“O Papa que tirou a Igreja da Idade Média”. A expressão é frequentemente usada para descrever São Paulo VI – um Pontífice que guiou a Igreja Católica em meio às transformações do século XX e ajudou a torná-la uma presença ativa e global na sociedade contemporânea. Canonizado pelo Papa Francisco em 14 de outubro de 2018, é lembrado como o Papa da modernidade, das grandes viagens e do diálogo com o mundo.
Paulo VI, nascido Giovanni Battista Montini, foi eleito Papa em 21 de junho de 1963, sucedendo São João XXIII, o Pontífice que havia iniciado o Concílio Vaticano II. Coube a Paulo VI a missão de conduzir e concluir o Concílio, uma das maiores transformações eclesiais do século.
São Paulo VI também ficou conhecido como o primeiro Líder da Igreja a “sair de Roma”. Em 1964, fez história ao tornar-se o primeiro Pontífice a viajar de avião, o que inaugurou uma era de presença internacional do pontificado. Sua viagem à Terra Santa, onde se encontrou com o Patriarca Atenágoras de Constantinopla, foi um gesto de aproximação com as Igrejas do Oriente, que interrompeu um silêncio de séculos.
Ao longo de seu pontificado, Paulo VI realizou nove viagens internacionais e 19 visitas dentro da Itália — algo inédito até então. Entre os destinos mais significativos estão:
São Paulo VI buscou transformar a Igreja em uma instituição com penetração global e dialogante com as grandes questões da modernidade. Ele consolidou o conceito de “nova evangelização” e propôs que a missão da Igreja deveria ser sempre renovada, especialmente nas sociedades secularizadas.
Em sua exortação apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), um dos documentos mais citados por São João Paulo II e Papa Francisco, afirmou: “a Igreja existe para evangelizar”. Com essa frase, sintetizou sua visão de uma Igreja que não se fecha em si mesma, mas que se abre para o mundo, consciente de seus desafios e riquezas.
Apesar de sua busca por modernizar a Igreja, Paulo VI manteve firme a defesa da Doutrina católica. Na encíclica Humanae Vitae (1968), reafirmou a abertura da união matrimonial à vida, contrariando pressões para que a Igreja flexibilizasse seu ensinamento sobre contracepção.
Um dos legados mais importantes de São Paulo VI foi a conclusão do Concílio Vaticano II (1962-1965), iniciado por seu predecessor. Ele liderou as quatro últimas sessões conciliares e promulgou documentos fundamentais para a vida da Igreja, como:
Sob sua condução, o Concílio abriu a Igreja ao diálogo ecumênico, ao compromisso com os pobres e com a promoção dos direitos humanos, sem renunciar à fidelidade à sua missão evangelizadora.
Um Papa santo, discreto e intensamente espiritual, São Paulo VI viveu com profunda humildade e discrição. Seu testamento espiritual, escrito em 1965, reflete sua entrega a Deus. “Levo comigo tudo o que considero bom e verdadeiro, e confio humildemente ao Senhor a minha alma”.
O Pontífice faleceu em 6 de agosto de 1978, na festa da Transfiguração do Senhor. Foi beatificado por Papa Francisco em 2014 e canonizado em 2018. Na homilia da canonização, Papa Francisco destacou:
“Paulo VI soube testemunhar, em tempos frequentemente difíceis, a beleza e a alegria de seguir Cristo”.
São Paulo VI é um modelo de santidade para o nosso tempo: um homem de diálogo, fidelidade e coragem; um Papa que lançou pontes, percorreu os caminhos da humanidade e anunciou com a vida que a Igreja deve estar sempre em saída.
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