Fé e ciência podem se encontrar no “cosmos”? Sim! Georges Lemaître, Sacerdote e cosmólogo belga, tem uma obra reconhecida internacionalmente e mostra como isso pode acontecer.
Na quinta-feira (20), Papa Francisco recebeu, na Sala dos Papas no Vaticano, os participantes da II Conferência do Observatório Astronômico Vaticano (Specola Vaticana), dedicada a Lemaître. O evento, que abordou temas como buracos negros, ondas gravitacionais e questões espaço-temporais, foi uma celebração do diálogo entre a ciência e a espiritualidade.
“O valor científico do Sacerdote e cosmólogo belga foi reconhecido pela União Astronômica Internacional, que decidiu que a conhecida Lei de Hubble deveria ser chamada mais apropriadamente de lei de Hubble-Lemaître”, comemorou Papa Francisco, ao destacar a importância da contribuição de Lemaître para a cosmologia moderna.
A renomeação é um tributo ao trabalho pioneiro do belga, que demonstrou que o universo está em expansão, uma ideia revolucionária que alterou a compreensão da origem e evolução do cosmos. Durante a conferência, realizada em Castel Gandolfo, o Pontífice agradeceu aos cientistas presentes e destacou como as suas pesquisas são importantes e que devem buscar atender às necessidades das pessoas.
“Nesses dias, vocês discutem as últimas questões colocadas pela pesquisa científica em cosmologia: os diferentes resultados obtidos na medição da constante de Hubble, a natureza enigmática das singularidades cosmológicas (do Big Bang aos buracos negros) e o tema muito atual das ondas gravitacionais”.
Com essa fala, o Papa exemplificou que a Igreja observa e também promove tais pesquisas, pois elas “abalam a sensibilidade e a inteligência dos homens e das mulheres de nosso tempo.”
Georges Lemaître foi um grande cientista e um exemplo de vida dedicada à busca de conhecimento e à fé. “O seu percurso humano e espiritual representa um modelo de vida com o qual todos nós podemos aprender,” observou Francisco. A trajetória do Sacerdote belga mostra que a ciência e a fé podem caminhar lado a lado, sem conflito.
Nascido em 1894, inicialmente estudou engenharia para atender aos desejos de seu pai. Com a I Guerra Mundial, teve que servir e testemunhou os horrores do conflito. Após a guerra, seguiu então sua vocação sacerdotal e científica, ingressou no seminário e posteriormente estudou física e matemática. Obteve um doutorado em Física na Universidade de Louvain e continuou seus estudos em Cambridge, sob a orientação de Arthur Eddington.
Em 1931, o sacerdote cientista propôs a teoria do “átomo primordial”, mais tarde conhecida como Teoria do Big Bang. Suas ideias foram inicialmente recebidas com ceticismo, mas com o tempo ganharam aceitação e transformaram a cosmologia. Até mesmo Albert Einstein foi influenciado por seus estudos.
No discurso de São João Paulo II à Pontifícia Academia das Ciências, em 1979, quando os cem anos do nascimento de Albert Eistein foram celebrados, o Papa citou palavras de Lemaitre:
“Precisaria a Igreja da ciência? Certamente que não, a cruz e o evangelho bastam-lhe. Mas ao cristão nada de humano é alheio. Como poderia a Igreja desinteressar-se da mais nobre das ocupações estritamente humanas: a busca da verdade?”
Lemaître foi o primeiro cosmólogo teórico a ser nomeado para o Prêmio Nobel de Física, em 1954, por sua previsão do universo em expansão. Ele também foi nomeado para o Prêmio Nobel de Química de 1956 por sua teoria do átomo primordial.
Ocupou diversos cargos na Pontifícia Academia das Ciências. Em 1960, chegou à presidência da instituição. Foi assessor pessoal do Papa Pio XII.
O cientista morreu em 20 de junho de 1966, em Lovaina, aos 71 anos, em decorrência de uma leucemia. Foi sepultado no Cemitério de Marcinelle, em sua cidade natal.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.