Saudade: sinônimo de tempo bom

Falando em saudade…

A saudade bate de um jeito ou de outro, dependendo da pessoa. Mas para todos ela ainda enche o peito, é como um grande suspiro.

Não precisa ser sempre triste, nem para sempre dolorosa. Não há resgate do que se foi e nem volta, mas há o afago das boas memórias. 

Saudade é uma palavra única brasileira, com vários significados, que nos tempos atuais ganha ainda outros mais. 

Saudade de viver!

A experiência de atravessar uma pandemia nos mostrou que muitas imposições são imprevistas em nosso cotidiano. Não temos domínio sobre tudo que acontece, e os desvios nos percursos podem acontecer tanto pela possibilidade de nos ajustar quanto pela necessidade de abrir mão dos planos. 

A humanidade foi convocada a lidar com restrições, com fronteiras no viver. Viver passou a ser um risco, um fator de vulnerabilidade. Circular pelos espaços, encontrar amores e despedir-se dos queridos tornaram-se atos “proibidos”. Civilização envolvida em um resguardo jamais visto. Mesmo assim, convivemos com vidas perdidas, faltas sentidas, ausências do que não pudemos viver e jamais viveremos. 

A delicadeza de cada um dos  instantes vividos nos fizeram pensar sobre o valor dos centésimos de existência. Desde os menores até os mais intensos.  Vida efêmera, breve, volátil… Intensa! 

A vida segue com saudade do que é,  de quem se foi, das coisas que jamais serão como antes, do que ainda não retomou (e nem se sabe se retomará), da rotina que ficou para trás e das incertezas do que está por vir.  Entre dúvidas e estranhamentos, ao mesmo tempo, sabe-se o que viveu… Sentimentos genuínos sentidos, bons afetos distribuídos. 

Independentemente da forma como sentimos esse sentimento, precisamos compreender que se a saudade existe é porque nos lembramos de algo que foi bom; algo de bom aconteceu. Saudade é sinônimo, portanto, de coisas boas!

Abraçar as lembranças talvez seja uma forma de atender ao desejo de querer mais, até mesmo o impossível.