Setembro Amarelo: como acolher nos casos de pensamento em suicídio?

Setembro Amarelo: como acolher nos casos de pensamento em suicídio?

Em nosso setor do aconselhamento, recebemos alguns atendimentos que envolvem o tema suicídio. E uma observação importante a constatar é que, Graças a Deus, não está entre os mais recorrentes. Para se ter uma ideia, em 2023, de aproximadamente 11.500 atendimentos, 48 eram sobre o suicídio, ou seja, cerca de 0,42%. Se analisarmos apenas pela estatística, pode parecer um número pequeno. Mas discordo dessa posição, porque estamos aqui nos referindo a 48 pessoas que chegaram no extremo da vida, onde a saída mais plausível parecia ser a de ceifar a própria existência.

Em um passado nem tão distante, recordo que era comum dizer: “Quem se suicida está condenado ao castigo eterno”. E essa fala tem sido dita mais como uma repetição que foi se propagando de geração em geração. Infelizmente, ainda é comum essa linha de pensamento. Mesmo que o Catecismo da Igreja Católica enfatize:

2283. Não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida.

Se pensarmos que, naturalmente, o ser humano tem o instinto de autopreservação, é de se imaginar que essa realidade grave e lamentável deve ser tratada com respeito e acolhimento. Essa é a melhor forma de tratar alguém que passa por uma situação extrema, ou mesmo alguém que teve no seio familiar uma vítima. Em situações como essas, não é o momento de conselhos que muitas vezes podem agravar ainda mais a situação. Exemplos: “Não faça isso, sua família te ama”; “Deus não perdoa”; “Você é tão bonita(o), por que está pensando nisso?” É momento de colocar em prática um dom tão necessário à vida, que é “escutar”, permitir que a pessoa coloque para fora suas dores. Se ela chorar, deixar chorar – muitas vezes é o momento de limpeza interior. E então dizer para a pessoa: “Você não está sozinho(a), eu estou aqui junto de você”.

A maior satisfação que recebemos é quando, depois de todo processo de escuta, a pessoa diz: “Pode fazer uma oração para mim?” Aqui Deus se apresenta e transforma aquele coração sofrido, abrindo caminho para a esperança.

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Comentários

  • Paulo Roberto Pacheco
    Cleunice, muito obrigado pelo seu belo comentário. Deus te abençoe 🙏🏽🙌🏽
  • André Luiz Villas Bôas e Silva
    Este artigo aborda um tema extremamente delicado e importante, destacando a necessidade de acolhimento e escuta ativa quando alguém passa pelo sofrimento profundo que pode levar ao pensamento suicida. Embora os números possam parecer pequenos à primeira vista, é fundamental lembrarmos que cada vida importa e que, por trás de cada caso, há uma história de dor e angústia. A abordagem proposta, que envolve escutar com empatia e evitar julgamentos ou conselhos que possam aumentar o peso emocional da pessoa, é essencial. Como bem mencionado, frases prontas como "sua família te ama" ou "Deus não perdoa" podem, inadvertidamente, agravar o estado emocional de quem já está em um ponto de fragilidade extrema. O simples ato de ouvir, oferecer suporte e demonstrar presença pode ser transformador. Além disso, o artigo nos lembra de que, em momentos de desespero, o acolhimento espiritual, quando solicitado, pode trazer conforto e uma sensação de alívio. A oração, mencionada no texto, é um exemplo de como a fé pode ser uma fonte de esperança para muitos, mas, mais do que isso, é o gesto de estar ao lado, de ouvir e de validar a dor da pessoa que faz a diferença. Essa é uma mensagem poderosa e um lembrete de que devemos sempre estar atentos aos sinais e dispostos a acolher com amor e compreensão.
  • Cleunice
    Cadê um de nós, temos ima missão aqui na terra, vc Paulo de ajudar através da escuta. Admiro o seu trabalho e vc como pessoa. Rogo a Deus por ti e por todos que de alguma forma, estão envolvidos nessa missão, já que a minha missão aqui é interceder pelo meu próximo. Deus os abençoe.

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