Quase todo mundo conhece alguém que tem fixação por internet e vive conectado, seja no celular, notebook ou tablet. Difícil não ter alguém no convívio que passa a maior parte do tempo checando redes sociais, postando fotos, fazendo ou lendo comentários, enviando mensagens… Não há problemas de gostar do mundo virtual. O que não é legal é ter um comportamento obsessivo. A dependência de internet pode, sim, ser um transtorno psicológico e requer cuidados. E os adolescentes estão entre os mais suscetíveis ao vício.
Essa “mania” de ficar o tempo todo com o celular na mão, checando sites e postagens aleatoriamente, sem conseguir deixar o aparelho parado por muito tempo, mesmo que não tenha chegado mensagens ou notificações, pode ser sinal de que algo está passando do ponto – ainda mais se a pessoa não é profissional que trabalhe de modo virtual.
O surgimento das redes sociais só tem intensificado esse comportamento viciante. Nesses paraísos artificiais, todos são felizes e belos, viajam muito, comem pratos exuberantes, possuem corpos de acordo com padrões estéticos… Quem não possui ou não posta esses atributos, mesmo que fakes, fica de fora, abrindo espaço muitas vezes para a depressão em algumas pessoas.
Mas afinal, existe uma medida certa? Qual é o limite entre uma simples navegada mais longa e a dependência? O vício em internet pode ser entendido como um transtorno psicológico de compulsão, semelhante ao que acontece com o uso de substâncias lícitas ou ilícitas, pornografia, jogatina, entre outros vícios, independentemente de idade, como alerta a psicóloga Giovana Bonini.
“Esse comportamento compulsivo pode levar a uma perda de controle em relação ao uso da internet, o que pode prejudicar significativamente a vida pessoal e profissional do indivíduo. Todos os vícios se caracterizam justamente pela falta de limites”, comenta a psicóloga.
A profissional aponta alguns sinais gerais que podem ser observados como vício em internet, que incluem:
Se você conhece alguém que apresenta esses comportamentos, é bom alertá-lo ou alertá-la para procurar ajuda profissional. E rápido!
Os distúrbios e transtornos psicológicos podem ser ativados, de forma involuntária, pelos chamados “gatilhos” – que são eventos ou situações capazes de desencadear comportamentos compulsivos ou impulsivos em relação ao uso de algo, incluindo a internet.
A psicóloga Giovana Bonini explica que os gatilhos podem variar de pessoa para pessoa e cita exemplos comuns como estresse, tédio, solidão, ansiedade ou até mesmo o fácil acesso à internet.
Para evitar ser acionado pelos gatilhos, é importante identificá-los e elaborar um plano de ação. Ela indica algumas estratégias que podem ser úteis:
O comportamento compulsivo pode levar a uma perda de controle, levando a pessoa a priorizar o uso da internet em detrimento de outras atividades importantes. Isso pode resultar em problemas de saúde, como insônia, dor de cabeça e problemas de visão, além de sintomas de ansiedade, como irritabilidade, inquietação e nervosismo, quando o acesso à internet é limitado ou impossibilitado. Na vida pessoal, a compulsão pode levar a uma diminuição do interesse por atividades que antes eram prazerosas e/ou importantes, bem como a problemas de relacionamento e de interação social.
Além disso, o abuso da internet pode levar a uma quebra do equilíbrio emocional, o que pode levar a problemas como depressão e ansiedade. No âmbito profissional e escolar, a necessidade de estar sempre online pode levar a uma diminuição no desempenho e na produtividade, já que a pessoa passa mais tempo navegando na internet do que trabalhando ou estudando.
O Transtorno do Jogo pela Internet (DSM -5) e a Dependência de Videogames (CID-11) são associados aos Transtornos Não Relacionados a Substâncias; portanto, possuem essencialmente como características o abuso, a dependência, a tolerância e a abstinência. Assim como outras formas de compulsão, a dependência de internet pode gerar crises de abstinência. A retirada da fonte do vício pode causar sintomas físicos e emocionais que incluem irritabilidade, ansiedade, insônia, dores de cabeça, sudorese e tremores. Esses sintomas podem ser bastante intensos e levar a dificuldades significativas no dia a dia. Além disso, em casos mais graves, a dependência de internet pode levar a comportamentos agressivos ou impulsivos durante as crises de abstinência.
Sim. Isso acontece porque as redes sociais estimulam a comparação social, a busca constante por validação e a pressão social em manter uma imagem perfeita. Quando as pessoas se comparam aos outros constantemente ou se sentem excluídas daquilo que é apresentado nas redes sociais, pode-se desenvolver sentimentos de inadequação, baixa autoestima e ansiedade. Além disso, o uso excessivo de redes sociais pode levar a uma série de consequências indesejáveis, como o aumento da ansiedade e do estresse, diminuição da produtividade e do sono, bem como impactos na saúde física e mental. De acordo com alguns estudos, os adolescentes podem ser mais vulneráveis ao vício em determinadas substâncias, pois seus cérebros ainda estão em desenvolvimento e, portanto, mais sensíveis a mudanças em sua química e estrutura.
Além disso, fatores sociais e emocionais, como pressões sociais ou problemas de relacionamento, também podem contribuir para o vício em adolescentes. Em suma, o perfil mais vulnerável para o uso excessivo de redes sociais inclui pessoas menos resilientes e imaturas emocionalmente. É importante lembrar que cada caso é único e pode apresentar sinais específicos. A identificação precoce dos sinais de vício em internet pode ajudar a evitar consequências mais graves e reverter o quadro. É recomendado procurar um profissional de saúde mental como o psicólogo ou o psiquiatra para avaliação e tratamento adequado.
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