Os Mandamentos da Lei de Deus, ou Decálogo, são as dez frases que o próprio Deus escreveu em tábuas de pedra, conforme o relato do livro do Êxodo (Capítulo 20) e do livro do Deuteronômio (capítulo 5). Essas tábuas ficaram conhecidas como Tábuas da Aliança, pois elas revelam o caminho que Deus propõe para que o homem se liberte da escravidão do pecado e O ame.
1º Mandamento
Amar a Deus sobre todas as coisas
2º Mandamento
Não tomar Seu santo nome em vão
3º Mandamento
Guardar domingos e festas de guarda
4º Mandamento
Honrar pai e mãe
5º Mandamento
Não matar
6º Mandamento
Não pecar contra a castidade
7º Mandamento
Não furtar
8º Mandamento
Não levantar falso testemunho
9º Mandamento
Não desejar a mulher do próximo
10º Mandamento
Não cobiçar as coisas alheias
Você conhece o primeiro mandamento na prática: “Amar a Deus sobre todas as coisas”? E quem nos ensina como fazer isso é o próprio Jesus.
“A minha comida, disse Jesus, é fazer a vontade d’Aquele que me enviou” … (João 4,34).
Sendo assim, a maior prova de amor que podemos dar é fazer a Sua vontade. Mas como? Simples: amando Jesus e seguindo Seu Evangelho, pois quem O ama guarda Suas palavras (Cf. João 14,24). Podemos amar a Deus e cumprir com as palavras de Jesus nas pequenas coisas do dia a dia, como quando somos pacientes com aquelas pessoas mais difíceis para nós, quando perdoamos aqueles que nos ofenderam, quando fazemos a caridade com os mais necessitados, por exemplo.
Já o contrário do primeiro mandamento é o “amor de si mesmo até o desprezo de Deus” (Santo Agostinho-Civita Dei 14,21). Isso acontece quando colocamos o desejo pelo poder, pelo prazer e pelas posses acima do amor.
Por exemplo: quando usamos nosso cargo ou status para humilhar alguém, quando não nos importamos com o sentimento das pessoas, quando não somos solidários com a dor do próximo e não estendemos a mão, mesmo podendo ajudar.
Por fim, amar a Deus e seguir Jesus pode se resumir também com o seguinte versículo:
“O mandamento que Cristo nos deu é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão” (1João 4,21).
Foto: Gilmer Diaz Estela/Pexels
Você já deve ter ouvido essa frase… Mas como seria na prática exatamente?
Do número 2145 até o 2159, o Catecismo da Igreja Católica ensina que todo fiel deve dar testemunho do nome do Senhor, confessando a sua fé e sem ceder ao medo. Ele também diz respeito a todo uso inconveniente do nome de Deus, dos santos, da Igreja e das coisas sagradas.
A blasfêmia (insultar a dignidade do Sagrado) é uma atitude grave, principalmente quando contra Deus são ditas palavras de ódio, ofensas, desafios, piadas, ou qualquer tipo de abuso de Seu nome para justificar comportamentos errados.
O Catecismo ainda ensina que não se deve fazer um uso “mágico” do nome de Deus, como quando é invocado em simpatias, práticas supersticiosas ou ainda para resolver questões fúteis.
“Juro por Deus”
Também é ofensivo, usando o nome d’Ele, jurar ou fazer alguma promessa que não seja verdadeira. O nome do Senhor é muito especial e sagrado, não é mesmo? Por isso, devemos guardá-lo, zelá-lo. Vamos sempre empregar nas suas próprias palavras para bendizer, louvar e glorificar (Cf. CIC 2143).
Foto: Wallace Chuck/Pexels
“Guardar domingos e festas de guarda” é o Terceiro Mandamento de Deus. E como os cristãos o interpretam? O domingo é o dia em que Jesus ressuscitou. Em diversos relatos bíblicos vemos como a Igreja primitiva respeitava e guardava esse dia: Jo 20,19-23.26; At 2,1; At 20,7; 1Cor 16,2; Ap 1,10.
