A palavra “sensualismo” pode ter mais de um significado. No entanto, hoje queremos refletir um pouco sobre o que se refere ao comportamento hedonista, ou seja, a busca exagerada do prazer pelo prazer.
O sensualismo é diferente daquilo que em nós é belo por si mesmo. Existe uma beleza que está no jeito de cada um: nas suas atitudes, na maneira como sorri, como olha, como dá afeto, e que naturalmente chama a atenção de quem está por perto. Mas o sensualismo tenta forçar um tipo de beleza para que prestemos atenção somente no corpo e no prazer que ele pode proporcionar aos sentidos.
Para entender melhor a diferença entre ambos, podemos recorrer aos ensinamentos da Igreja. A princípio, é explicado que essa beleza natural está intrínseca à nossa sexualidade e ela não se trata apenas de sexo. O Catecismo nos diz que:
“A sexualidade diz respeito a todos os aspectos da pessoa humana, na unidade do seu corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e de procriar, e, de um modo mais geral, à aptidão para criar laços de comunhão com outrem” (cf. n. 2332).
Com isso, as sexualidades masculina e feminina não se esgotam apenas na genitalidade dos dois sexos, mas na maneira de ser de cada um. Em outras palavras, o Catecismo nos ensina que a vivência sexual sadia demonstra sua beleza própria em várias dimensões da nossa vida. Bem como nos ajuda também a desenvolvermos relações saudáveis e santas, seja no namoro, no casamento, nas amizades, na família, etc.
Ao contrário de muitas informações distorcidas sobre o assunto, a sexualidade é um dom de Deus. Assim como todo dom, devemos usá-lo para amar com a pureza de coração. E é exatamente essa a nossa maior vocação: o amor desinteressado. Por isso mesmo, qualquer ruído que atrapalhe nossa capacidade de amar nos traz grandes prejuízos.
Primeiro: pela maneira como está sendo entendido e difundido pelo senso comum: como um instrumento que faz despertar desejos sexuais nos outros sem a participação do amor. Em outras palavras, ser sensual se tornou uma busca do prazer a todo custo tendo ele como fim e objetivo. Como mostra o Catecismo da Igreja, isso é o pecado da luxúria (cf. n. 2351). Como todo pecado, fere a dignidade humana, criada à imagem e semelhança de Deus, e animaliza seu comportamento.
Segundo: pelo fato que o sensualismo não ajuda a nos doarmos inteiramente ao outro, como Jesus se doou. Isso significa que o ruído do sensualismo vai gerar gatilhos para os desejos de satisfação pessoal – e não na realização do amor recíproco. É diferente de um casal, que sendo uma só carne, partilha um amor que é para sempre ao invés de apenas um prazer momentâneo.
Terceiro: pelo distanciamento que causa entre nós e Deus. A pessoa sem pureza de coração e que constantemente se preocupa em ser sensual tende a se afastar do amor de Deus voluntariamente. Além do mais, o pecado nunca gera em nós coisas boas, gera apenas feridas e frustrações.
Evitar o sensualismo é evitar a beleza?
Evitar o sensualismo não significa evitar a beleza natural de cada um, mas não instrumentalizar o próprio corpo ou o dos outros para a satisfação egoísta. Para isso, precisamos ter atenção.
Jesus ensinou que as más intenções saem do coração (cf. Marcos 7,15). Por isso, sempre temos que nos perguntar qual a nossa intenção em determinados comportamentos, na maneira de se vestir, de conversar, de andar, de olhar, etc.
É importante saber que existe uma alegria em sermos nós mesmos, que não precisa se preocupar em sempre querer impressionar, conquistar ou seduzir e viver livre disso nos faz muito felizes.
Quando alguém exagera em determinadas coisas significa que algo não está bem. Por isso, busque avaliar se há algum exagero no seu dia a dia: no tempo que passa nas redes sociais, nas coisas que fala, na maneira como se relaciona, entre outras posturas.
“Vigiai e orai”
(São Mateus, 26)
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