“E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus 26,26-28).
Como já escreveu Padre Reginaldo Manzotti, “a Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia. Jesus afirma que Ele é ‘o pão vivo que desceu do céu, ou seja, Ele nos diz que o Pai o enviou ao mundo como o alimento de vida eterna e por isso Ele vai sacrificar a si mesmo, a sua carne”.
A transformação do pão e do vinho que ocorre na Eucaristia é chamada de “transubstanciação”, como explicou Padre Ricardo Rubens, pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Mossoró (RN) e professor de Dogmática na Faculdade Católica do Rio Grande do Norte:
“Pela ação do Espírito Santo, através do rito sagrado que acontece pelos gestos e palavras do padre em comunhão com a comunidade orante, o pão e o vinho são transformados em corpo e sangue”.
O Sacerdote acrescenta que, embora os elementos mantenham suas características físicas externas, como o cheiro de vinho e o gosto de pão, a substância interna é transformada. Isso representa a presença real de Cristo, que se oferece como alimento espiritual para a Igreja, o povo de Deus, em sua peregrinação na Terra.
Zélia Cristina Pedrosa, integrante do Centro de Estudos Bíblicos, explica a importância desse momento para os fiéis. “A doutrina da transubstanciação é fundamental para a compreensão do significado da transformação das espécies na Eucaristia para a Igreja Católica”. Ela continua:
“O significado dessa doutrina é profundamente espiritual para os católicos. Ao receber a Eucaristia, os fiéis acreditam que estão recebendo o próprio Cristo de maneira sacramental. Isso não é uma mera representação simbólica, mas uma participação real no mistério da presença de Cristo na Eucaristia”.
A Eucaristia é o sacramento da unidade, une os fiéis católicos a Cristo e uns aos outros como membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Além disso, é considerada a fonte e o ápice da vida cristã.
Deus é indivisível, então em cada partícula do pão ou gota do vinho está Cristo por inteiro em corpo e sangue.
Pessoas que têm doença celíaca, condição autoimune crônica que resulta da intolerância permanente ao glúten, uma proteína presente no trigo e, portanto, no pão, também podem receber a Eucaristia.
Padre Heriberto Carneiro, Vigário paroquial da Paróquia de Santa Luzia, em Mossoró, explica a questão da participação de celíacos na Eucaristia:
“Somente se o fiel for totalmente impedido de comungar sob a espécie do pão, inclusive o pão parcialmente desprovido de glúten, pode comungar somente sob a espécie do vinho. Nesse caso, o celíaco deve adquirir um cálice exclusivo, igualmente, colocá-lo sobre o altar para que o vinho seja consagrado no momento propício”.
A Igreja Católica tem orientações específicas para lidar com a situação dos celíacos. Em 2003, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu uma carta que permitiu o uso de pão “sem glúten”, desde que seja produzido adequadamente e contenha os ingredientes nas proporções corretas estipuladas no documento. No entanto, o vinho não pode ser substituído, pois é parte essencial do Sacramento.
A Igreja busca garantir que todos os fiéis possam participar plenamente do mistério da Eucaristia e toda a vida de fé e em comunidade, com acolhimento e adequações das suas necessidades físicas. A pessoa que comunga só do vinho (em situações de exceção), não comunga só o sangue, mas o Cristo por inteiro.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.