Uma vocação é um chamado de Deus para a vida das pessoas. É a oportunidade de cumprir os propósitos estabelecidos por Ele e que devem ser cumpridos por nós. Desde 1981, o mês de Agosto, no Brasil, é o período em que a Igreja Católica celebra o Mês Vocacional.
O primeiro domingo foi destinado a celebrar a vocação sacerdotal. O segundo, que coincide com o dia dos pais, tem como objetivo apresentar a vocação familiar. No próximo domingo é a vez de entender e rezar pela vocação religiosa.
Mas o que é essa vocação?
A vocação religiosa, às vezes confundida com a vocação sacerdotal, faz referência às pessoas que se consagram a Deus por meio de votos religiosos. Eles podem ser relacionados à pobreza, obediência e castidade e mudam a forma como o mundo é construído. Isso porque os religosos buscam tornar a sociedade melhor e mais próxima dos ensinamentos de Deus.
Portanto, quando falamos em vocação religiosa, estamos falando de homens e mulheres que dizem SIM às vontades de Deus, entregam suas vidas para servir às Suas vontades.
Foi exatamente o que aconteceu com a vida da Irmã Zélia Garcia Ribeiro, que aos 30 anos, quando cursava a faculdade de Farmácia, ouviu o chamado de Deus em sua vida.
“Durante um retiro de silêncio e adoração, eu escutei Deus falando comigo. Levei um susto, porque eu não estava preparada para ser uma religiosa. Eu sempre soube que Deus tinha algo para mim, mas não imaginava que era essa vocação”, conta.
Irmã Zélia Garcia Ribeiro faz parte da Congregação da Copiosa Redenção
Integrante da Congregação da Copiosa Redenção há quase 25 anos, a Irmã ainda disse que não teve dúvidas do chamado. “Deus falou comigo. Eu sempre soube que Ele me chamaria para algo e quando isso aconteceu, Ele me deu coragem para renunciar tudo e viver essa experiência”.
O chamado na vida da Irmã Karen Danielle Klaczek foi antes. Enquanto se preparava para o vestibular, no último ano do Ensino Médio, ela conheceu duas irmãs da Caridade Social.
“Senti algo diferente dentro de mim. Senti-me atraída pelo Carisma da Caridade Social e pela vida da fundadora Beata Hildegard Burjan. Me identifiquei, porque sempre as pessoas em situação de pobreza e sofrimento despertavam em mim o desejo de ser presença do amor de Deus. Participei de encontros e retiros vocacionais e, depois, senti que Deus me chamava para ser Irmã. Iniciei um processo de discernimento vocacional e decidi deixar meus projetos pessoais”.
A Irmã Karen Danielle Klaczek integra as Irmãs da Caridade Social, de Guarapuava – Paraná
Apaixonada por Deus e Nossa Senhora, até o chamado de Deus para sua vocação religiosa, Irmã Zélia fazia tudo o que uma jovem fazia: ia a festas, saia com amigos, namorava. Mesmo nestes ambientes e situações, sempre estava conectada a Deus.
“Eu sabia que tinha uma vocação, só não imaginava qual. Eu tinha uma marca de Deus em mim, que ele selou desde pequena. Foi um chamado tão forte que não ficou nenhuma dúvida. Deus falou em meu coração, para mostrar a beleza da vocação dEle”, conta Irmã Zélia.
O mesmo aconteceu com a Irmã Karen. Enquanto ela foi se aprofundando na espiritualidade e nos conhecimentos da Consagração, continuou seus estudos acadêmicos e se formou em Pedagogia.
“Por meio da missão, cheguei a conhecer mais de perto o sofrimento e a dor de muitos irmãos. Sobretudo, me tocou profundamente a realidade de violência entre jovens. Neles vi o rosto do Cristo Sofredor a me falar para seguir em frente, seguindo-O com mais radicalidade e colocando a minha vida inteira a serviço dos irmãos”.
Depois de confirmar a vocação, as duas irmãs se consideram 100% felizes e realizadas por serem religiosas da Igreja, participarem de missões, evangelizarem e agirem em prol de toda a comunidade que a cercam.
“Tudo o que eu faço para Deus ainda parece pouco para o que Ele me ofereceu e confiou a mim. A gratidão em meu coração é enorme, porque Deus me pediu para fazer e eu fiz tudo o que pude para cumprir as vontades dEle”, afirmou Irmã Zélia.
Durante as celebrações da Páscoa de 2018, o Papa Francisco, em uma mensagem, lembrou a importância de ouvirmos as vocações e os chamados divinos. O Pontífice refletiu sobre três conceitos primordiais para que compreendamos as vocações: “escuta, discernimento e vida”.
As palavras de Francisco revelam a necessidade de compreender a Palavra de Deus e sermos capazes de escutar Seus chamados.
“O chamado do Senhor não é evidente, como tantas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração”.
Por isso mesmo, o Pontífice reforçou a necessidade de estar atento aos sinais do Espírito Santo e abertos aos Seus direcionamentos.
E o Papa reforçou: “cada um de nós pode descobrir a própria vocação através do discernimento espiritual. Hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, para superar as tentações da ideologia e do fatalismo. Todo cristão deveria desenvolver a capacidade de ler os acontecimentos da vida e identificar o que o Senhor quer de nós, para continuarmos a sua missão”.
“Ser Irmã significa para mim, uma entrega confiante nas mãos de Deus, que me chamou, me consagra e envia para ser sinal do Seu amor misericordioso aos irmãos mais necessitados. A cada dia anseio compreender quais são as necessidades e realidades que sou convidada a aproximar-me e servir”, disse Irmã Karen.
Irmã Zélia completa as palavras do Pontífice dando duas dicas para as pessoas que estão sentindo suas vocações e estão com dúvidas sobre como agir.
A primeira delas é rezar para escolher a sua vocação. “Eu orei muito a São José”, conta.
A segunda é dar um passo, sem medo, para viver a experiência da vocação religiosa ou sacerdotal. Segundo ela, é possível, por meio da experiência, ter mais claridade sobre qual é a sua vocação, descobrir o lugar que ocupamos no mundo e qual, nas palavras dela, jardim vai florescer e transparecer a Glória de Deus.
Ao vivenciar a experiência, tanto no seminário quanto no convento, você poderá ser livre para viver aquilo que realmente é chamado por Deus. “A vida na experiência vai lhe ajudar a não errar na sua vocação, porque há pessoas com sabedoria para ajudar no seu direcionamento e a escolher o melhor caminho para sua missão”, finaliza Irmã Zélia.
Para auxiliar na compreensão das vocações, Irmã Karen também se dedica na formação de novas Irmãs e acompanhamento vocacional de jovens. “Ajudo a compreender qual é a vontade de Deus em suas vidas e no acompanhamento espiritual”.
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