma das mais belas demonstrações de confiança e amor: foi escolhida madrinha de sua primeira sobrinha, Heloísa. Na época, ela se comprometeu em uma carta a cumprir seu papel de orientar a vida cristã da recém-nascida.
Além disso, desde esse período, despertou ainda mais seu interesse de ajudar a irmã, com a qual a qual sempre teve uma relação muito boa, apesar dos 12 anos de diferença.
“Lá em casa, sempre fomos unidas em relação à criação das meninas. Eu faço questão de estar com ela em todos os momentos. Sempre ligo, pergunto como está a vida na escola, se está gostando de ser coroinha, o que aprendeu na catequese, etc. Também tento entender o que ela tem vontade, quais são seus sonhos e, principalmente, como foi o dia a dia”, disse.
Heloísa é coroinha
A relação de Gabriela com a sobrinha (e afilhada) é muito importante para o desenvolvimento da criança, explica a consultora familiar e colunista do IDe+ Renata Bermudez.
“É muito importante que todos da família próxima assumam esse cuidado com a criança. Estamos falando até de um cuidado mais braçal, muitas vezes, que inclui vestir, dar banho, levar para a escola… Esse apoio da família vai ter um papel imprescindível na saúde mental dos pais e principalmente das crianças”.
Gabriela e a afilhada, Heloisa
Renata Bermudez comenta ainda que o ser humano é diferente dos demais animais. Precisamos de acompanhamento e direcionamento dos pais por muitos anos.
“Os filhos precisam da família até os 20 anos, mais ou menos, quando tem maturidade para tocar sua própria vida, tomar suas decisões. Nosso cérebro precisa se desenvolver muito fora do útero materno e, por isso, somos muito imaturos até chegarmos à fase adulta”.
Dessa maneira, é impossível pensar que os pais conseguirão cuidar dos filhos sozinhos durante 24 horas por dia por 20 anos. Sendo assim, uma família presente faz toda a diferença.
“Tudo o que minhas sobrinhas fazem, seja uma festa de escola, seja uma apresentação na igreja, a gente sempre se comunica pelo grupo da família e, sempre que possível, todo mundo prestigia. Tentamos estar unidos para elas. Recentemente, a Heloísa teve atividade na escola na qual tinha que escrever quem era a pessoa mais legal. Ela colocou a ‘tia Gabi’. Para mim, isso foi algo muito bom, porque mostra que eu estou presente. Se ela lembrou é porque eu faço de tudo para estar ali”, completa Gabriela.
Quando a família consegue estar presente mais tempo na vida da criança, é comum que ela consiga perceber as diferenças e limites entre as pessoas que a cercam. Ou seja, ela sabe que há diferentes pessoas no mundo e que para cada uma delas há regras e possibilidades distintas.
“Quando ela convive com outras pessoas no círculo passa a entender que determinadas pessoas gostam de coisas e outras não, que as relações são diferentes. Aí ela entende que os cuidados também são diferentes e que pode confiar na família como um todo”, complementa Renata, que ainda destaca a importância da convivência com outros indivíduos para a socialização das crianças.
“É só pelo convívio com avós, tios, primos e familiares que elas aprendem a negociar, a criar relações de hierarquia e a resolução de conflitos, mesmo que façam isso brincando”.
E estar presente não é apenas na presença física. Muitas vezes, pela rotina do trabalho e da própria vida as visitas diminuem. Mas para isso também há solução e a Gabriela tem uma muito fácil. “Tem dias que eu não consigo vê-las, mas eu me faço presente. Ligo, mando mensagem, pergunto como foi a escola. Tento sempre estar presente. Em tudo o que vão fazer eu peço que me chamem e elas sempre lembram da gente. Até mesmo quando vão cozinhar alguma coisa, guardam um pedaço, contam…”.
O papel da família na criação é fundamental. No entanto, há regras e limites estabelecidos pelos pais que devem ser cumpridos por todos da família. Assim sendo, Renata afirma que é preciso respeitar os limites e regras dos pais, com algumas pequenas exceções.
“Avós e tios que não têm um contato diário podem quebrar algumas pequenas regras, desde que autorizadas pelos pais. Um sorvete no final de semana, uma brincadeira, etc. O relaxamento com alguns membros, como avós, é importante também para o desenvolvimento da criança”. Mas atenção: essa quebra de regras não deve acontecer todos os dias e isso vale para familiares próximos ou que vivem longe da criança.
Gabriela ressalta que respeita as regras que a irmã estabelece para a criança, no entanto, em alguns momentos sabe que deve conversar com ela sobre.
As crianças recebem a revistinha da Turma do Manzottinho
“Dependendo da situação eu converso com a minha irmã sobre a atitude dela. Eu posso não passar por cima delas e falar daquilo com as meninas, mas eu falo com minha irmã e digo que não achei legal”.
Essa é, segundo a consultora familiar, a melhor maneira de achar um equilíbrio.
“Nos valores a gente não pode transgredir nunca as regras dos filhos dos outros”.
Portanto, não permita coisas que os pais não autorizam nem ache que pode fazer o que eu quiser. Em situações em que os pais não estão presentes, o melhor é tentar resolver e depois conversar sobre o fato com os responsáveis, mas tentando sempre alinhar com o que você já conhece da família. “Perguntar antes resolve grande parte dos momentos como esse. Nem sempre não se pode fazer nada, mas alinhar o que fazer em momentos assim é muito mais seguro”.
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