O dia a dia acelerado e as discussões constantes sobre cuidado com a mente, saúde mental, física e equilíbrio espiritual têm, de certo modo, provocado discussões sobre a importância de desacelerar, de descansar, se divertir e relaxar. Por isso, buscar esses momentos pessoais tem sido mais constante na vida de algumas pessoas. Mas esse comportamento está longe de ser um processo automático, afinal, envolve autoconhecimento para identificar o que se gosta de fazer por diversão, com leveza e desapego às exigências produtivas que já temos enraizadas em nossa rotina. Em um exercício rápido de reflexão, você consegue identificar com clareza e rapidez o que faz como hobby?
Hobby é uma atividade praticada com constância e certa dedicação. Uma atividade que instiga e traz contentamento. Conforme a psicóloga Thatyany Tonatto, pode ser feita por lazer, distração, prazer, divertimento, não obrigação ou passatempo favorito e está ligado ao nosso pilar de equilíbrio e saúde mental.
“Desenvolver atividades de hobby integra nossa saúde mental e, por isso, deve fazer parte da nossa rotina. Quando nos dedicamos a atividades agradáveis, nosso corpo libera determinados hormônios que trazem sensação de bem-estar, regulamos nossas emoções e diminuímos nossos níveis de estresse”, pondera a profissional.
As formas de relacionamento social mudaram e, por consequência, a maneira como as pessoas se divertem também. Se você ficou na dúvida se ver filmes, maratonar seriados ou jogar online são, de fato, hobbies você não está sozinho. Para a psicóloga Thatyany, muitas pessoas têm essa dúvida naturalmente.
“Se o hobby é ter um momento único para você, destinado para determinado fim, nada impede que o hobby seja maratonar uma série ou até mesmo que seja uma atividade rentável. Pode até mesmo se transformar em algum negócio próprio futuramente. A diferença está relacionada com a motivação, o que muitas vezes é diferente pelo trabalho ser uma atividade realizada obrigatoriamente e pode exigir muitos momentos de administração do ambiente profissional, dos relacionamentos interpessoais”, pondera.
Além disso, a cobrança constante de estarmos em produção, conquistando e buscando sucesso, acaba por nos tirar a sensação de lazer de algumas atividades, antes feitas como passatempo. “Por isso, é preciso refletir: quando você está consumindo esses conteúdos de streamings, jogando ou algo do gênero, você se sente entusiasmado ou cobrado? Sente prazer ou ansiedade? Se lhe causa angústia, já deixou de ser um hobby”, explica a psicóloga.
Tudo isso, segundo a profissional, está relacionado à forma como compreendemos a diversão e o lazer e, também, ao nosso conhecimento pessoal. Como sei do que gosto e insiro isso em minha rotina? Deitar e passar o dia todo no sofá é um descanso positivo ou fico mal depois por não ter aproveitado meu tempo?
O melhor caminho, nesse caso, seria experimentar. “Começar pesquisando na sua rua, bairro, cidade, o que pode te tirar da sua zona de conforto. Testar novas atividades é sempre um bom caminho: fazer uma escalada, patinar, tocar um instrumento. Tudo isso faz parte do entretenimento e permite que você se conheça. Talvez você não se realize de cara, na primeira tentativa, mas permita conhecer o novo”, adianta.
Outra dica para quem está buscando hobbies é testar atividades em grupos. “Algumas práticas são mais divertidas ou nos causam mais entusiasmo se estamos com companhia. Isso nos permite estreitar laços, criar novas relações. Inclusive, muitas opções de hobby permitem grupos como pedalar, fazer trilhas, por exemplo”.
O hobby não precisa ser feito sempre fora de casa ou em companhia. Pintar, desenhar, ler ou escrever, em casa mesmo, continuam sendo e sempre serão opções valiosas de passatempo para o corpo e a mente. Para Thatyany, o que não devemos esquecer quando pensamos em hobby é, sobretudo, nossa motivação e sensação pessoal. “Nos permitirmos experimentar novas atividades, sair da zona de conforto e sempre estarmos atentos se essas atividades nos geram sensações de prazer e bem-estar. É isso que vale. Sem comparativos ou angústias”, finaliza.
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