A perspectiva cristã entendeu que o antigo sábado dos judeus era uma figura do verdadeiro repouso que fluiremos na presença de Deus (cf. Hb 4,3-11). Ou seja, no dia sem fim, no domingo que nunca acaba, no Dia do Senhor (Domini dies).
Fora da Bíblia, inúmeros são os testemunhos que comprovam a santificação do domingo pelos primeiros cristãos: Didaqué [96 d.C.] (Did. 14,1), Plínio [séc.II d.C.] (governador da Bitínia – Ad Traj. X, 96,7), Sto. Inácio de Antioquia [~100 d.C.] (Magn. 9,1), S. Justino Mártir [153 d.C.] (1Apol. 67,3,7), Constituições Apostólicas [séc. III], entre outros.
O Catecismo da Igreja Católica, nos números 2184 e 2185, ensina que:
A instituição do Dia do Senhor contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente, que lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa.
Aos domingos e outros dias festivos de preceito, os fiéis não devem se ocupar com trabalhos e negócios que afastem a alegria própria do Dia do Senhor, a prática das obras de misericórdia ou o devido repouso do espírito e do corpo. É tudo uma questão de equilíbrio e a Bíblia nos mostra isso: como é importante organizar o tempo para que todos os nossos pilares (Deus, família, trabalho, amigos etc.) sejam vividos.
A partir de comentários neste post, fizemos uma atualização sobre o 3º mandamento. O texto é assinado pelo teólogo Paulo Pacheco, supervisor de orientação espiritual da Associação Evangelizar É Preciso.
SHABAT (SÁBADO) OU DIES DOMINI (DOMINGO DIA DO SENHOR)
Sempre bom o questionamento feito por nossos leitores e todos que buscam o conhecimento de nossa doutrina Cristã Católica. Mas vamos lá! Nossos irmãos da Religião Judaica, realmente tem o Sábado (Shabat), como o dia do Senhor, conforme as Escrituras Sagradas, com uma linda narrativa em tom poético em Êxodos, que diz:
“Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.
Êxodo 20:8-11
Mas em que momento ocorreu essa mudança? Antes de responder precisamos ter o conhecimento que a Igreja Católica baseia a sua doutrina por meio das Escrituras Sagradas (Sola Escriptura), Tradição e Magistério. A partir desse conhecimento fica mais fácil entender que o Domingo, tornou-se o dia o dia do Senhor, inclusive o nome Domingo vem dessa experiência Pascal Dies Domini (Dia do Senhor). Portanto, não existe nenhum dia mais Santificado do que esse, pois é o dia que Jesus vence a morte através da Ressureição:
Amedrontadas, as mulheres baixaram o rosto para o chão, e os homens lhes disseram: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do que ele disse, quando ainda estava com vocês na Galileia: ‘É necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, seja crucificado e ressuscite no terceiro dia’ “. Então se lembraram das palavras de Jesus.
Lucas 24:5-8
Com isso, a tradição religiosa judaico-cristã naqueles primórdios, a partir da Sabedoria Apostólica não teve problema algum de colocar o Domingo como o dia Senhor, para que toda comunidade possa adorá-lo.
Foto: Agung Pandit Wiguna/Pexels
Esse mandamento é bastante falado e de que maneira podemos vivê-lo no dia a dia? O Catecismo da Igreja Católica, do número 2197 ao 2257, explica que esse mandamento se refere ao dever de honra que temos com nossos pais biológicos, mas também com todos os que foram revestidos de autoridades sobre nós, como nossos professores, tutores, chefes, governadores, entre outros.
O respeito por este mandamento proporciona, com os frutos espirituais, os frutos temporais da paz e da prosperidade.
