A fé em traços. No último sábado, 21, o grupo Urban Sketchers Curitiba se reuniu para retratar o icônico Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e de Jesus das Santas Chagas, lugar tão importante para milhões de pessoas. Localizado na Praça Senador Correia, no Centro de Curitiba (PR), a construção se destaca não apenas como um ponto de referência arquitetônica, mas como um símbolo de encontro com Deus para fiéis de todos os lugares.
O Santuário, que também é a sede da Associação Evangelizar É Preciso – da qual o portal IDe+ faz parte – tem um papel central na vida da cidade. Fica junto ao Terminal do Guadalupe, onde diversos ônibus da região metropolitana têm seus locais de parada final na capital paranaense.
A Igreja representa uma pausa de serenidade no meio do caos urbano. Entre tantas pessoas que vêm e vão, cercadas de angústias ou mesmo na correria do dia a dia, ela está lá de portas abertas para quem precisa de acolhimento, transformação ou ajuda. Por isso, não poderia existir lugar melhor para ser retratado e, assim, eternizado.
De acordo com Simon Taylor, desenhista, designer gráfico e um dos coordenadores do grupo, o Urban Sketchers (USk) é uma comunidade internacional que nasceu há pouco mais de 15 anos e que tem, no mundo todo, mais de mil grupos. No Brasil, são aproximadamente 30 USks. No Paraná, o USk Curitiba iniciou seu movimento em junho de 2015.
Para participar da comunidade, não é necessário se inscrever, nem passar por algum tipo de seleção. Também não há pagamento de taxas. A intenção do USk é a diversão:
“Pra se divertir, não pode ter burocracia”, define Simon. “Então, é assim: não precisa de nada a não ser um lápis e um papel e um banquinho”, declara.
A única regra é que o desenho deve ser de observação, feito naquele local e no momento do encontro.
Pelas redes sociais, a construção urbana a ser observada é divulgada com alguns dias de antecedência e as reuniões são sempre aos sábados, no mesmo horário, das 15h às 17h. Para uma pessoa participar, é muito simples:
“É só chegar no lugar, se juntar com o pessoal e desenhar da maneira dela, com o material dela, que ela vai ser bem aceita. É divertido, a gente dá risada, conhece a cidade juntos”, explica Simon.
Quando chega o horário de encerramento, todos se reúnem e dispõem os desenhos no chão, ação que chamam de “Exposichão”, com a finalidade de apreciar o que os demais participantes fizeram. Por último, é feita uma “foto oficial” do grupo.
“O importante não é o resultado final, é o fazer”, conclui ao afirmar que o melhor de tudo é viver a experiência.
Como a maioria dos desenhistas utiliza cadernos e os guarda no decorrer de anos, esse material se transforma numa espécie de “diários gráficos”, que representam momentos de suas vidas também. Por meio deles, cada desenhista pode relembrar o que viveu naquele dia, o que conheceu, com quem conversou, o que aconteceu de inusitado. São recordações de vivências.
A escolha dos locais a serem retratados é bastante aleatória, vai de pontos icônicos até construções pitorescas, é tudo muito livre. O grupo também avalia sugestões e aceita convites para desenhar. A definição cabe aos quatro coordenadores do USk Curitiba. São avaliadas questões como receptividade, espaço adequado para o grupo se acomodar, segurança, bem como se o ponto apresenta possibilidades de desenhos interessantes, que satisfaçam os observadores.
Engana-se quem acha que o USk é para artistas ou pessoas que saibam desenhar. O que basta é gostar de desenhar. Por isso, qualquer pessoa que deseja se juntar ao grupo será bem-vinda.
O evento, que faz parte da rotina semanal do Urban Sketchers Curitiba, é uma oportunidade para apreciadores do desenho de observação capturarem a essência desse oásis arquitetônico por meio de suas aquarelas, esboços e fotografias. O grupo pode contar com artistas, designers, artistas plásticos, arquitetos, ilustradores, estudantes e também desenhadores amadores.
Em suas reuniões regulares aos sábados, o grupo se dedica a retratar espaços arquitetônicos históricos, muitas vezes negligenciados e destacar a riqueza visual que geralmente passa despercebida aos olhos do público. Ao documentar a cidade pela arte, os desenhistas valorizam sua arquitetura e cultura. Também promovem a apreciação da arquitetura e cultura locais e contribuem para a preservação da memória da cidade.
Mayuni Taguchi, aquarelista nascida em Kobe, Japão, que estará com uma exposição artística individual de 10 de novembro a 9 de dezembro no Museu Casa Alfredo Andersen (Curitiba) contou para o IDe+ que a experiência foi incrível. Na opinião da artista japonesa, que está há seis meses no país, os brasileiros são calorosos e gentis. Ela se sentiu feliz por ter compartilhado bons momentos com pessoas maravilhosas e agradeceu pelo convite para participar do grupo.
O arquiteto Fernando Popp, que tem entre seus trabalhos os projetos do Memorial da Cidade e a Casa da Memória em Curitiba é um dos participantes do Urban Sketchers Curitiba. Quanto à reunião no Santuário de Nossa de Guadalupe e de Jesus das Santas Chagas, afirmou:
“É uma experiência incrível porque é um ponto – uma igreja – um ponto tradicional da cidade, super conhecido e é fielmente nosso foco de trabalho, é esse. E é, inclusive, comparado com as outras igrejas, é uma igreja com uma arquitetura bem diferente, que vale a pena a gente documentar.”
Fernando Popp ainda abriu seu caderno de desenhos (sketchbook) para o IDe+, veja no vídeo a seguir.
Quer ver outros desenhos do USk Curitiba? Acesse:
As fotos de Ari Lopes da Rosa você confere AQUI.
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