Dia 11 de Agosto é o dia, no calendário dos santos, de celebrar a vida e o exemplo de Santa Clara de Assis, que marcou a sua época e até hoje inspira muitos católicos com seu exemplo de caridade, devoção e fé.
Clara nasceu em Assis, na Itália, em 1193. Era uma bela menina, muito inteligente, pertencente a uma família rica da cidade. Clara tinha apenas treze anos quando o jovem Francesco de Pedro Bernardone, filho de um rico comerciante de Assis, renunciou a toda sua herança, despindo as suas caras vestes e as entregando ao seu pai, partiu para uma vida de pobreza e caridade, curando doentes e reerguendo igrejas em ruínas.
Clara o admirava, conhecendo um pouco a sua história. Quando ela fez 18 anos, sua família começou a planejar o seu casamento, buscando um noivo que atendesse aos anseios sociais e econômicos da sua classe, mas Clara tinha outros desejos em seu coração. Naquele Domingo de Ramos, ela fugiu de casa para seguir Jesus. Foi então ao encontro de Francisco de Assis, na igrejinha da Porciúncula, que ele havia restaurado, em Santa Maria dos Anjos. Se juntou secretamente aos frades menores.
“Na verdade é uma troca maravilhosa e digna de todo o louvor, renunciar aos bens temporais e preferir os eternos, perder o que é terreno, para merecer o que é celeste, renunciar a um para ganhar cem e possuir para sempre a vida bem-aventurada (cf. Mt 19,29)”. (Primeira Carta de Santa Clara, 1234)
Conta a história que então Francisco, enquanto os frades seguravam tochas acesas, cortou os cabelos de Clara, como um sinal de sua entrega total a Cristo, e lhe deu um rude hábito penitencial. Ela então pronunciou os votos de pobreza, castidade e obediência, se consagrando a Ele com fervor, resistindo à oposição da família.
Em 15 de setembro de 2010 o Papa Bento XVI, em Audiência Geral, nos falou dessa forte amizade entre Santa Clara e São Francisco:
“Sobretudo no início de sua experiência religiosa, Clara teve em Francisco de Assis não só um mestre a quem seguir os ensinamentos, mas também um amigo fraterno. A amizade entre estes dois santos constitui um aspecto muito belo e importante. Efetivamente, quando duas almas puras e inflamadas do mesmo amor por Deus se encontram, há na amizade recíproca um forte estímulo para percorrer o caminho da perfeição. A amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados que a Graça divina purifica e transfigura”.
Com outras mulheres, Clara dirigiu-se para a igreja de São Damião, onde deu início à Ordem contemplativa feminina da Família Franciscana, as chamadas Clarissas.
“Ele é o esplendor da eterna glória (cf. Heb 1,13), a luz da eterna luz, o espelho sem mancha (cf. Sab 7,26). Contempla diariamente este espelho, ó rainha e esposa de Jesus Cristo. Observa nele o teu rosto para que a grande variedade de virtudes que embeleza o teu interior e exterior, seja como manto de flores, tal como convém à filha e esposa do Rei supremo. Neste espelho poderás contemplar, com a graça de Deus, como resplandece a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade”. (Quarta Carta de Santa Clara, 1253)
Pela sua intercessão, muitos milagres se realizaram quando Santa Clara ainda era viva, e outros sucederam após o seu falecimento. Com a invasão muçulmana, a região de Assis passou necessidades; as irmãs, que já eram mais de 50, não tinham o que comer. Em desespero, a cozinheira comunica à irmã Clara de Assis haver somente um pedaço de pão na cozinha, ao que Clara responde: confie em Deus e divida o pão em 50 fatias e as envie às irmãs que estavam à mesa. A irmã disse à Santa Clara, então, que somente aquele milagre do Senhor, dos cinco pães e dois peixes, tiraria cinquenta fatias do pedaço restante, mas fez o que foi pedido. O Senhor, então, multiplicou aquele pão, que rendeu cinquenta boas e grandes fatias. Essa é uma das raízes do conhecido hábito das Irmãs Clarissas de oferecer ao povo pães bentos, no dia de Santa Clara.
Em 1198, ocorreu uma invasão muçulmana a Assis, quando tentaram invadir o convento das Clarissas. Santa Clara, mesmo acamada e doente, foi até o portão de entrada. Pegou o ostensório em uma das mãos e, em lágrimas, expulsou os invasores, dizendo que Cristo era mais forte do que eles.
Quando São Francisco faleceu, em 1226, Clara quis muito ir à Missa na igreja Santa Maria dos Anjos. Não tendo condições, dada a sua enfermidade, ela entrou em oração, recebendo a Graça de assistir as imagens solenes projetadas na parede de sua cela. Segundo seu relato, ela conseguiu ver e ouvir a celebração da sua cama, recebendo, inclusive, a Eucaristia. Clara contou fatos acontecidos, detalhou palavras ditas pelo celebrante, todas confirmadas pelas pessoas que lá estiveram. Por este motivo, Santa Clara foi proclamada pelo Papa Pio XII como a Padroeira da Televisão.
Clara viveu 27 anos depois da morte de Francisco. Ela faleceu com 60 anos de idade, em São Damião, no dia 11 de agosto de 1253.
O Papa mandou enterrá-la na Igreja de São Jorge, onde São Francisco já estava enterrado. Em 1260, depois de construída a Basílica de Santa Clara, seu corpo foi transferido para lá, onde permanece.
Em 9 de agosto de 2003, o então Papa São João Paulo II falou às Irmãs Clarissas, por ocasião do 750º aniversário da morte de Santa Clara de Assis, exaltando o seu mergulho com Cristo na experiência de humildade e de pobreza radicais, que incluíam qualquer aspecto da experiência humana, até ao despojamento da Cruz:
“A data centenária oferece-vos a oportunidade de refletir acerca do carisma típico da vossa vocação de Clarissas. Um carisma que se caracteriza, em primeiro lugar, como chamada a viver segundo a perfeição do Santo Evangelho, com uma referência decidida a Cristo, como único e verdadeiro programa de vida. Porventura, não é este um desafio para os homens e para as mulheres de hoje? É uma proposta alternativa à insatisfação e à superficialidade do mundo contemporâneo, que com frequência parece ter perdido a sua identidade, porque já não sente que foi gerado pelo Amor de Deus e que é esperado por Ele na comunhão sem fim”.
Santa Clara ganhou o seu nome baseado em uma inspiração divina que a sua mãe recebeu, revelando que a filha haveria de iluminar o mundo com sua santidade. É o que a história de Santa Clara de Assis segue trazendo a todos nós: o poder da luz que seu exemplo emana, o brilho claro e vívido do seu discernimento.
No coração entregue de Clara, encontramos toda a beleza do Senhor.
Santa Clara, rogai por nós!
Clara, santa cheia de claridade,
Irmã de São Francisco de Assis,
Intercede pelos teus devotos
Que querem ser puros e transparentes.
Teu nome e teu ser
Exalam o perfume das coisas inteiras
E o frescor do que é novo e renovado.
Clareia os caminhos tortuosos
Daqueles que se embrenham
Na noite do próprio egoísmo
E nas trevas do isolamento.
Clara, irmã de São Francisco,
Coloca em nossos corações
A paixão pela simplicidade,
A sede pela pobreza,
A ânsia pela contemplação.
Te suplico, Irmã Lua,
Que junto ao Sol de Assis
No mesmo céu refulge,
Alcança-nos a graça que,
Confiantes vos pedimos.
Santa Clara, ilumina os passos
Daqueles que buscam a claridade!
Amém!
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