O dom da paternidade e da maternidade tem origem divina, e honrando os pais, honraremos a Deus em primeiro lugar. Por isso, a postura que devemos ter com eles deve ser de muita caridade, respeito e obediência.
Isso inclui ter atitudes de perdão, paciência, cumprimento com as regras da casa, ajuda nos afazeres domésticos e prestar a devida ajuda material e moral nos anos de velhice ou quando precisarem, principalmente quando essa ajuda for para questões de saúde: física, mental ou espiritual.
Foto: Cleyder Duque/Pexels
O Catecismo da Igreja Católica, do número 2258 ao 2330, explica que a vida humana é sagrada porque ela é ação criadora de Deus e nos mantêm numa relação especial com Ele. Só Deus é senhor da vida, desde o seu começo até o seu fim.
Por isso, a Igreja considera pecado grave cometer ou apoiar, direta ou indiretamente, o aborto, a eutanásia, os homicídios voluntários, tráfico, corrupção, a falta de assistência e socorro aos vulneráveis, por exemplo.
O suicídio é um pecado grave contra o amor. Mas perturbações psíquicas, a angústia e temor de algum sofrimento são circunstâncias que podem diminuir a responsabilidade de um suicida. Cabe a nós rezar e pedir a misericórdia de Deus por essas almas.
É pecado atentar contra a vida e contra o amor, se expor a condições de risco (na terra, no mar, no ar) ou em alta velocidade. Igualmente é atentar contra a vida se entregar aos abusos de bebida, comida, medicamentos, etc. Por fim, também é grave expor alguém ao pecado ou ferir sua dignidade.
Não pecar contra a castidade é o 6º mandamento. E você sabe o que significa? O Catecismo da Igreja Católica, no número 2335, diz: “o sexo masculino e feminino, com igual dignidade, embora de modo diferente, são imagem do poder e da ternura de Deus”.
Isso significa que a sexualidade é dom divino e foi dada para cada pessoa numa ordem que a realiza e santifica. Ela se refere não apenas aos órgãos reprodutores, mas a pessoa inteira em todas as suas dimensões.
Como a sexualidade é um dom, devemos direcioná-la para o amor. A maneira de fazer isso é pela castidade, que não se trata apenas de se resguardar, mas de amar com a totalidade de si.
Como a castidade é sinônimo de amor, peca contra ela toda forma egoísta de buscar o prazer pelo prazer, como, por meio do sexo fora do casamento, da pornografia, prostituição e infidelidade nos relacionamentos, por exemplo. O casal aberto para o amor é aberto para a vida e para o desejo de gerar filhos.
Foto: Michelle Leman/Pexels
O sétimo mandamento é sempre muito atual: proíbe tomar ou reter injustamente o bem do próximo e prejudicá-lo nos seus bens. Ele fala sobre o respeito ao destino universal dos bens, o direito à propriedade privada.
E quando esse mandamento não é obedecido? Quando alguém pratica o roubo, não devolve coisas emprestadas ou perdidas por outras pessoas, comete fraude no comércio, paga salários injustos, cobra valores abusivos, quem pratica ou colabora com corrupção, fraudes, falsificações e desperdícios diversos.
São João Crisóstomo também ensinou que: “não fazer os pobres participar dos seus próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida” (Catecismo da Igreja Católica n. 2446).
Por isso, é um ato de justiça não desperdiçar nada e doar a quem precisa o que nos sobra, mas é ainda mais importante praticar a caridade e dividir tudo com as outras pessoas, mesmo que não tenhamos em abundância.
Foto: Allan Mas/Pexels
Em tempos de “fake news”, o oitavo mandamento ganha ainda mais destaque. Pois é sobre verdade, confiança, responsabilidade em relação às consequências e também o cuidado com o outro.
Esse mandamento diz respeito ao tipo de relação que devemos ter uns com os outros, pois sem a confiança no que é verídico, não seríamos capazes de viver bem em sociedade. Não procurar o devido esclarecimento das coisas é uma imoralidade e isso toca também a religião, pois quem não está em comunhão com a verdade, não está em comunhão com Deus (cf. João 1,6).
