Cultivar alimentos em Marte pode parecer coisa de ficção científica, mas uma cientista brasileira está mostrando que isso pode estar mais próximo da realidade do que imaginamos. Rebeca Gonçalves, astrobióloga, liderou um experimento que simulou com sucesso o cultivo de tomates em condições semelhantes às do planeta vermelho. E o segredo desse feito está em uma técnica milenar utilizada pelos maias: a consorciação de culturas.
Trata-se de uma prática agrícola antiga que consiste no plantio conjunto de diferentes espécies vegetais que se beneficiam mutuamente, uma vez que têm qualidades que se complementam. No experimento conduzido por Rebeca, tomates, ervilhas e cenouras foram cultivados lado a lado para simular uma estratégia de sobrevivência em Marte.
A “terra” marciana é chamada regolito e o solo empregado no experimento foi manipulado em laboratório. Foi desenvolvido pela agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, a partir de pesquisas feitas anteriormente, com dados coletados por equipamentos que pousaram no planeta vermelho. Ficou 97% similar ao regolito de Marte, que não possui nenhum nutriente ou matéria orgânica na composição.
Os resultados impressionaram: os tomates cultivados em consorciação produziram o dobro de frutos em comparação com os plantados isoladamente. Isso sugere que a técnica pode ser essencial para futuras possíveis colônias humanas em Marte.
Rebeca e os tomates “marcianos”./Foto: reprodução Instagram @rebeca_rgoncalves
O mais importante é que os métodos desenvolvidos podem ser aplicados também na Terra, especialmente na recuperação de solos degradados e na produção sustentável de alimentos. Em um cenário de mudanças climáticas e aumento da população, soluções inovadoras como essa são cada vez mais necessárias.
O próximo passo da pesquisa é testar essa metodologia em condições ainda mais próximas da realidade marciana, como em estufas com atmosferas controladas e solo enriquecido com minerais similares aos daquele planeta.
Se os resultados continuarem promissores, estamos cada vez mais perto de tornar Marte um local habitável. Vale lembrar que o cultivo de alimentos em uma colônia fora da Terra evitaria a dependência do envio de suprimentos por foguetes.
A jovem conta que, desde a infância, tinha curiosidade em conhecer o universo, os astros, e que foi influenciada por um tio astrônomo. Formada em biologia, área pela qual tinha muito interesse, seguiu carreira como pesquisadora. Ao decidir fazer experimentos relacionados ao espaço, percebeu que há muitas formas de atuar – além de se tornar astronauta.
A experiência de Rebeca também mostra que soluções inovadoras podem surgir quando olhamos para o passado e uma técnica ancestral pode ser a chave para o futuro da exploração espacial. Quem sabe, em algumas décadas, os primeiros habitantes de Marte irão colher tomates cultivados graças ao conhecimento de uma cientista brasileira?
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