Tempo de tela sem limites? Essa é a realidade da maioria das crianças brasileiras e preocupa

Tempo de tela sem limites? Essa é a realidade da maioria das crianças brasileiras e preocupa

Mais da metade das crianças e adolescentes brasileiros usa a internet sem limitação de tempo determinada por pais ou responsáveis. É o que revela uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil. Essa realidade tem atraído a atenção de famílias, escolas e de estudiosos no tema.

A rotina de pais e responsáveis é cada dia mais exigente e encontrar um equilíbrio na educação, sem o uso de telas, para muito é uma “missão impossível”. Mesmo em meio às dificuldades e apelos da atualidade, a luta para limitar o tempo de tela das crianças é comum a muitas famílias.

Na casa de Miguel Dantas, de 4 anos, a exposição às telas é limitada e negociada, como conta sua mãe, a advogada Priscila Dantas. A criança assiste à TV, em média, duas horas por dia – uma pela manhã e outra à tarde.

“Nem sempre conseguimos limitar esse tempo e também há dias que ele brinca tanto que não vê nem isso. Como ele está em uma fase bem ‘contestadora de regras’, geralmente é negociado. A noite [a permissão] pode ser um bônus para após o banho, por exemplo”, conta.

Além da definição de horários, é importante observar o que está sendo visto. Embora Miguel assista apenas aos vídeos do “YouTube Kids”, Priscila conta que precisa ficar de olho, pois mesmo com esse filtro de programação para crianças, por vezes há conteúdos com teor de violência, entre outras opções que a família não considera adequadas para uma criança da idade dele.

“É um trabalho constante de ficar de olho porque, de vez em quando, o ‘algoritmo’ manda algum desenho que não consideramos apropriado. Fora da rotina, eventualmente acontece de ele ficar muito tempo na TV, como quando recebemos amigos em casa, nas férias ou algum dia mais puxado do final de semana. Temos um celular que deixamos pra ele e usamos em viagens de carro ou avião. Mas em casa, ele usa apenas TV”, compartilha a mãe.

O que dizem os especialistas?

Para a psicóloga Juliana Guedes, as crianças passaram a depender da tecnologia para a maioria das atividades lúdicas. Isso tem impactos diretos na criatividade, no desenvolvimento motor e sensorial.

“Com o eletrônico em mãos, elas ficam incapazes de descobrir o que fazer com o tédio, encontrar formas de relaxar e estar consigo. Além disso, as telas deixam o cérebro em constante demanda, tornando as crianças mais reativas e ansiosas”, destaca.

Um estudo inédito publicado pela revista médica JAMA Pediatrics constatou que bebês de um ano, quando expostos a mais de 4h de tempo de tela por dia, apresentaram maior dificuldade na comunicação e na habilidade de resolver problemas aos 2 e aos 4 anos de idade. O consumo de conteúdos digitais também afeta o processamento sensorial, isto é, hipersensibilidade a ruídos e luzes, por exemplo.

“Já se sabe que jogos eletrônicos e plataformas de mídia social têm provocado modificações na estrutura cerebral das crianças através da ativação de certas substâncias neuroquímicas. Algumas consequências envolvem a liberação em excesso de cortisol, estimulando uma resposta de estresse, e um anseio por níveis alarmantes de dopamina”, explica a psicóloga.

A educadora e diretora da Casa Escola, Priscila Griner, pondera que lidar com o consumo excessivo de telas por crianças e adolescentes é um desafio para as instituições de ensino que, especialmente durante a pandemia, precisaram equilibrar a dependência da tecnologia “sem se tornarem reféns dela”.

“Reconhecemos a importância das tecnologias, mas é preciso encontrar um equilíbrio. Portanto, priorizamos a seleção cuidadosa de conteúdo, com planejamento e metodologia rigorosos. Por outro lado, também proporcionamos às crianças uma ampla gama de experiências que vão além do virtual, incluindo atividades que envolvem o corpo, estímulo à criatividade, interação com a natureza e imersão na arte”, afirma a diretora.

Leia mais sobre como equilibrar a rotina de crianças:

O que você achou desse conteúdo?

Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.

Aceito receber a newsleter do IDe+ por e-mail.

Comentários

Cadastre-se

Cadastre-se e tenha acesso
a conteúdos exclusivos.

Cadastre-se

Associe-se

Ao fazer parte da Associação Evangelizar É Preciso, você ajuda a transformar a vida de milhares de pessoas.

Clique aqui

NEWSLETTER

IDe+ e você: sempre juntos!

Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.