Também conhecida como Santa das Rosas, Santa Rita de Cássia tem inúmeros devotos que atribuem a ela diversas graças recebidas por sua intercessão. Protetora das famílias, a Irmã Agostiniana cuidou de uma criança após o pedido de sua mãe zelosa.
A curitibana Alessandra Nicolosi, de 49 anos, atribui a Santa Rita a cura de sua filha, Larissa, que desde bem nova sempre foi muito inquieta, não dormia, chorava demais, era antissocial, não gostava de ficar em lugar com muita gente – o que a deixava seriamente preocupada.
A agitação da filha era tanta que a menina não se adaptava na escolinha nem mesmo na casa das avós. Ninguém conseguia acalmá-la. Alessandra, então, decidiu largar o trabalho para ficar em casa e cuidar de Larissa.
“Quando ela tinha três anos, mais ou menos, chegou ao ponto que ela não dormia mais à noite. Dormia muito pouco durante o dia e praticamente nada à noite, ficava querendo brincar a noite inteira como se fosse dia”, relata a mãe.
Foi então que Alessandra resolveu levar a criança a um pediatra, que, por sua vez, a encaminhou para uma neurologista, em razão da agitação. A suspeita de autismo foi cogitada. Naquela época, segundo a curitibana, pouco se ouvia falar a respeito do espectro autista.
Alguns exames foram requisitados. E o receio tomou conta da mãe, já totalmente insegura e temerosa com a situação.
“O que iam fazer? Iam tacar remédio, calmante, provavelmente, pra ela ficar quieta”, preocupou-se.
A neurologista então comentou que realmente haviam alguns fatores de comportamento que indicavam que Larissa poderia ter algum diagnóstico e que talvez tivesse que fazer muitas terapias, que provavelmente seria uma criança que não se comunicaria com clareza e tampouco se adaptaria à escola.
“Na época, eu fiquei sem chão, porque eu não sabia o que era”, desabafa Alessandra.
Ela explica que nunca foi muito de frequentar a Igreja, como faz atualmente. Mas sentiu algo diferente ao ouvir um conselho de sua mãe, que morava próximo ao Santuário de Santa Rita de Cássia. Naquela época, esclarece, a igreja era apenas uma capelinha, sem a grandiosidade de hoje.
Sempre que ia visitar sua mãe, costumavam ir juntas ao santuário, rezavam e enchiam uma garrafa com a água da fonte existente lá. E bebiam aquela água. Até que um certo dia, Alessandra conta que sentiu o coração pulsar mais forte e uma voz interna que dizia: “Vai lá na Santa e entrega Larissa a ela”. E foi justamente o que fez.
A mãe de Alessandra (esquerda) a levou ao santuário
Alessandra descreve que chegou diante da imagem de Santa Rita de Cássia e foi tomada por uma força diferente dentro de si.
“Eu entreguei a Larissa e falei: ‘Olha, minha Santa, eu não sei rezar, eu não sei nem o que falar pra senhora, mas a senhora está vendo meu sofrimento… Se for da tua vontade, se for pra curar minha filha, que cure agora. Hoje eu estou te entregando ela. Você vai ser a cuidadora pro resto da vida dela”. Alessandra se lembra de cada palavra que disse.
Com o coração cansado, pediu que suas súplicas fossem ouvidas, que curasse Larissa ou lhe desse sabedoria para entender o problema de sua filha e a ajudasse a cuidar da menina.
“Ela tomou a aguinha, colocou o pé dentro da água, fez a bagunça que fazia sempre. Voltamos pra casa da minha mãe e eu guardei isso comigo, não contei nada. Mas naquele dia, já na volta pra casa, ela já quis ir embora. E quando nós chegamos em casa, dei banho nela, dei o jantar, e não passou vinte, trinta minutos, ela capotou e dormiu a noite inteira, até o outro dia”, explica Alessandra, que chegou a suspeitar que a filha tivesse voltado doente do passeio.
A partir daquele dia, segundo a mãe, tudo mudou. O comportamento da menina passou a ser outro. Depois de relatar a melhora da filha para a neurologista, ouviu:
“Mãe, quer que eu te fale uma coisa? Faça os exames, mas eu sinto que a Larissa não tem nada, ela é muito esperta. Ela vai dar muito orgulho pra você, não se assuste”.
Foram feitos todos os exames requisitados e nada foi diagnosticado. A partir de então, as coisas realmente mudaram. No ano seguinte, Larissa entrou na escola e com cinco anos a criança já lia e escrevia, desenvolveu-se dentro da normalidade, sem vestígios de qualquer doença.
“Isso sobre Santa Rita é uma coisa que eu guardo muito no meu coração e tenho certeza que não foi em vão a minha ida naquele dia ao santuário. E como tantos milagres acontecem na minha vida, a Larissa é uma menina que é cheia de milagres. Cada dia, cada vez que eu peço pra Deus, peço pra madrinha dela, que é Santa Rita de Cássia, os milagres acontecem”, conclui a mãe grata aos feitos da santa das causas impossíveis.
O dia 22 de maio é dedicado a Santa Rita de Cássia, conhecida como padroeira das causas impossíveis e protetora das famílias e das viúvas. O que muitos não sabem, porém, é que a sua vida foi marcada pela tragédia. O marido foi assassinado e os dois filhos morreram de lepra. Isso acabou por dificultar a sua admissão em instituições religiosas.
Sem o marido e os filhos, Santa Rita passou a se dedicar à caridade, às orações e à penitência. Depois de finalmente ser admitida no Convento Agostiniano, começou a cuidar das irmãs doentes e aconselhar os pecadores. Após dois anos, surgiu um estigma em sua testa, que foi associada à Paixão de Cristo.
Rita de Cássia nasceu em 1381, na cidade Roccaporena, Itália, vilarejo que fica a 5 quilômetros de Cássia. Viveu reclusa até a sua morte, no dia 22 de maio de 1457, aos 76 anos.
Existem várias paróquias e santuários pelo Brasil dedicados a Santa Rita de Cássia. No Rio de Janeiro, a devoção chegou antes de 1700, com o fidalgo português Manuel Nascentes Pinto e sua esposa Antônia Maria, vindos em missão de Portugal. A igreja foi construída em 1721.
Em São Paulo, a primeira paróquia de Santa Rita data de 25 de maio de 1937. Na Bahia, há um município dedicado a ela. Na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, fica a maior estátua católica do mundo, dedicada a Santa Rita, com 56 metros de altura. Em Curitiba, o Santuário começou a ser construído em 1953 e, desde 1993, realiza novenas para a Santa sempre às quintas-feiras.
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