Série Ritos da Missa: rito da Palavra

Série Ritos da Missa: rito da Palavra Foto Felipe Gusso

Você sabe o que significa cada parte da Santa Missa? Para explicar melhor sobre isso, o IDe+ conta para você semanalmente passo a passo da celebração cristã mais importante. Desde a procissão de entrada e chegando ao significado dos objetos no altar. 

Na última semana foi contado como iniciam os Ritos da Palavra durante a Santa Missa. Hoje você aprende mais sobre as leituras, o sermão e o credo. 

Que leituras se fazem no Rito da Palavra? 

Terminada a Oração de Coleta, todos se sentam para ouvir a Palavra de Deus. É um momento muito importante e ao qual se deve ter toda atenção e silêncio, pois ali é o próprio Deus que fala ao Seu povo. Com muito zelo e cuidado, elas devem ser proferidas do Ambão, que é o Altar da Palavra. Por isso, o leitor deve ser previamente preparado para aquele momento tão sublime. 

 

 Leituras realizadas

Primeira leitura: geralmente um trecho do Antigo Testamento da Bíblia, mas algumas vezes pode ser uma leitura do Apocalipse. Normalmente seu conteúdo prefigura a vinda de Cristo. Ao final dessa leitura a assembleia responde ‘Graças a Deus’. 

Salmo: essa palavra vem do latim psalmo, que significa melodia ou música. Cada salmo é uma canção poética que compõe o maior livro da Bíblia. Ele pode ser de louvor, súplica, adoração, lamentação, ação de graças, ou pode ser profético e prefigurar o Messias, Sua vinda, Sua morte, Sua vitória e Sua glória. O salmo deve ser cantado, assim como fizeram nossos antepassados, e a resposta da assembleia é sempre o canto do seu refrão. 

Segunda leitura: É comum que seja uma leitura do Novo Testamento, pois sua intenção é relatar os ensinamentos dos apóstolos por meio de suas cartas e escritos para as comunidades cristãs. Ao final dessa leitura a assembleia responde ‘Graças a Deus’. 

Aclamação ao Evangelho: não é uma leitura, mas pode ser a recitação de um versículo bíblico relacionado ao Evangelho ou um canto de aclamação que prepare nossos corações para ouvir a Boa-Nova de Jesus. Geralmente sua composição tem como refrão o “aleluia”, palavra que significa louvai ao Senhor. Como o aleluia é uma expressão de alegria, não é usado na Quaresma, Advento, Finados e outros dias específicos, sendo substituído por uma aclamação mais adequada.

Evangelho: é o ápice do diálogo entre Deus e seu povo. Este é o momento de luz no qual se compreende o real significado das outras leituras já proferidas. Sua importância é tanta que normalmente é ladeado com velas acesas enquanto se faz sua leitura, e se houver incenso (aquela fumaça com cheiro), o diácono ou o padre toma o turíbulo (aquele objeto do qual sai a fumaça) para incensar o livro do qual será proclamado o Evangelho do dia.

Terminada a leitura, a assembleia responde ‘Glória a Vós, Senhor’. O sacerdote beija o livro e reza em silêncio. Quando houver bispo, normalmente ele abençoa a multidão com o Evangeliário (livro dos Evangelhos) e nós respondemos fazendo o sinal da cruz em silêncio. 

Foto Felipe Gusso

O sermão do padre faz parte da Missa? 

Sim, pois ele faz referência a Cristo que subia ao monte para pregar ao povo (cf. Mateus 5,1). Assim como a multidão que ouvia atentamente a pregação de Jesus, logo após ouvir as leituras, precisamos entender o que Deus quer falar por meio de seus sacerdotes, pois eles receberam essa missão do próprio Cristo (cf. Mateus 28,18-19). 

Este sermão dado durante a Santa Missa é chamado de homilia, que significa “conversa familiar” ou “conversa de família”. Ora, nós somos a família de Jesus, como Ele mesmo afirmou: “Todo Aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. ” (cf. Mateus 12,50). 

E como o significado sugere, sob a luz do Evangelho e das leituras, a homilia precisa atualizar a mensagem de Deus para aquilo que é concreto no nosso dia a dia, para aquilo que nos é familiar e íntimo. Aqui se encontra um desafio para cada ouvinte, pois tendemos a escutar as palavras que precisamos, mas ainda temos dificuldades em pautar a nossa vida nelas, principalmente nas pequenas coisas. Por isso, depois de cada homilia é recomendado que tire um breve momento de silêncio para refletir sobre a vida. 

Foto Felipe Gusso

Rezamos o Creio em todas as Missas? 

Você deve ter notado que logo que o padre finaliza a homilia, passados alguns momentos, ele convida a assembleia para rezar o Creio em Deus Pai. Também chamamos essa oração de Credo, ou de Símbolo dos Apóstolos, ou ainda de Símbolo da Fé. Por quê? Porque nessa oração está o resumo de tudo o que acreditamos enquanto católicos. Essa é a fé que recebemos dos apóstolos de Jesus e que a defendemos com a nossa vida. 

Observe que, quando o padre nos convida para recitá-lo, costuma pedir o seguinte: “professemos a nossa fé”. Professar significa declarar ou reconhecer algo publicamente. Logo, quando rezamos o Creio, estamos fazendo uma declaração pública de nossa fé, como se faz em um casamento no qual os noivos fazem votos de amor, um juramento público de carinho e fidelidade. Da mesma maneira fazemos para com nossa religião: fazemos votos de amor e fidelidade eterna. 

Todavia, se você cumpre seus votos de batizado e é assíduo na frequência a Missa, já deve ter visto uma outra versão do Creio, que parece ser mais longa e com palavras um pouco mais elaboradas. E de fato existem duas. O primeiro, que é aquele que normalmente aprendemos na catequese ou com nossa família, é um Credo que foi formulado no século I depois de Cristo.

Já a outra versão foi elaborada no século IV depois de Cristo. Esta última foi criada para combater muitas heresias que tentavam desvirtuar a fé, e eram tantas que se precisou chamar muitos concílios para discutir determinadas coisas, principalmente o Concílio de Niceia (ano 325) e o Concílio de Constantinopla I (ano 381). Desses dois concílios se originou essa nova versão do Credo, que chamamos de Símbolo Niceno-constantinopolitano. Veja só a diferença entre os dois: 

Símbolo dos Apóstolos: 

Creio em Deus Pai Todo-poderoso, criador do Céu e da Terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu na Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém. 

Símbolo Niceno-constantinopolitano: 

“Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai.

Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos Céus: e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, / para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.” 

Mas respondendo à pergunta: rezamos o Credo em todas as Missas? 

Não. Ele é rezado somente nas Missas do domingo. Já a segunda versão costuma ser rezado nas grandes solenidades da Igreja. 

 

Conteúdo publicado originalmente no Jornal do Evangelizador

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Comentários

  • Silvana da silva Gomes
    Muito bom

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