Por Padre Tiago Felipe Polonha, da Arquidiocese de Curitiba
Mês de agosto, quando nossa Igreja dedica suas orações para as vocações, celebramos alguns dias bastante importantes. Na primeira semana, ao rezar pelas vocações sacerdotais, celebramos o Dia do Padre. Na segunda semana, quando rezamos pelas vocações familiares, celebramos o Dia dos Pais. Ao celebrar a Assunção de Nossa Senhora no dia 15 de agosto, celebramos a vocação religiosa na terceira semana. Encerramos a última semana do mês rezando por todas as vocações leigas, e celebrando o Dia do Catequista.
Para comemorar o mês, principalmente a semana da Família na Igreja, não poderíamos deixar de homenagear nossos pais. Por isso, hoje nossa reflexão é sobre grandes pais de nossa cultura pop/geek dos cinemas. Figuras importantes nas vidas dos protagonistas das histórias, vamos meditar o que esses pais do cinema nos ensinam para nossas vidas.
Claro que não poderíamos iniciar uma reflexão sobre os pais sem citar talvez o pai mais famoso das animações, o nosso Rei Leão Mufasa. É o maior símbolo de paternidade porque nos ensina sobre responsabilidade, amor, perda e sacrifício. Desde o primeiro momento do filme, Mufasa se mostra um pai amoroso. Mesmo com todas as responsabilidades do reino, ele acompanha seu filho, ensina como a vida funciona e mostra que não tem medo de arriscar tudo por sua família. É icônico o diálogo onde o jovem Simba diz: “eu só queria mostrar que sou corajoso como o senhor” e Mufasa responde: “hoje eu tive medo de perder você!”.
Imponente em todas as suas aparições, talvez uma das cenas mais famosas do cinema seja o sacrifício que Mufasa faz para salvar seu filho. Quando a manada de gnus corre no desfiladeiro, Mufasa não pensa duas vezes, corre contra a correnteza para salvar seu filho e faz isso com maestria. No final dessa cena todos sabem o que acontece, por causa de um plano diabólico de Scar. Mesmo após sua morte, Mufasa continua a ser presença constante na história de Simba, durante sua fuga, seu exílio com Timão e Pumba e seu retorno triunfante para assumir seu lugar como rei.
Mufasa nos lembra de tantos pais que são exemplos de amor e sacrifício para seus filhos. Pais que doam as vidas para oferecer o melhor às suas famílias. Quantos pais saem de madrugada e voltam à noite, enfrentando difíceis jornadas de trabalho para oferecer dignidade à sua família? Esse legado de luta e sacrifício não é esquecido jamais.
O que falar sobre um pai que cruza todo o oceano para buscar seu filho perdido? Marlin com certeza é um dos pais mais queridos do cinema. Um peixe-palhaço que vivia em uma anêmona do mar, num recife de corais, que junto a sua esposa acaba de ter centenas de filhos, mas vê seu lar ser atacado por uma barracuda impiedosa. De uma hora para outra, todo seu sonho é destruído ao ver sua esposa e seus filhos serem devorados, restando apenas um filhotinho a quem deu o nome de Nemo. Claro que, com todo o trauma que Marlin passou, não poderia ser diferente: virou um pai medroso e superprotetor.
O pequeno filhote, com sede de conhecimento e aventura, queria desbravar o mar e não aceitava as ordens impostas pelo pai. É assim que Nemo acaba capturado por um pescador e levado para um aquário. Nesse momento, Marlin deixa de lado todo seu medo e enfrenta os perigos do mar, fazendo de tudo para resgatar seu filho. Depois de perder toda sua família, Marlin não desiste do único filho sobrevivente e enfrenta águas-vivas, tubarões e grande escuridão, mas nada tira a certeza que estará unido novamente ao seu filho.
Marlin nos faz lembrar de tantos pais que não poupam esforços para ter seus filhos próximos. Mesmo enfrentando o luto e a perda, mesmo sendo superprotetor, Marlin entende o processo de amadurecimento de seu filho e está disposto a enfrentar qualquer jornada para protege-lo e amá-lo.
Fugindo um pouco do óbvio, trago como terceiro exemplo um pai que não aparece muito ao longo do filme e que muitos nem sabem o nome, mas ainda assim é um exemplo de pai a ser seguido. Fa Zhou é um homem sábio e muito rígido, seguindo as tradições da China imperial. Aparece logo no início do filme, após Mulan ser dispensada pela casamenteira, consolando a filha, que se sentia deslocada e insuficiente. Fa Zhou poderia simplesmente ter rejeitado a filha, tê-la castigado pela confusão que criou, mas sentou-se ao lado dela, permitiu o silêncio e o choro e depois a consolou com a célebre frase: “a flor que desabrocha na adversidade é a mais bela de todas”.
Ao ser convocado para guerra, Fa Zhou, com todos seus problemas e idade avançada, quer servir com honra ao seu país. Porém, Mulan se disfarça de homem e toma o lugar do pai na guerra. Mais um motivo de desonra para essa família tão tradicional. Fa Zhou faz a única coisa possível para salvar sua filha: se põe em oração, mostrando que existia alguém mais forte que ele para cuidar dela. Ao fim do filme, quando Mulan volta para casa como vencedora, carregando os símbolos imperiais para “honrar a família Fa”, Zhou diz simplesmente a frase mais bela de todo o filme: “minha maior honra e glória é ter você como filha”. Fa Zhou lembra de tantos pais que querem ensinar o melhor caminho para seus filhos e confiam na força da fé para sustenta-los em suas trajetórias. Ele nos lembra que o amor muitas vezes se manifesta de modos diversos e, mesmo no seu silêncio e rigidez, esses pais estarão sempre dispostos a acolher as dores dos seus filhos e torcer pela sua felicidade.
Assim como os exemplos citados, poderíamos estender esse artigo com tantos outros exemplos: Beto Pêra dos Incríveis, Shrek, Gru do Meu Malvado Favorito, Geppeto do Pinóquio, James da Princesa e o Sapo, e muitos mais. Mas indiferentemente do pai escolhido para essa meditação, queremos somente deixar essa breve homenagem a esses homens que fazem de suas vidas uma doação de amor, dedicação e sacrifício para suas famílias. Seja enfrentando seus medos como Marlin; seja quebrando a rigidez para acolher as dores dos filhos como Fa Zhou; ou como um exemplo de coragem e justiça como Mufasa, vocês serão sempre lembrados pelo amor que dedicam a nós.
Deus os abençoe!
O Rei Leão
Rob Minkoff e Roger Allers, 1994
Infantil/musical – 1h28
Disponível em Disney+
Procurando Nemo
Andrew Stanton, 2003
Aventura – 1h41
Disponível em Disney+
Mulan
Tony Bancroft e Barry Cook, 1998
Infantil/musical – 1h28
Disponível em Disney+
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