No século II da nossa era, havia uma grande perseguição aos cristãos por parte do Império Romano, que dominava todo o continente onde hoje é a Europa. A idolatria e as superstições tomavam conta do imaginário das pessoas, que viviam sob constante medo.
Foi nesse cenário que nasceu Quitéria, em Braga, Portugal, no ano de 120, uma das nove filhas de parto único de Cálsia Lúcia, esposa de Lúcio Caio Otílio, então governador de Portugal e da Galiza, no auge do Império Romano.
Após uma gravidez tumultuada, o nascimento de nove filhas em um único parto atiçou a superstição do homem extremamente rígido, que viu no fato um mau presságio e ordenou que as crianças fossem mortas. Ele deixou a missão a cargo da parteira Cília.
Como era cristã, ela desobedeceu a ordem terrível. Orientada por Cálcia, mãe devastada das recém-nascidas e movida pelos preceitos do amor ao próximo e da compaixão, Cília entregou as nove meninas ao bispo de Braga, Santo Ovídeo, que as batizou e as encaminhou para famílias cristãs cuidá-las.
Anos mais tarde, a verdade sobre as irmãs Basília, Eufemia, Genebra, Germana, Liberata, Marciana, Marinha, Quitéria e Vitória foi revelada. A mãe confessou tudo e o marido perdoou. Contudo, passaram então a tentar, de todas as formas, afastá-las da fé cristã. As tentativas foram todas em vão e a iniciativa acabou por provocar a fuga das meninas do palácio.
A ira do governador foi despertada e ele ordenou a busca pelas filhas. Porém, apenas Quitéria foi encontrada. Houve novo perdão por parte do pai e até uma certa tolerância dele sobre a fé da filha que retornara, mais uma vez, ao lar.
Mas a recusa dela em casar-se com o jovem nobre Germano, a quem o pai devia favores, foi a gota d’água. Lúcio Caio então condenou a morte da própria filha. O pretendente ao matrimônio foi quem lhe decepou a cabeça. Ela tinha apenas 15 anos de idade. Era 22 de maio do ano 135.
A história relata uma série de acontecimentos incomuns e intrigantes a partir de então. Conta-se que, mesmo com a cabeça decepada, Quitéria colocou-a na mão e caminhou até a cidade vizinha, onde finalmente caiu de forma serena e ali foi sepultada. Os soldados que a prenderam para o martírio ficaram cegos.
Ela passou a ser venerada como mártir e mais tarde virou santa. É conhecida como protetora das pessoas angustiadas e deprimidas e daquelas mordidas por cachorro ou que possuem a doença da raiva oriunda do gado.
Sua imagem empunha a palma do martírio e carrega a cabeça em uma das mãos. Suas vestes fazem referência às cores da bandeira de Portugal, sua pátria, em tons de vermelho e verde.
Santa Quitéria é bastante conhecida não somente em terras lusas, mas também na França e na Espanha. Sua tradição chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses e, desde então, a fé na santa mártir de Braga prosperou no território nacional.
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