Peca contra o oitavo mandamento quem faz alguma afirmação pública contrária à verdade, ou seja, quando levanta um falso testemunho. Também é pecado dizer o que é falso com a intenção de enganar que, em outras palavras, significa mentir.
Além disso, temos culpa ao apontar um defeito moral alheio sem provas suficientes, destruir a reputação e a honra do próximo por meio de calúnia ou revelando seus pecados e fraquezas indevidamente.
Um grande exemplo que pode induzir a todos esses pecados são as notícias falsas. Muitas vezes, elas surgem por motivos de interesse, ganância, adulação, vanglória, manipulação da opinião, para difamar alguém ou falta de compromisso com o bem coletivo e a verdade.
Qualquer falta cometida contra a justiça e contra a verdade implica o dever da reparação, pública ou em segredo. E uma dica sempre válida é: busque fontes confiáveis e compartilhe apenas a justiça e o bem.
Cottonbro/Pexels
Não desejar a mulher ou marido do próximo é o nono mandamento. O desejo vem do coração e o Catecismo da Igreja Católica, do número 2514 ao 2533, explica que toda pessoa é feita de alma e corpo. Mas algumas tendências acabam por causar certa contrariedade entre essas duas dimensões, que são chamadas concupiscências, ou seja, ambições desmedidas e exageradas pelo prazer, pelo poder e pelas posses.
Por exemplo: a alma humana almeja o amor gratuito, mas a concupiscência do prazer pede por mais e mais doses de satisfação e, cedendo a esse anseio, conduz a práticas egoístas, como a infidelidade e vícios, por exemplo.
Para corrigir esse comportamento a pessoa precisa, com o uso da inteligência e da vontade, purificar o coração das más intenções, afim de que a alma seja livre para amar de forma sincera e desinteressada.
Do coração procedem as más intenções, os assassínios, os adultérios, as prostituições (Mateus 15,19). Isso inclui, obviamente, desejar a esposa ou o marido de outra pessoa.
Esse tipo de maldade do coração deve ser combatido e para isso podem ser utilizados muitos meios, como a busca de ajuda psicológica, direção espiritual com um sacerdote ou religioso, a maior frequência aos sacramentos, leitura bíblica e oração, tomada de atitudes para se evitar a ocasião de cair em tentação, se afastar de algumas pessoas que inspiram o mal comportamento, etc.
É lícito desejar ter coisas que realmente necessitamos, desde que adquiridas de forma honesta. É possível admirar algo que alguém conquistou e querer também atingir um objetivo parecido sem desejar que aquela pessoa não tenha e sem querer ter exatamente aquilo que ela tem, como está no 10º mandamento.
Quando cobiçamos bens materiais exageradamente podemos acabar querendo o que pertence a outra pessoa. Ao sentimos certa tristeza quando alguém tem algo que não temos ou desejamos nos apropriar daquilo de forma desmedida, isso se torna, segundo o Catecismo da Igreja Católica no número 2539, o pecado da inveja.
Mas apesar de ser causadora de muitos males, não devemos confundir os efeitos de possível inveja dos outros com a nossa própria falta de virtude ou esforço. Jesus propõe a pobreza de coração e o desapego aos bens terrenos como a maneira mais sensata de se relacionar com as posses deste mundo, pois o maior tesouro que devemos cobiçar é o amor do próprio Deus (cf. Mateus 5,3; 6,21; Lucas 14,33; 21,4; Marcos 8,35).
Além disso, a Divina Providência vem em socorro a tudo aquilo que precisamos para sobreviver, desde que confiemos no Pai como verdadeiros filhos e nos esforcemos para colaborar com a graça (cf. Mateus 6,24-34).
Foto: Andrea Piacquadio/Pexels
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