Perguntamos a vocês, nas nossas redes sociais, o que é ser mãe. As respostas mais variadas surgiram, incluindo: “Missão”; “Ser e dar exemplo de amor ao próximo, ensinar e aprender todos os dias”; ‘Educar com amor nos caminhos do bem e de Deus”; “Amor verdadeiro, uma graça de Deus”; “Ser tudo o que meus filhos precisam”; “Maior alegria da vida”; “Força para viver”; “Um amor que não cabe dentro de nós”.
Sem dúvidas, todas as respostas poderiam ter sido dadas por qualquer mãe, não é mesmo? Afinal, gerar uma vida e ter a missão de Deus de cuidar e orientar os passos de um filho durante toda a sua existência é algo único.
Mas quais são os motivos que fazem com que a vida se transforme tanto a partir da chegada de uma nova vida na família? O IDe+ conversou com a psicóloga Debora Rickli Fiuza para entender mais sobre o nascimento de uma mãe.
O que acontece quando uma mulher se torna mãe?
A maternidade é, de acordo com a psicóloga, uma experiência muito potente. E não há quem discorde disso. A chegada de um filho em uma casa muda completamente a rotina e o sentido da própria vida. Além, é claro, das alterações hormonais, corporais, sociais e psicológicas.
A mãe, que até então era a filha, muda seu papel social e começa a se questionar acerca do papel que ocupa na dinâmica familiar.
“Toda essa experiência é nova e emerge muitas questões subjetivas, sentimentos como medo, idealização, projeção, expectativa, ansiedade e muitas outras implicações. Será que vou ser uma boa mãe? É uma das primeiras interrogações que surgem na gestação”, explica Debora.
Toda essa incerteza e insegurança deve ser entendida e compreendida pela rede de apoio familiar. Até mesmo quando a mulher se torna mãe pela adoção, porque o novo lugar na família suscita sentimentos ambivalentes.
A psicóloga cita o cientista Donald Winnicott, que fala sobre as alterações psicológicas que emergem na mulher ao se tornar mãe, momento ao qual ele denomina de “Preocupação materna primária”. A teoria diz que uma mãe tem sua sensibilidade aumentada, deixando-a mais identificada com o bebê, e por essa razão, desenvolve mais condições psicológicas para cuidar e atender as necessidades básicas de seu filho.
“Importante destacar que nesse momento a mãe precisa muito de um ambiente de apoio, alguém que cuide dessa mãe e a ajude nessa tarefa de maternar. Quando a mãe é cuidada e apoiada, ela se sente mais segura e confiante para encarar esse desafio. Comprometer-se com o cuidado e formação de um ser humano, não pode ser uma tarefa solitária e exclusiva da mãe. É um trabalho no coletivo”, completa.
O amor de uma mãe supera tudo
Como já comentamos, muitas das mães que interagiram conosco pelas redes sociais falaram que ser mãe é ter um sentimento único, muitas vezes inexplicável. “É um amor e dedicação sem limites”; “Um milagre de Deus na vida”; “Minha felicidade, amor, tudo na minha vida”.
Debora ressalta que o amor por um filho é um sentimento muito particular, uma experiência radical e intensa, por isso mesmo, acaba sendo um amor tão grande.
“Acredito que uma mãe seja capaz de fazer muita coisa pelo seu filho sim, é um amor tão grande que mobiliza e a coloca em movimento”.
Apesar de ser um amor tão grande, a psicóloga ressalta que é importante que a mulher continue amando outras coisas da vida, por exemplo o marido, o trabalho, etc. Isso porque, é saudável para essa mulher alimentar seus afetos e o amor pela sua própria vida, exatamente para não sentir a síndrome do “ninho vazio” quando seus filhos saem de casa.
“Mães felizes, que não se abandonam com a maternidade, são boas mães para os seus filhos”.
Maternidade real
Há muitos desafios na maternidade. Apesar de ser uma Dádiva, um presente de Deus, a missão e a jornada são repletas de desafios. Vejamos por Maria, na passagem comentada por Lucas (2, 41-52), ao qual Jesus some das vistas da mãe durante a festa de Páscoa.
“Filho”, disse-lhe a mãe, “porque nos fizeste isto? Teu pai e eu estávamos desesperados, à tua procura!”. “Mas que necessidade tinham de procurar-me?”, disse-lhes. “Não calcularam que estaria aqui no templo, na casa do meu Pai, pois preciso tratar dos seus assuntos?”. Mas eles não entenderam o que lhes dizia (Lucas, 2, 21-52).
Mesmo sabendo que Jesus estava na companhia de Deus, a preocupação de Maria era inevitável, porque a maternidade é um constante aprendizado e enfrentamento.
A maternidade real é exatamente assim, com vários questionamentos e imperfeições. “Tenho escutado mulheres que são mães e chegam no consultório com várias demandas psicológicas, cansadas, ansiosas e preocupadas se estão desempenhando bem a função de mãe. Ao ouvi-las vejo como estão comprometidas com os seus filhos, mas sofrem por desejar atingir esse ideal de mãe-perfeita. O mais interessante é que ser e existir para um filho (assumindo as suas imperfeições) é muito mais importante para o desenvolvimento emocional da criança do que parecer perfeita e buscar performar”.
Não precisamos romantizar a maternidade o tempo todo, porque não há um jeito perfeito para exercer essa função. Por isso, também é normal questionar-se sobre se está ou não fazendo o certo diante do papel. A relação mãe-filho é de troca, de transparência e muito amor, não de perfeccionismo.
“Mães erram, pais erram, filhos erram e, por conta disso, têm a chance de olhar para as suas fragilidades e aprender alguma coisa, apoiar um ao outro e seguir insistindo nessa relação de amor”, finaliza a psicóloga.
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