As pinturas de girassóis tinham um significado especial para o pintor holandês Van Gogh: um dos maiores nomes da arte expressionista. Como escreveu na época, as retratações da flor alusiva ao verão comunicavam “gratidão”. Mas espera aí! Essa matéria não era sobre o Transtorno Bipolar? O que Van Gogh tem a ver com isso?
Na verdade, tem tudo a ver! Isso porque o Dia Mundial do Transtorno Bipolar é celebrado em 30 de março, data de nascimento do pintor, postumamente diagnosticado como provável portador da doença. A data é uma iniciativa da International Society for Bipolar Disorders para aumentar a conscientização e a aceitação do transtorno.
Dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS) já indicavam que o problema atingia cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. O transtorno é mais frequente entre os jovens, sobretudo de 15 a 25 anos. Estima-se que a prevalência global do transtorno bipolar seja de 1%-2%, podendo chegar a 5%.
De acordo com a psiquiatra Ingrid Tinôco, o transtorno bipolar é muito confundido com a oscilação de humor durante o dia e isso passa pela banalização do termo, o que prejudica o diagnóstico.
“Trata-se de uma doença crônica, caracterizada pela alternância entre dois polos de humor, o polo negativo, que seria a depressão, e o polo positivo, que seria a mania ou hipomania”, explica ela.
Como detalha Ingrid, é preciso pelo menos 15 dias de sintomas sustentados para se caracterizar como polo negativo, a exemplo da tristeza, da falta de vontade e de interesse, alterações no sono e falta de apetite, gerando prejuízos ao indivíduo, como numa depressão comum. Já a mania se caracteriza pelo aumento da energia, euforia intensa e irritabilidade, que precisa durar pelo menos uma semana, com episódios de compras excessivas ou hipersexualização ou fanatismos.
Um dos principais fatores de risco é a herança genética. Segundo a psiquiatra, “um parente de primeiro grau pode aumentar cerca de dez vezes o risco de alguém desenvolver o transtorno ao longo da vida. Mas a causa não é única, como todos os transtornos psiquiátricos”.
O tratamento da doença, que não tem cura, inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono, a redução dos níveis de estresse e o fim do consumo de substâncias psicoativas. São elas: cafeína, anfetaminas e álcool, para citar algumas.
O Transtorno Bipolar tem alto impacto na vida da pessoa e de seus familiares, trazendo significativo comprometimento dos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas. O avanço dos medicamentos que tratam a doença diminuiu bastante o tempo que era dispendido em hospitalizações fazendo com que o tratamento domiciliar, centrado no cuidado da família e dos amigos seja de suma importância no suporte ao paciente.
A psicoterapia familiar é indicada para que pacientes e familiares consigam identificar, em suas relações cotidianas, atitudes e comportamentos que possam predispor ao desencadeamento dos sintomas.
Apesar disso, a psiquiatra destaca que não se trata de uma doença incapacitante.
“Os pacientes podem levar uma vida normal. A maioria consegue trabalhar e se relacionar de maneira tranquila e adequada”, esclarece Ingrid, que emenda com uma ressalva importante: “Isso sem abrir mão do tratamento médico, claro, e entendendo e respeitando todos os aspectos da doença.”
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