Série “Adolescência”: psicóloga orienta famílias sobre como lidar com os jovens em tempos de excesso de redes e desafios emocionais

Série “Adolescência”: psicóloga orienta famílias sobre como lidar com os jovens em tempos de excesso de redes e desafios emocionais

A minissérie “Adolescência”, da Netflix, tem provocado conversas intensas sobre os dilemas enfrentados por jovens na atualidade. Com temas como solidão, bullying, excesso de telas, ansiedade e conflitos de identidade, a produção tem sido vista por muitos pais como um alerta: afinal, o que está acontecendo com nossos filhos?

Ao contrário de discursos que culpabilizam os adolescentes ou os acusam de fragilidade, a proposta é outra: como acolher suas dores, entender seus silêncios e acompanhar essa fase de transição com empatia e presença? A questão central é: “como as famílias podem ser uma base sólida e amorosa para adolescentes que vivem um turbilhão interno?”.

Para ajudar a responder essas questões, conversamos com Giovana Bonagura Bonini, psicóloga clínica com foco no acompanhamento de adolescentes. Ela explica sobre como os pais podem se aproximar dos filhos, identificar sinais de alerta e oferecer apoio emocional de verdade — sem perder o vínculo nem invadir a privacidade.

IDe+ | Em relação à saúde mental de adolescentes, quais os principais cuidados que as famílias devem ter?

A saúde mental do adolescente é uma questão de grande importância e exige a nossa atenção, pois envolve uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, com intensas mudanças físicas, emocionais e sociais. Os familiares devem estar atentos ao desenvolvimento emocional dos filhos, promover um ambiente seguro e acolhedor. Isso inclui o oferecimento de espaço para comunicação aberta, sem julgamentos, e com demonstração de apoio incondicional. No estágio da adolescência, o jovem busca construir sua identidade (crise de identidade vs. confusão de papéis), e o apoio familiar é essencial nesse processo de autoconhecimento e diferenciação. Além disso, é importante monitorar os sinais: perceber um alto grau de estresse, ansiedade ou isolamento.

IDe+ | Você tem observado um aumento na procura de terapia com psicólogos para adolescentes?

Sim, tem ocorrido um aumento significativo na procura de terapia para adolescentes nos últimos anos, especialmente com a crescente conscientização sobre saúde mental e a redução do estigma em torno da terapia. A pandemia de Covid-19 também contribuiu para uma intensificação dos quadros de ansiedade e depressão entre os jovens, devido ao isolamento social, incertezas e mudanças abruptas na rotina. As características mais comuns observadas neste grupo quando buscam o processo terapêutico são sintomas de ansiedade, transtornos alimentares, depressão, uso excessivo de redes sociais e consumo de álcool ou outras substâncias.

IDe+ | A minissérie Adolescência, da Netflix, está em alta, com temas fortes, profundos e atuais. Você entende que o que foi retratado na minissérie é um alerta para a realidade ou algo meramente ficcional?

Sim, deve nos servir de alerta a minissérie “Adolescência”, pois aborda assuntos reais e importantes sobre os desafios dessa fase, como a sexualidade, identidade, bullying, entre outros. São fatores que, muitas vezes, os familiares não dão tanta importância, principalmente o isolamento social e o tempo excessivo em telas. Os adolescentes lidam com conflitos internos e externos para entender quem são em meio a pressões sociais. Se eles não têm exemplos de pais responsáveis e acessíveis para seguir em casa, vão buscar em outro lugar e muitas vezes podem se iludir com o discurso de pessoas mal intencionadas.

IDe+ | Como as famílias podem agir para se aproximar dos jovens e acompanhar como estão de verdade?

Uma das formas mais eficazes é por meio da comunicação empática e respeitosa, na qual os pais se dispõem a ouvir seus filhos sem julgamentos. Isso cria um ambiente de confiança e presença. Ressalto a importância de os pais se trabalharem terapeuticamente para que consigam lidar com suas próprias emoções, dessa forma terão ferramentas para estar disponíveis para as questões de seus filhos. Quando falo de presença, não significa invadir a privacidade do adolescente, mas sim demonstrar interesse genuíno pelo que ele pensa e sente.

IDe+ | Como ficar atento aos filhos adolescentes e entender sinais de alerta — sem passar do ponto em relação ao respeito à privacidade?

Observar mudanças comportamentais, como isolamento, mudanças repentinas no rendimento escolar, distúrbios alimentares ou alterações no ciclo de sono, pode ser um sinal de alerta. Os pais podem criar momentos de conversa descontraída para que o adolescente se sinta confortável em compartilhar suas preocupações. Caso seja difícil, os pais podem buscar auxílio de terapeutas familiares que realizam trabalhos incríveis na reconciliação de vínculos familiares enfraquecidos.

Dicas práticas para acolher e orientar adolescentes

Além das reflexões, a psicóloga Giovana Bonini organizou dicas práticas para as famílias de adolescentes. Confira:

Sua família

Se você tem filhos ou familiares adolescentes em casa, aproveite o momento para estreitar laços e criar um espaço seguro de diálogo. A adolescência pode até ser tempestuosa, mas com escuta, presença e afeto, também pode ser uma jornada de amadurecimento conjunta para toda a família.

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Comentários

  • Celina Guima
    Essa série é um alerta! Todos precisam assistir. Muito boas as dicas da psico

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